Os discos “O Futuro Não Demora" (2019) e o recém-lançado “O Mundo dá voltas” (2025) deram origem a alguns  shows e construções do grupo BaianaSystem. Espetáculos que foram se transformando ao longo do tempo, rodando festivais no Brasil e no mundo. Dentro disso surge o show “Nossa Cultura”, que traz o conceito de valorizar em primeiro lugar a riqueza e as tradições que emanam dessas cidades por onde o Baiana passa.

Agora, finalmente, no dia 30 de abril, o show “Nossa Cultura” desembarca pela primeira vez em Feira de Santana: uma vontade antiga que se realiza de maneira forte e consistente. Feira é uma cidade muito importante para a Bahia e tem uma relação muito próxima com Salvador. Movimentos e trocas culturais sempre aconteceram nos dois sentidos da estrada que liga essas duas cidades.

Artistas de Feira de Santana foram decisivos na cena musical de Salvador, como Luiz Caldas, Jota Morbeck, Carlos Pitta e muitos outros, trazendo um pouco do sentimento do sertão para a capital litorânea e suas festas populares, como o Carnaval, por exemplo. 

O show acontecerá na emblemática praça da Matriz, aberta ao público, e a noite será marcada por encontros inesquecíveis: começa com a cantora feirense Rachel Reis, que vem se firmando nacionalmente como um dos grandes nomes de sua geração. Rachel participou com o BaianaSystem em Salvador do "SambaquiShow”, em 2023, e está lançando seu novo álbum, que inclui a faixa “Alvoroço”, com a participação do Baiana.

Em seguida, a Quixabeira da Matinha, salvaguarda do samba de roda com 36 anos de existência, sobe ao palco para mostrar a cultura popular viva no coração da cidade. O evento ainda contará com dois grandes representantes da cultura negra, da resistência e do canto carregado de ancestralidade: o cidadão feirense e um dos ícones do reggae no Brasil, Dionorina, e uma das vozes mais marcantes do país e parceiro de longa data do BaianaSystem: Lazzo Matumbi. 

Dionorina fala de seu bairro, a Rua Nova, em Feira de Santana, como um desses muitos guetos do mundo, seja na Jamaica ou em Angola, com presença de negros em situações muito parecedias, produzindo cultura e influenciando toda a cidade. Lazzo, que é natural de Salvador e também surge com uma obra muito influenciada pelo reggae, tendo inclusive emplacado alguns sucessos que trouxeram destaque nacional ao gênero, traz a força de suas composições e de sua história para a cultura negra no país.

Evocando um sentimento de paz, uma noite de celebração da cultura popular, com respeito e reverência aos mestres. 

Por Marina Santa Clara Yakabe