Foto: Divulgação/Arquivo O Candeeiro
Travou na hora do Enem? Veja como acalmar a mente e seguir em frente
Faltam poucos dias para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e junto com a ansiedade pela prova vem um medo que acompanha muitos estudantes: o famoso “branco”. A sensação de ter esquecido tudo o que foi estudado é mais comum do que se imagina e tem explicação científica.
“Diante de situações avaliativas, o corpo entende que está em uma situação de perigo e aciona mecanismos de defesa. O cérebro, então, prioriza funções de sobrevivência, como manter o corpo em alerta, em vez das cognitivas, ligadas à memória e ao raciocínio”, explica a psicóloga e orientadora educacional do Bernoulli Educação, Marina Ansaloni.
Mas o que fazer quando a tensão toma conta e a mente parece travar? O segredo está em reconhecer as próprias emoções e aprender a regulá-las. A seguir, a especialista aponta estratégias práticas para lidar com o “branco” e se preparar emocionalmente para o grande dia.
O que causa o ‘branco’ na prova
A ansiedade de desempenho, o medo de fracassar e o perfeccionismo são os principais fatores que causam o bloqueio mental. Quando o estudante associa a prova à ideia de que “aquele momento define tudo”, o corpo e a mente podem reagir de forma desproporcional ao desafio.
“O aluno não esquece o conteúdo, apenas perde momentaneamente o acesso a ele por estar sob forte tensão emocional. Com técnicas simples de gestão emocional, é possível restabelecer o foco e recuperar o equilíbrio”, destaca a psicóloga.
Entender o que provoca o “branco” é o primeiro passo para lidar com ele. A partir disso, o estudante pode desenvolver ferramentas para reconhecer as próprias emoções e recuperar o controle, mesmo diante da pressão de uma prova importante.
Reconheça o que está sentindo
A gestão emocional começa pelo reconhecimento do próprio estado interno. Identificar sinais como respiração curta, batimentos acelerados ou pensamentos catastróficos ajuda a interromper o ciclo de estresse antes que ele se torne paralisante.
Ao reconhecer essas sensações, o aluno se coloca em posição ativa: em vez de ser dominado pela ansiedade, ele passa a entender que pode atuar sobre ela.
Prepare-se emocionalmente antes da prova
Nos dias que antecedem o exame, é importante reduzir o ritmo dos estudos e priorizar o sono, a alimentação e o descanso. Intercalar os blocos de estudo com pequenas pausas e manter uma rotina previsível e acolhedora ajudam o cérebro a entender que não há ameaça, apenas um desafio controlado.
Quando o branco aparecer, respire e mude o foco
Durante a prova, se a mente travar, vale fechar os olhos, respirar profundamente e alongar os ombros ou o pescoço. Essas estratégias reduzem a tensão física e ajudam a restaurar o fluxo de atenção e memória. “É importante lembrar que o ‘branco’ é temporário. Ao dar tempo para o cérebro se reorganizar, o acesso ao conteúdo tende a retornar”, orienta Marina.
Busque apoio emocional
O suporte de familiares e professores faz diferença. Validar o esforço do estudante, demonstrar confiança e oferecer escuta acolhedora reduz o medo do erro e reforça a sensação de segurança emocional, contribuindo para um desempenho melhor.
A preparação para o Enem envolve não apenas o domínio dos conteúdos, mas também o cuidado com o equilíbrio emocional. Como reforça Marina Ansaloni, “você não precisa estar completamente calmo para ir bem. A ansiedade não é um inimigo, é um sinal de que algo importa para você. Confie no percurso que construiu: o conhecimento está em você, mesmo quando o medo tenta te fazer duvidar.”
Mais do que vencer o nervosismo, a proposta é aprender a conviver com ele. Afinal, a ansiedade também pode ser um lembrete de que o estudante está diante de algo importante e pronto para colocar em prática tudo o que aprendeu.
Por Raphael Nascimento
