
Foto: Arquivo IBAMA
COP30 deve trazer mineração na Amazônia ao centro do debate e discutir agenda sustentável
A realização da COP30, em 2025, em Belém, coloca a Amazônia no epicentro das discussões climáticas globais e lança um desafio adicional a setores historicamente questionados por seus impactos ambientais. Entre eles, a mineração.
Neste caso, que possui papel estratégico para a transição energética devido à produção de minerais críticos como o ouro, cobre, níquel e lítio, a expectativa é de que o evento sirva como catalisador de compromissos mais claros em relação à preservação ambiental e às comunidades locais.
“Não se trata apenas de reduzir impactos, mas de estruturar um modelo de mineração que seja compatível com as exigências globais de baixo carbono”, afirma Anderson Resende, COO da Keystone Mineração. Segundo ele, o setor já tem buscado incorporar práticas de reuso de água, recuperação de áreas degradadas e maior eficiência energética, mas a COP30 pode funcionar como “vitrine” para reforçar essa trajetória diante de investidores estrangeiros.
A região amazônica concentra uma série de iniciativas multilaterais e tratados internacionais, como a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) e o Fundo Amazônia, mas especialistas apontam que falta coordenação e clareza sobre metas tangíveis. A COP30, pela primeira vez realizada na Amazônia, deve expor essa lacuna.
“O mundo vai olhar para a floresta, mas também para os setores produtivos que nela atuam. A mineração precisa se posicionar de forma proativa, mostrando que consegue operar com responsabilidade socioambiental”, ressalta Anderson. Para ele, a expectativa é de que o setor avance em métricas de transparência e relatórios auditáveis sobre emissões, recuperação ambiental e relacionamento com comunidades tradicionais.
Ao mesmo tempo em que enfrenta críticas por pressões sobre a floresta, é fundamental para viabilizar a transição energética global. Fontes renováveis, baterias de veículos elétricos e novas tecnologias de armazenamento dependem diretamente da exploração de minerais. “Esse é o grande dilema que a COP30 vai discutir. Não há transição energética sem mineração, mas essa mineração precisa ser conduzida sob parâmetros muito mais rigorosos de sustentabilidade”, observa o COO da Keystone Mineração.