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Tambores do Candombe unem África, Uruguai e Salvador em apresentação única
No próximo dia 26 de novembro, a partir das 18 horas, o Instituto Cervantes de Salvador será palco da conferência As raízes do Candombe e do espetáculo Alma de Tambor - Candombe na Bahia, uma celebração musical, histórica e identitária que une dois povos pela batida do tambor. O evento integra as comemorações do Bicentenário da Independência do Uruguai, o Dia da Consciência Negra (20 de novembro) e o Dia Nacional do Candombe no Uruguai (3 de dezembro).
O Candombe, manifestação afro-uruguaia nascida entre os séculos XVIII e XIX, tem ligação direta com os terreiros, ladeiras e cortejos baianos, por serem herdeiros das mesmas matrizes africanas que moldam o samba de roda, o candomblé, o afoxé e o ijexá, expressões que fazem da Bahia o coração pulsante da diáspora africana nas Américas. Além disso, o “chamado” do Candombe se conecta diretamente ao Axé que faz mover o corpo e a alma em rituais e festas.
Levada ao Uruguai pelos africanos escravizados das etnias Bantu e Congo-Angola, as mesmas que chegaram à Bahia durante o Brasil Colônia, o Candombe é mais que uma expressão musical, mas um meio de comunicação com o sagrado e com a própria comunidade, onde cada batida ecoa como um toque de resistência da preservação de memórias, crenças e da língua ancestral.
Formado por três tambores, chico, repique e piano, o Candombe é hoje reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Nesse contexto, o Candombe na Bahia, promovido pelo Instituto Cervantes, propõe lembrar que a ancestralidade negra construiu a identidade de todo o continente, e que a Bahia continua sendo esse espelho onde os sons da África se reconhecem, seja no toque do agogô, no repique do tambor ou no balanço do corpo que dança em liberdade.
O evento é uma realização do Instituto Cervantes de Salvador, em parceria com o Consulado Geral do Uruguai e o Ministério de Relações Exteriores do Uruguai, e apoio do Fundo de Promoção de Atividades Culturais.
Curiosidades do Candombe:
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Candombe e Candomblé, ambas as palavras derivam de “Kandombe”, de origem banta, que significa dança com tambores.
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Em Montevidéu, o desfile de Llamadas (Chamados) é a maior festa afro-uruguaia, tão simbólica quanto o cortejo do Ilê Aiyê e dos Filhos de Gandhy.
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Na Bahia colonial, registros mostram a presença de africanos da mesma região de onde vieram os antepassados dos uruguaios que criaram o Candombe, o que reforça o laço ancestral.
Sobre o Instituto Cervantes
O Instituto Cervantes é uma instituição criada pelo Governo da Espanha em 1991 para promover, ensinar espanhol e divulgar a cultura da Espanha e dos países hispanofalantes ao redor do mundo. Está presente nos cinco continentes com cerca de 90 centros, e a sede, localizada em Salvador, forma parte desta importante aposta da instituição para o ensino do espanhol no Brasil, país que atualmente possui o maior número de centros da rede.
Por Flamarion Reis
