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Editora independente aposta em brindes inspirados na indústria do K-pop para engajar leitores
A Editora Euphoria, especializada em literatura LGBTQIAPN+, está reinventando a forma de se conectar com os leitores ao levar para o universo editorial elementos do K-pop. Cada lançamento chega acompanhado de kits de pré-venda com brindes colecionáveis, como sobrecapas ilustradas, cards de personagens e velas aromáticas. Essa estratégia cria experiências sensoriais que fortalecem o vínculo afetivo e consolidam uma comunidade fiel em torno das histórias queer.
Para Nathalia Brandão, fundadora da Editora Euphoria e autora de obras como “Incandescentes” e “Assombrado”, a escolha por esse modelo vai além da estética: “Queremos que os leitores se sintam acolhidos e vistos. Cada kit é pensado como um gesto de carinho, que transforma o momento da leitura em algo memorável. Assim como o K-pop cria universos afetivos, nós também queremos que os livros sejam portais para experiências emocionais profundas", afirma.
A prática tem como base dados de mercado que mostram o potencial desse tipo de abordagem. Segundo relatório da IFPI (2023), fãs de K-pop são 70% mais propensos a adquirir produtos físicos colecionáveis em comparação com admiradores de outros gêneros musicais. Um estudo da McKinsey (2022) complementa o cenário ao revelar que mais de 60% da geração Z que consome K-pop prefere adquirir itens com valor emocional agregado, como brindes personalizados.
A inspiração vem diretamente dos álbuns de K-pop, que se popularizaram por incluir photocards, mini books, pôsteres e itens surpresa como forma de engajar emocionalmente os fãs. Ao adaptar essa lógica para o universo editorial, a Editora Euphoria reforça o protagonismo das histórias queer e aposta em uma cultura de leitura mais interativa e sensível. A editora é pioneira no Brasil na publicação de adaptações de fanfictions LGBTQIAPN+, surgindo do desejo da própria Nathalia Brandão de ver suas histórias favoritas ganharem vida em livros físicos, muitas vezes salvas de exclusões arbitrárias em plataformas digitais.
A proposta também é acompanhada por um forte apelo visual, com identidade gráfica marcante que dialoga com as linguagens das redes sociais e do design asiático. “Nosso público se reconhece não só nas histórias, mas também na forma como elas são apresentadas. O cuidado com os detalhes importa tanto quanto o conteúdo”, explica Ana Luíza Barbosa, assessora da Editora Euphoria e pesquisadora da cultura de fãs do leste asiático.
Por João Machado