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ARTIGO - Como comunidades afetam a experiência de grandes festivais e eventos de inovação? = Por Jen Medeiros
A
presença e o fortalecimento de comunidades têm transformado a
experiência de grandes festivais e eventos de inovação, moldando o
impacto e a longevidade dessas iniciativas. Elas exercem um papel
catalisador que vai muito além da simples reunião de indivíduos com
interesses em comum: são hoje uma engrenagem essencial para o sucesso de
qualquer grande encontro voltado à criatividade, à tecnologia e à
colaboração.
Em
eventos de inovação, a noção de comunidade cria um senso de
continuidade e profundidade notáveis. Antes mesmo do início oficial de
um festival, comunidades organizadas — compostas por profissionais,
entusiastas, empresas e stakeholders diversos — já estão trocando
ideias, levantando debates, organizando encontros paralelos e
antecipando as tendências que estarão em pauta. Essa movimentação
pré-evento impulsiona a expectativa e aumenta exponencialmente o valor
percebido de participar da ocasião, uma vez que os participantes não
chegam sozinhos, mas já inseridos em redes de troca que alimentam sua
experiência.
Durante
os eventos, a força das comunidades se manifesta na forma de conexões
mais significativas, engajamento mais profundo e um senso de propósito
compartilhado. Ambientes como a Campus Party, o Web Summit ou o SXSW são
exemplos práticos de como as comunidades especializadas — como
desenvolvedores, designers, pesquisadores, investidores, empreendedores
sociais ou creators — geram ecossistemas dentro do próprio evento. Esses
grupos se articulam por afinidade temática, gerando espaços de troca
que potencializam o networking e o aprendizado coletivo, transformando
auditórios e estandes em verdadeiros pontos de encontro de saberes e
vivências.
A
lógica comunitária também contribui para tornar os eventos mais
colaborativos e menos centrados em um modelo vertical de transmissão de
conteúdo. Painéis, workshops e experiências interativas são
frequentemente moldados por insights colhidos dentro das comunidades que
orbitam o evento, fazendo com que o conteúdo apresentado esteja mais
próximo das necessidades reais e das inquietações dos públicos
envolvidos. A participação ativa dos membros dessas comunidades costuma
transbordar as atividades oficiais, com a criação de meetups,
hackathons, sessões paralelas e outras dinâmicas que ampliam o escopo do
evento de forma orgânica.
Outro
ponto fundamental está na extensão do impacto dos festivais após o seu
encerramento. A construção de comunidades fortes garante que os diálogos
iniciados ali não se percam, mas se desdobrem em novos projetos,
colaborações e redes de apoio que se mantêm vivas durante todo o ano.
Essa perenidade é estratégica tanto para os organizadores, que ganham
relevância contínua, quanto para os participantes, que ampliam seu
repertório e suas oportunidades por meio da manutenção dessas conexões.
É
interessante observar que muitas empresas e instituições passaram a
investir diretamente na formação de comunidades corporativas e
profissionais para potencializar sua presença em eventos estratégicos.
Em festivais voltados à inovação, essas comunidades funcionam como
grandes geradores de negócios, conexões relevantes e como hubs de
conhecimento e ação, fazendo com que a participação vá muito além da
visibilidade, tornando-se um exercício prático de inteligência coletiva.
Em tempos em que a atenção do público é disputada por múltiplas plataformas e estímulos, os grandes eventos precisam entregar mais do que conteúdo de qualidade: precisam gerar experiências transformadoras. E isso se torna possível quando a experiência é vivida em comunidade. Ao aliar tecnologia, propósito e afeto, as comunidades ajudam a desenhar um futuro mais colaborativo, diverso e conectado, exatamente os pilares que tais eventos buscam impulsionar.
Jen Medeiros é CEO da comuh, empresa especializada na gestão de comunidades e ecossistemas de negócios. Palestrante e especialista na criação e gestão estratégica de comunidades com 15 anos de experiência. Criadora e host do Community Playbook, um Podcast de aplicações reais, atuais e futuras de estratégia de comunidades. É professora da Descola e da Escola Britânica de Artes Criativas e Diretora do CMX Connect São Paulo, uma instituição internacional que promove o desenvolvimento da indústria de comunidades. Top 3 do prêmio Community Industry Awards 2024 como melhor profissional de comunidades B2B, e fellow no programa On Deck Community Builders.