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Junho Laranja alerta para importância dos exames de sangue regulares para o diagnóstico precoce de leucemias
O Junho Laranja, mês de conscientização sobre a leucemia e a anemia, é uma campanha dedicada à saúde do sangue. Perda de peso sem motivo aparente, palidez, cansaço, falta de energia, febre ou suores noturnos, aumento de gânglios, infecções persistentes ou recorrentes, hematomas, sangramentos sem causas aparentes e desconforto abdominal (por causa do aumento do baço e do fígado) são alguns sintomas que podem indicar uma leucemia e devem ser investigados imediatamente por um médico hematologista. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), 11.540 novos casos de leucemia devem ser registrados em 2025 no Brasil. Na Bahia, a estimativa é de 680 novos casos.
A leucemia é um tipo de câncer que começa na medula óssea e se espalha para outras partes do corpo, fazendo com que as células sanguíneas passem a se reproduzir desordenadamente, prejudicando a função normal dos glóbulos. A doença pode afetar pessoas de diferentes faixas etárias, inclusive crianças, como no caso da Leucemia Linfoblástica Aguda.
De acordo com a hematologista Liliana Borges, da Oncoclínicas, “por ter sua origem desconhecida e apresentar sintomas em suas fases mais avançadas, a melhor forma de combater a doença é seu diagnóstico precoce”. A médica lembra da importância dos exames de sangue de rotina. “Através de um simples exame de sangue, como o hemograma, é possível detectar alterações hematológicas que podem indicar um diagnóstico inicial ou a suspeita de leucemia”, acrescenta. “O diagnóstico precoce e o tratamento adequado logo no início da doença podem aumentar, exponencialmente, as chances de cura ou controle da doença”, destaca Liliana Borges.
O hematologista Caio do Espirito Santo Ribeiro, da Oncoclínicas, reforça a importância do diagnóstico precoce. “Quando o exame de sangue aponta a suspeita de uma leucemia, o paciente deve ser encaminhado para a realização de um mielograma, um exame especifico que analisa as células sanguíneas produzidas pela medula óssea, para verificar o seu funcionamento”.
Para a hematologista Lycia Bellintani, da Oncoclínicas, o fato de grande parte dos pacientes diagnosticados com leucemia não apresentar fatores de risco conhecidos modificáveis, é mais um indicativo da importância dos exames de sangue periódicos. “É importante estarmos atentos aos sinais do corpo. No caso das leucemias, os principais sintomas são relacionados à alteração na produção das células da medula óssea, levando à anemia, sangramentos e infecções. Os exames laboratoriais são fundamentais para identificar possíveis alterações em fases iniciais”, explica Lycia Bellintani.
Embora a leucemia seja um tipo de câncer hematológico com causas ainda pouco conhecidas, muitas pesquisas já associam vários fatores de risco a alguns tipos da doença. Dentre os fatores, herança genética, tabagismo, idade aumentada, infecções no início da vida, exposição ambiental ao benzeno, à radiação ionizante e a agrotóxicos e solventes, além de exposição a altas doses de radioatividade e quimioterapia prévia.
Exames de confirmação
Para confirmação do diagnóstico de uma leucemia, alguns procedimentos específicos podem ser indicados: o mielograma, a imunofenotipagem e a biópsia de medula óssea.
No caso do mielograma, é feita uma punção aspirativa da medula óssea para análise citológica (avaliação das células) e para a tipagem das células através da
imunofenotipagem. Já na biópsia de medula óssea, é retirada uma pequena amostra do tecido da medula para análise histológica (anatomia patológica e imunohistoquímica).
Exames genéticos e moleculares são importantes não apenas para o entendimento da possibilidade de cura ou controle, ou seja, o prognóstico, mas também para ter uma possível indicação de tratamento específico.
“Esses exames podem confirmar a leucemia ou indicar uma situação que chamamos de pré-leucemia ou Síndrome Mielodisplásica (SMD), quando a medula, local onde as células sanguíneas são produzidas, tem alterações que podem evoluir para uma leucemia”, esclarece Caio Espirito Santo. "Geralmente, a biópsia e o aspirado são complementares e fornecem informações fundamentais sobre as doenças da medula óssea, como acontece com a leucemia ou as mielodisplasias", acrescenta o hematologista.
Esses procedimentos são seguros e podem ser realizados tanto em consultório - quando se faz anestesia local - quanto em centro cirúrgico com sedação. Eles são indicados para confirmação diagnóstica e acompanhamento de leucemias, linfomas e mielomas, além de outras condições que afetam a produção de células sanguíneas, como, por exemplo, a anemia aplásica, doença rara e grave que acontece quando a medula óssea diminui significativamente a produção de células sanguíneas novas, como hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas.
Tipos de leucemia
As leucemias têm diversos tipos diferentes, sendo que os quatro mais comuns são Leucemia Mieloide Aguda, Leucemia Mieloide Crônica, Leucemia Linfoblástica Aguda e Leucemia Linfoide Crônica.
A doença na forma crônica tem sintomas mais brandos e evolução lenta, enquanto na aguda é mais agressiva e evolui de forma rápida num curto intervalo de tempo, exigindo diagnóstico e tratamento mais urgentes.
Segundo o INCA, os quatro tipos de leucemia mais comuns têm as seguintes características:
Leucemia linfoide crônica: afeta células linfoides e se desenvolve de forma lenta. A maioria das pessoas diagnosticadas com esse tipo da doença tem mais de 55 anos, não costuma afetar crianças e
adolescentes.
Leucemia mieloide crônica: afeta células mieloides e se desenvolve vagarosamente, a princípio. Acomete principalmente adultos
Leucemia Linfoblástica aguda: afeta as células linfoides imaturas e agrava-se de maneira rápida. É o tipo mais comum em crianças pequenas, mas também ocorre em adultos.
Leucemia mieloide aguda: afeta as células mieloides e avança rapidamente. Ocorre tanto em adultos como em crianças, mas a incidência é maior com o aumento da idade
Tratamentos
Os tratamentos podem incluir quimioterapia, radioterapia, imunoterapia, terapias alvo e, em alguns casos, transplante de medula óssea. “A abordagem terapêutica é sempre individualizada e a indicação depende do subtipo da doença, do perfil genético e/ou molecular e do estágio da doença”, explica Liliana Borges.
“Os tratamentos para os cânceres hematológicos têm evoluído bastante, terapias alvo e imunoterapia estão sendo cada vez mais utilizadas, com ótimas repostas e menos efeitos colaterais, proporcionando mais qualidade de vida para os pacientes”, finaliza Lycia Bellintani.
Carol Campos