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Casos de arritmia cardíaca disparam com envelhecimento da população
Batimentos fora do ritmo, cansaço inexplicável e desmaios recorrentes têm deixado de ser sintomas isolados para se tornarem alertas comuns nos consultórios cardiológicos. O motivo é o avanço das arritmias cardíacas, especialmente a Fibrilação Atrial (FA), que cresce entre os brasileiros com o envelhecimento da população e o aumento de doenças crônicas associadas.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a FA já atinge cerca de 2 milhões de brasileiros, e esse número tende a aumentar. A condição está associada a um risco cinco vezes maior de acidente vascular cerebral (AVC) e pode causar insuficiência cardíaca se não for diagnosticada e tratada a tempo.
“A conscientização sobre as arritmias é fundamental, porque os sintomas podem ser sutis ou até inexistentes, o que dificulta o diagnóstico precoce”, afirma a cardiologista Marianna Andrade, coordenadora do Serviço de Cardiologia do Hospital Mater Dei Salvador (HMDS).
O Ministério da Saúde destaca que as arritmias representam cerca de 20% das emergências cardiovasculares no Brasil. A Fibrilação Atrial é a forma mais comum, principalmente em pessoas com mais de 60 anos e com fatores de risco como hipertensão, diabetes, obesidade, apneia do sono e histórico de doenças cardíacas.
O diagnóstico pode ser feito por exames como eletrocardiograma e Holter de 24 horas. Além de medicamentos, há tratamentos mais avançados, como a ablação por cateter, que isola os circuitos elétricos anômalos do coração.
Em Salvador, o Hospital Mater Dei implementou um Centro de Arritmia com estrutura especializada para oferecer diagnóstico preciso, acompanhamento contínuo e tratamento de alta complexidade. “A ablação é um procedimento minimamente invasivo e, em muitos casos, pode representar a cura da arritmia, permitindo ao paciente recuperar sua qualidade de vida”, explica Marianna Andrade.
O aumento da longevidade deve ampliar os casos de arritmia nos próximos anos, reforçando a necessidade de políticas de prevenção. “Mais do que tratar, precisamos educar a população sobre os sinais e investir em estratégias preventivas, como o controle da pressão, do diabetes e o incentivo à prática de atividade física regular”, orienta a médica.
As doenças cardiovasculares continuam sendo a principal causa de morte no Brasil, segundo dados do DATASUS. Para especialistas, olhar para o ritmo do coração com atenção é uma medida urgente e necessária.
Por Cinthya Brandão