
Mais que uma brincadeira, a ludicidade em ambiente hopsitalar é um direito garantido / Foto: Divulgação
Brinquedoteca transforma rotina de crianças internadas no HU-UFS
Um
ambiente hospitalar mais leve, acolhedor e cheio de cor. Assim tem sido
a experiência de crianças internadas no Hospital Universitário da
Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS), vinculado à Empresa Brasileira
de Serviços Hospitalares (Ebserh), graças a um projeto de extensão
desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Sergipe (UFS). A
iniciativa amplia o acesso a atividades lúdicas na brinquedoteca da
unidade, com impacto positivo na saúde emocional dos pequenos pacientes e
de seus familiares.
O projeto, aprovado em junho pela Pró-Reitoria de Extensão da UFS, tem como foco a humanização da assistência hospitalar. A proposta é capacitar estudantes de cursos da área da saúde para atuarem junto às crianças hospitalizadas, ampliando o horário de funcionamento da brinquedoteca e oferecendo uma programação diversificada. Entre as atividades estão contação de histórias, oficinas de arte, brinquedos instrucionais, além de sessões de cinema e teatro.
Para
as crianças que não podem se deslocar até a brinquedoteca, o hospital
também encontrou uma solução. “Temos um catálogo itinerante que
visa atender as crianças impossibilitadas de utilizar o espaço da
brinquedoteca”, explica Rosemar Mendes, enfermeira da Divisão de Gestão
do Cuidado do HU-UFS.
De acordo com o psicólogo da Unidade de Atenção Psicossocial, Jakson Cerqueira, a ludicidade reduz os efeitos negativos da hospitalização, proporcionando momentos de repouso e alívio para a criança e para os pais. Ele destaca que essas ações ajudam a transformar a percepção sobre o hospital, que “deixa de ser visto como um local de dor e sofrimento e passa a ser reconhecido também como um espaço de vida, recuperação da saúde e interações humanas positivas”.
“O brincar é a ocupação principal da criança, não é um mero passatempo. Ao brincar, ela coloca em exercício o estágio sensório-motor e aprende ação e reação”, afirma o psicólogo, ao ressaltar a importância das atividades lúdicas no processo de desenvolvimento e recuperação infantil.
Acolhimento de mães e filhos
Para
as mães, o espaço também se tornou um importante ponto de apoio
emocional. Iranildes Moura, mãe do pequeno Heitor, de quatro anos, que é
autista, destaca a importância da brinquedoteca para o bem-estar do
filho. “Só tenho a agradecer ao hospital universitário, que acolheu meu
filho e que faz com que ele fique um pouco mais calmo e brinque. As
crianças e as mães se sentem acolhidas na brinquedoteca”, garante.
Jaile Silva, mãe da paciente Brenda Gabriela, também vê no projeto um alívio em meio à internação. “O espaço é muito agradável, uma sala de distração e entretenimento para as crianças enquanto estão internadas. Aqui elas têm aquele momento para poder vir brincar e interagir com outras crianças, com as mães e com as tias da salinha”, relata.
Direito garantido por lei
A iniciativa segue uma série de marcos legais que asseguram o direito ao brincar mesmo em ambientes hospitalares. A brinquedoteca do HU-UFS atende à Lei nº 11.104/2005, que determina a obrigatoriedade desse tipo de espaço em hospitais com atendimento pediátrico, e à Resolução nº 41/1995 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), que trata dos direitos da criança hospitalizada à recreação.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a Declaração dos Direitos da Criança da ONU/UNICEF e, mais recentemente, a Lei nº 15.145/2025, que instituiu o Dia Nacional do Brincar, reforçam o reconhecimento do brincar como um direito fundamental da infância.
Por Ailton Rocha