Foto: Divulgação/Embrapa
Embrapa lança na Agrizone Plataforma de Saúde do Solo
Foi lançada nesta segunda-feira (17), na Agrizone – Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa, durante a COP 30, em Belém (PA), a Plataforma Saúde do Solo BR: solos resilientes para sistemas agrícolas sustentáveis. A cerimônia ocorreu no Auditório 1 (acesse aqui a gravação) e marcou a apresentação oficial da tecnologia desenvolvida pela Embrapa, que reúne, pela primeira vez, informações sobre a saúde dos solos brasileiros em um ambiente digital e de acesso público.
Na abertura, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá (primeira à esquerda na foto, ao lado da pesquisadora Ieda Mendes), destacou o simbolismo de apresentar a Plataforma dentro da Agrizone. “A Agrizone é o começo de uma nova jornada. Estamos mostrando para o mundo inteiro, de forma concreta, que temos tecnologia para desenvolver uma agricultura cada vez mais resiliente às mudanças climáticas”, afirmou. Para ela, o lançamento reforça o protagonismo do Brasil como líder global em soluções sustentáveis para a agricultura e os sistemas alimentares.
A Plataforma disponibiliza dados de saúde do solo por estado e município, reunindo atualmente informações de cerca de 56 mil amostras, provenientes de 1.502 municípios de todas as regiões do País. “Essa ferramenta foi construída a partir da geoespacialização dos dados da BioAS – bioanálise de solos”, explicou a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda Mendes. O sistema permite filtros por estado, município, ano, culturas e texturas de solo, além de comparações entre diferentes culturas agrícolas. “Também gera mapas e gráficos baseados nas funções da bioanálise como ciclagem, armazenamento e suprimento de nutrientes”, acrescentou.
Saúde do solo e produtividade
Os primeiros mapas produzidos apontam que predominam no Brasil solos saudáveis ou em processo de recuperação. “Somando solos saudáveis com solos em recuperação, vemos que 66% das áreas analisadas apresentam condições muito boas de saúde e apenas 4% das amostras representam solos doentes”, afirmou Ieda. Entre os estados, o Mato Grosso lidera o número de amostras (10.905), seguido por Minas Gerais (9.680), Paraná (7.607) e Goiás (6.519). O município com maior participação foi Alto Taquari (MT), com 1.837 amostras.
A pesquisadora também destacou a forte relação entre saúde do solo e produtividade. No Mato Grosso, a integração de dados da BioAS com índices de produtividade do IBGE revelou que o aumento na proporção de solos doentes está diretamente associado à queda na produção de soja. “Cada 1% de aumento em solos doentes representa uma perda média de 3,1 kg de soja por hectare”. Em contraste, análises exclusivamente químicas não mostraram correlação com a produtividade atual, sinal de que o limite produtivo da agricultura brasileira está cada vez mais ligado à saúde biológica dos solos.
Ieda ressaltou ainda a participação dos produtores rurais na construção da ferramenta. “Temos contribuições que vão do Acre ao extremo sul do Rio Grande do Sul. Ter um trabalho publicado em revistas técnicas é muito bom, mas ver uma tecnologia sendo adotada em todo o Brasil é maravilhoso”, comemorou. Segundo ela, a expectativa é transformar a plataforma, no futuro, em um observatório nacional da saúde dos solos, capaz de fornecer relatórios detalhados por município e conectar pesquisadores, laboratórios comerciais e agricultores.
A Plataforma Saúde do Solo BR foi desenvolvida a partir dos dados gerados pela Bioanálise de Solos (BioAS), tecnologia lançada em 2020 e desenvolvida pela Embrapa Cerrados em parceira com a Embrapa Agrobiologia. O método integra indicadores biológicos (atividade enzimática), físicos (textura) e químicos (fertilidade e matéria orgânica). O banco de dados é resultado de uma parceria inovadora com 33 laboratórios comerciais de análises de solo, integrantes da Rede Embrapa e usuários da tecnologia BioAS.
Por Juliana Caldas
