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Foto: Divulgação
Festival Lugar de Mulher é no Cinema premia Rastricinha Dornelis e reafirma a urgência da representatividade trans no audiovisual brasileiro
De 23 a 27 de julho, Salvador será palco de uma revolução sensível, plural e urgente. O 8º Festival Lugar de Mulher é no Cinema celebra o cinema feito por mulheres cis e trans, travestis e pessoas não binárias, reconhecendo trajetórias que desafiam estruturas e reinventam formas de narrar. Nesta edição, o festival inaugura o Prêmio Sol Moraes — uma homenagem à produtora e cineasta baiana que há mais de 30 anos constrói pontes entre cultura, educação, feminismos e negritude.
E é justamente uma figura que traduz esse espírito transformador quem recebe a primeira edição do prêmio: a cineasta travesti Rastricinha Dornelis.
Rastricinha é uma potência em movimento. Negra, travesti, periférica, artista forjada na resistência, ela tem ressignificado o audiovisual brasileiro com uma obra provocadora e profundamente sensível. Sua escolha como homenageada é simbólica, política — e absolutamente necessária. Ao reconhecer sua trajetória, o festival amplia a visibilidade das muitas Rastricinhas que ainda enfrentam exclusão, preconceito e silenciamento nos bastidores do cinema.
"A gente vê essa representatividade em outras dissidências, mas ainda falta visibilidade para pessoas trans no audiovisual. Rastricinha representa essa potência que une inovação estética, inteligência criativa e impacto político. Ela tem conquistado espaço pelo seu talento e, além disso, abriu caminhos como ex-diretora da APTA, buscando garantir que outras pessoas trans também tenham acesso ao fazer cinematográfico. Ela não quer ser a única — quer ser uma entre muitas. E isso a torna fundamental", destaca Hilda Lopes Pontes, diretora e roteirista, idealizadora do Festival Lugar de Mulher é no Cinema.
Cineasta desde a adolescência, Rastricinha iniciou sua trajetória aos 16 anos em uma oficina popular do Grupo Arco-Íris, no Rio de Janeiro. De lá para cá, atuou como roteirista, atriz, diretora e produtora — fundando a Nohite Produções, sediada em Macaé. Em sua trajetória, destaca-se ainda como presidenta da APTA – Associação de Profissionais Trans do Audiovisual, articulando redes, ocupando espaços políticos e promovendo formação para garantir que o audiovisual seja um território de pertencimento e criação para a população trans.
“O cinema sempre foi meu aliado para lutar contra as dores de ser uma travesti, de ser pobre. Sempre foi uma janela pela qual eu sonhei um mundo onde eu seria feliz. E agora, vivendo essa premiação — num mundo onde a gente mata a minha população cotidianamente — isso vem para me deixar em paz, para me abraçar, para dizer que eu mereço estar viva e que eu mereço fazer audiovisual”, afirma Rastricinha, emocionada.
A premiação celebra não só sua trajetória, mas também sua produção atual. Em 2024, Rastricinha lança duas ficções — incluindo Parla Italiano, com estreia marcada para o dia 13 de agosto, no Festival Marieta, em São Paulo — além da animação A Lua em Tempestade, co-dirigida com Fernanda Chazan e Renan Figueiredo Rodrigues.
Com o Prêmio Sol Moraes, o Festival Lugar de Mulher é no Cinema reitera seu papel de afirmação e transformação. “Rastricinha carrega em sua trajetória a força de quem transforma feridas em narrativas, exclusão em linguagem, marginalidade em centralidade. Premiá-la é afirmar que o audiovisual brasileiro precisa ser múltiplo, insurgente e representativo”, conclui Hilda Lopes Pontes.
Mais do que um troféu, o prêmio é um gesto simbólico e afetivo de valorização da diversidade e de uma estética dissidente que está moldando o presente e o futuro do cinema nacional.
Realização e apoio
O 8º Festival Lugar de Mulher é no Cinema é uma realização das produtoras Salamandra Produções, Olho de Vidro e Favelacult Produções, com apoio do Edital Gregórios Ano IV (Fundação Gregório de Mattos / Prefeitura de Salvador), da PNAB – Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, do Ministério da Cultura e do Governo Federal.
Programação:
A cerimonia de abertura dia 23/07 será no Museu Geológico da Bahia, no bairro da Vitória
Quarta-feira – 23 de julho de 2025
Museu Geológico da Bahia – MGM
• 18h00 – 19h30 | Cerimônia de Abertura
• 19h30 – 22h00 | Festa de Abertura
Quinta-feira – 24 de julho de 2025
Boca de Brasa Centro
• 08h00 – 10h00 | Oficina - Dia 01
• 10h30 – 12h00 | Mesa: Captação de Recursos no Mercado Audiovisual
Museu de Arte Moderna da Bahia – MAM
• 14h00 – 16h00 | Sessão Matinê 01
Sexta-feira – 25 de julho de 2025
Boca de Brasa Centro
• 08h00 – 10h00 | Oficina - Dia 02
• 10h30 – 12h00 | Mesa: Por Trás da Câmera – Iluminação, Gaffer e Maquinaria do Cinema
Museu de Arte Moderna da Bahia – MAM
• 14h00 – 16h00 | Sessão Matinê 02
• 17h15 – 18h00 | Sessão Luas 01
• 18h30 – 19h15 | Sessão Luas 02
• 19h45 – 20h30 | Sessão Raízes 01
Sábado – 26 de julho de 2025
Boca de Brasa Centro
• 08h30 – 10h00 | Masterclass: Elaboração de Projetos de Animação
• 10h30 – 12h00 | Mesa: Produção para Animação e Games
Museu de Arte Moderna da Bahia – MAM
• 17h30 – 18h30 | Sessão 03 Luas
• 19h00 – 20h30 | Sessão Raízes 02
Domingo – 27 de julho de 2025
????Museu de Arte Moderna da Bahia – MAM
• 15h00 – 16h30 | Mentoria Trajetórias
• 17h00 – 19h00 | Filme Homenageada - Neusa Borges
• 19h00 – 20h00 | Premiação
• 20h00 – 22h00 | Festa de Encerramento
Serviço
Quando: 23 a 27 de julho de 2025
Onde: Salvador (BA) – MAM, Espaço Boca de Brasa Centro, Boca de Brasa 360, Museu Geológico, UFBA
Entrada gratuita
Por Doris Pinheiro