Membro e orador oficial da Academia Barbacenense de Letras, o escritor e jornalista Ricardo Salim sempre dedicou espaço na vida para a Literatura, por meio da escrita de crônicas e poemas. A relação com as letras agora ganha mais um capítulo com a publicação do livro Eu e Eles Antes do Apocalipse, que reúne textos curtos produzidos ao longo de 2024.  

Com relatos e memórias, Ricardo narra nas primeiras crônicas do livro anedotas curiosas da vida, como as histórias que inventava para os filhos sobre um certo “bicho babão”, a torta de maçã da esposa preparada apenas no seu aniversário, ou o sonho nunca realizado de se tornar um ídolo do futebol. Mesmo com temas tão específicos, são trazidas questões e vivências com as quais o leitor pode se identificar.  

Na segunda parte, o livro se afasta do universo pessoal do autor e expande o foco para o mundo ao redor. Com o título de “Eles”, os textos que vêm em seguida apresentam histórias fictícias, narradas em terceira pessoa, mas que trazem o mesmo tom rotineiro e relacionável das crônicas anteriores. “Boneca de Carnaval” relata as aventuras de um folião e sua companheira improvável. Em “O Fantasma das Quatro da Madrugada”, o casal Geraldo e Madalena precisa lidar com um hábito curioso do cachorro de estimação. “Sob Nova Direção” acompanha um sujeito que vai para o Inferno após a morte, mas se adapta ao lugar melhor do que o esperado.  

O fato é que o moço tinha boas (ou más) referências e logo ficou amigo do Coisa Ruim. Tão amigo que
era a principal atração das festas no inferninho (lugar destinado aos vips). Muita festa, cerveja, whisky,
bolinho de bacalhau (sim, lá também tem, uai). E o inferno foi ficando cada vez mais infernal pela influência
daquele novo morador, a ponto de um dia, o próprio Diabo pegar suas coisas e ir embora, aposentando-se do
título de Coisa Ruim. (Eu e Eles Antes do Apocalipse, p. 70) 

O livro se encerra com a crônica “Antes do Apocalipse”, que narra a história de Seu Cordeiro, e seu esforço vitalício de se preparar para um possível fim do mundo. A coletânea de textos traz uma visão afetuosa e honesta sobre a vida, seus desafios e surpresas, e da importância de aproveitar bons momentos e companhias antes do fim derradeiro. 

A obra não apenas apresenta o trabalho de Ricardo Salim como escritor, mas também como editor: o livro é a primeira publicação impressa da editora BOL, criada com o objetivo de fomentar a produção literária de Barbacena, cidade de Minas Gerais onde reside, e também mostrar a pluralidade da produção literária da região. 

Eu e Eles Antes do Apocalipse é inspirado por escritores como Luís Fernando Veríssimo, Carlos Drumond de Andrade e Carlos Herculano Lopes, que assina o texto de orelha do livro. “E com talento e paciência, bem próprios dessa gente mineira, ou no seu caso – um mineiro de Rio Espera, radicado em Barbacena -, o que lhe confere um status especial, ele foi, uma a uma, moldando as suas histórias, e burilando-as com engenho e arte, até ver que estava na hora de entregá-las para nós”. Com leveza e sagacidade, Ricardo Salim explora o humor e a irreverência da crônica enquanto gênero, e sua capacidade de trazer um olhar apurado para os aspectos mais comuns do cotidiano.  

FICHA TÉCNICA 

Título: Eu e Eles antes do Apocalipse 
Autor: Ricardo Salim  
Editora: BOL 
ISBN: 9786598552220 
Formato: impresso e online  
Páginas: 88  
Preço: R$ 56,32 (físico) | R$ 16,90 (e-book)  
Onde comprar: Amazon 

Sobre o autor: Ricardo Salim é escritor e ativista cultural. É membro e orador oficial da Academia Barbacenense de Letras, além de coordenador do Núcleo de Literatura da Fundação Porphyria e José Máximo de Magalhães. Criador do portal de notícias Barbacena Online, no qual escreve sobre histórias da cidade, ele também fundou a Editora BOL com objetivo de incentivar a produção literária da região. Além do trabalho na área artística, é professor licenciado do curso de Direito do Centro de Estudos Aprendiz, servidor público do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e atual presidente da Academia Barbacenense de Ciências Jurídicas. 

Por Victória Gearini