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Atender na ordem certa salva vidas: hospital em Salvador revela o impacto da triagem eficiente nas emergências
Em meio a relatos frequentes de pacientes que morrem à espera de atendimento em emergências superlotadas por todo o Brasil, uma questão se impõe: quem deve ser atendido primeiro? A resposta correta a essa pergunta tem potencial de salvar vidas — e depende diretamente da qualidade do sistema de triagem.
É com base nesse princípio que o Hospital Mater Dei Salvador (HMDS) se destaca ao adotar protocolos clínicos rigorosos de priorização por gravidade. “Atender na ordem de chegada não é justo nem eficaz. A prioridade deve ser de quem está em risco iminente”, afirma o médico emergencista Ademar Simões, coordenador da emergência do hospital.
No HMDS, o atendimento começa ainda na recepção, com uma triagem estruturada que classifica os pacientes segundo critérios clínicos, não apenas sintomas relatados. Casos como infarto agudo do miocárdio, AVC e sepse recebem atenção imediata, mesmo quando os sinais são sutis. “É aí que mora o risco: deixar de identificar o grave no meio do tumulto. Nossa triagem é treinada exatamente para isso”, explica Clara Carvalho, também médica emergencista e coordenadora da unidade.
Ambos formados pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Clara e Ademar lideram uma equipe especializada, com acesso a exames em tempo real, retaguarda de UTI, centro cirúrgico e especialistas de plantão. “Seguir protocolos internacionais, como os da American Heart Association, faz diferença na hora de decidir com segurança e rapidez”, completa Simões.
O ambiente da emergência é multidisciplinar, com integração entre enfermagem, fisioterapia, nutrição e diagnóstico. O objetivo é oferecer um atendimento resolutivo, sem perder de vista a humanização. “A técnica salva, mas o cuidado acolhe. E os dois precisam andar juntos”, pontua Clara Carvalho.
Além dos critérios de priorização, o hospital mantém uma cultura de monitoramento de qualidade e segurança, com uso de checklists, revisão de incidentes e atualização contínua da equipe. A diretriz é clara: decisões baseadas em evidências, com foco em estabilização precoce e continuidade do cuidado, desde a entrada na emergência até a alta.
Num país onde tantas tragédias nascem de falhas na triagem, o modelo do Hospital Mater Dei Salvador mostra que é possível evitar o pior. Não se trata apenas de quem chega primeiro, mas de quem mais precisa agora.
Por Cinthya Brandão