
Psicólogo e Mestre em Psicologia Vladimir Nascimento/Foto: Arquivo O Candeeiro
ARTIGO - AS REDES SOCIAIS E AS RELAÇÕES HUMANAS = Por Vladimir Nascimento
Ninguém vive só. Todo indivíduo precisa de alguém para poder se comunicar, se relacionar, amar, compartilhar, aprender, viver. E essa necessidade de convivência social não é recente, ao contrário, foram as diversas formas de relações coletivas que possibilitaram a sobrevivência da espécie humana até os dias atuais.
No
entanto, em função do rápido avanço tecnológico, somado aos infindáveis
compromissos profissionais do dia a dia, o tempo para as relações interpessoais
ficou bastante escasso.
Alguns teóricos da ciência sociológica previram esses acontecimentos, ao indicar que viveríamos uma contraditória sociedade de indivíduos. Ou seja, todos vivendo em um mesmo espaço, mas cada um cuidando dos seus interesses pessoais, sem visar objetivos coletivos. E o advento tecnológico, apesar das inegáveis facilidades e contribuições que trouxeram à vida moderna, também cooperou para aumentar ainda mais a lacuna entre as pessoas, erguendo muros ao invés de pontes entre elas.
Estamos
pertos e longe ao mesmo tempo. Não é raro presenciarmos pessoas reunidas para
confraternizar, mas ao mesmo tempo, separadas em seu mundo particular das redes
sociais do celular. Milhares de amigos virtuais e pouquíssimos reais, que
raramente se falam ou se reconhecem nas ruas.
E as crianças não estão imunes a essas influências. Cada vez mais cedo, elas estão fazendo dos recursos tecnológicos e das redes sociais, não um complemento para a socialização e comunicação, mas um substituto para tais funções – prejudicando não apenas a riqueza das interações humanas, e das trocas afetivas e sociais, como empobrecendo seu vocabulário oral e escrito.
As
diversas redes sociais estão contribuindo, portanto, para fragilizar ainda mais
o convívio interpessoal – reforçando o individualismo exacerbado através da
exposição massiva de fotos, registrando os detalhes mais íntimos; e ao mesmo
tempo enfraquecendo a própria identidade, ao imitar ou “seguir” modelos que almejam
alcançar. Esse danoso uso das redes socais produz, na verdade, uma grande
colcha de retalhos com frágeis remendos que, paradoxalmente, ainda denominaram
de rede. Rede de um indivíduo só… onde cada um publica para ser admirado,
distinguido, mas sem reconhecer ninguém concretamente, às vezes nem mesmo os
que vivem sob o mesmo teto.
Vladimir de Souza Nascimento
Psicólogo do CRAS-Caípe, São Francisco do Conde-Ba e Pós graduando em Sociologia
CRP-03/04531