Psicólogo, Mestre em Psicologia e escritor Vladimir Nascimento / Foto: Arquivo O Candeeiro
ARTIGO - Projetos de vida = Por Vladimir Nascimento
Não é raro ouvirmos típicas promessas de finais de ano, pelas quais essas pessoas traçam metas cujo ano subsequente parece que vai magicamente concretizá-las: emagrecer; qualificar-se profissionalmente para trocar de emprego; educar-se financeiramente para comprar uma casa ou automóvel. Todos esses projetos são válidos e é justo que as pessoas sonhem em efetivá-los. Mas, por que esses juramentos apenas para o início do próximo ano? O que pode justificar tal fascinação pelo rompimento do ano novo?
Tais promessas só podem ser explicadas pela não internalização da responsabilidade. Esse marco que separa o ano velho do novo é apenas um invariável movimento temporal do transcurso entre passado e presente, que vivenciamos constantemente. Não só ano após ano, mas mês após mês, dia após dia, hora após hora, e assim sucessivamente. Isso significa que o futuro é hoje, é agora. Não precisamos mais esperar chegar um ano novo para tomar decisões em nossa vida.
Mas algumas pessoas tendem a se esquivar da situação, sempre adiando problemas ou projetos que podiam ser resolvidos ou começados imediatamente. Imagine que você tem que fazer uma longa viagem a pé: de Salvador até Aracaju. E essa viagem, além de importante, é inevitável, não existem outras opções. Sabendo disso, você já começa a imaginar os contratempos, dificuldades, transtornos, perigos e esgotamentos físico e mental que certamente enfrentará ao longo dessa marcha. Mas, você tem que ir. E qual o mecanismo que você vai utilizar para chegar facilmente ao seu destino? Nenhum. Não tem mágica. O único recurso é dar o primeiro passo. Você tem consciência de que serão milhões ou até bilhões de passos até Aracaju, mas jamais chegará ao seu destino se não der o primeiro.
Assim é a jornada da vida: de que adianta fazer planos, promessas, elaborar projetos mirabolantes se não perceber que o futuro já chegou? Como um escritor pode terminar um livro de mil páginas, sem escrever a primeira linha? Como ter uma casa, um carro, ou algum bem, sem economizar, sem se planejar? De que forma crescer profissionalmente se não começar a estudar e se dedicar desde já? Apesar da vida ser tão bela, ela não é feita de mágicas, e sim de desafios. Ela oferece os caminhos como destinos, mas é seu caráter e determinação que vão optar por qual estrada percorrer. É necessário, portanto, dar o primeiro passo em direção ao futuro que almejamos. Não podemos mais adiar nossos propósitos porque a vida não é um esboço, não há segunda chance.
Talvez, o projeto que você tenha engavetado, em qualquer área que atue, poderia contribuir imensamente não apenas para a sua, mas também para a vida de muitas outras pessoas. Mas às vezes é mais cômodo se esconder atrás de promessas que nunca se iniciam, ou se eximir da nossa responsabilidade transferindo-a para outros. Se assim for, nossa vida será um melancólico conto de fadas, no qual viveremos sempre de fantasiosas promessas e projetos, enganando principalmente a nós mesmos. Então, quando a morte chegar, olharemos para trás e compreenderemos com pesar que, ironicamente, chegamos ao fim antes mesmo de darmos o primeiro passo.
Vladimir de Souza Nascimento
Psicólogo, mestre em Psicologia (UFBA), escritor e Palestrante.
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