
Dr. Michel Bittencourt em atendimento oftalmológico / Foto: Divulgação HOPE - Hospital de Olhos de Pernambuco.
Novas técnicas cirúrgicas reduzem risco de glaucoma
Durante o mês de maio, a campanha Maio Verde busca conscientizar a população sobre o glaucoma, uma doença ocular crônica que afeta o nervo óptico e pode levar à cegueira irreversível se não for diagnosticada e tratada a tempo. Entre os principais objetivos da campanha estão a prevenção, o diagnóstico precoce e o acompanhamento contínuo da doença que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é a segunda maior causa de cegueira no mundo, ficando atrás apenas da catarata.
Segundo
o Dr. Michel Bittencourt, oftalmologista especialista em glaucoma do
HOPE - Hospital de Olhos de Pernambuco, os tipos mais comuns da doença
são o glaucoma de ângulo aberto e o de ângulo fechado. “O primeiro
evolui de forma mais lenta e é o mais frequente entre os pacientes,
sendo geralmente controlado com tratamentos ao longo do tempo. Já o de
ângulo fechado apresenta progressão mais súbita e está associado
principalmente ao envelhecimento. Nesse caso, a elevação da pressão
intraocular pode ocorrer de forma repentina, exigindo muitas vezes uma
intervenção cirúrgica imediata”, diz o médico.
Há
ainda o chamado glaucoma secundário, que surge como consequência de
outras situações, como o uso prolongado de colírios com corticoide ou
após procedimentos cirúrgicos oculares. “Embora menos frequente, esse
tipo também requer atenção e, em muitos casos, tratamento cirúrgico”,
complementa Bittencourt.
O
grande desafio da doença está no fato de que, em sua fase inicial, o
glaucoma é silencioso. De acordo com o Dr. Michel, quando os sintomas
começam a aparecer, como embaçamento visual e dor nos olhos, geralmente
mais característicos do glaucoma de ângulo fechado, cerca de 70% a 80%
do nervo óptico já foi comprometido. “Costumo dizer que o paciente entra
no jogo no segundo tempo, já com o placar de 4x0 contra ele. Por isso, a
consulta oftalmológica de rotina é fundamental”, alerta.
Assim
como a doença evolui, a medicina também se expande a novos tratamentos.
“Nos avanços mais relevantes dos últimos anos ocorreram nas opções
cirúrgicas e minimamente invasivas, que oferecem mais segurança e
recuperação mais rápida para o paciente. Entre as tecnologias mais
modernas, está o SLT (Trabeculoplastia Seletiva a Laser), um
procedimento ambulatorial e indolor que ajuda a melhorar o escoamento do
humor aquoso, reduzindo a pressão ocular sem a necessidade inicial de
colírios", comenta o Dr. Michel.
“Outra
alternativa é o implante do IStent, um microdispositivo colocado
durante a cirurgia de catarata que também auxilia na drenagem do líquido
intraocular. O PreserFlo, por sua vez, é um implante de pequeno porte
que funciona como um canal para escoamento do fluido ocular, reduzindo a
pressão. Há ainda técnicas como o GATT (Trabeculotomia Ab Interno
Guiada), que promove a abertura da malha trabecular interna para
facilitar a drenagem do líquido, e a trabeculectomia, cirurgia
tradicional indicada em casos mais avançados. A ciclofotocoagulação —
aplicação de laser na parte do olho responsável pela produção do humor
aquoso — e os implantes de tubos drenantes (ou próteses
antiglaucomatosas) também fazem parte do arsenal disponível atualmente”,
discorre o oftalmologista.
O
especialista destaca a oportunidade de combinar alguns desses
tratamentos à cirurgia de catarata, oferecendo ao paciente um ganho
terapêutico significativo. “Quem vai operar a catarata e tem glaucoma
pode se beneficiar muito, reduzindo até mesmo a necessidade de colírios
no futuro”, comenta.
“No
HOPE, por exemplo, todos os exames necessários para o diagnóstico
precoce estão disponíveis. Entre eles, estão a paquimetria (medição da
espessura da córnea), tonometria (medição da pressão ocular), campo
visual, retinografia, microperimetria, tomografia do nervo óptico e
gonioscopia. A realização desses exames permite identificar o glaucoma
antes que ele cause danos irreversíveis”, diz o médico.
Embora
o glaucoma não tenha cura, é possível viver bem com a doença se o
tratamento for iniciado precocemente. “Nos casos leves e moderados, o
paciente pode passar anos sem sintomas. O objetivo do tratamento é
retardar ao máximo a progressão da doença”, explica o Dr. Michel. No
entanto, ele reforça que, uma vez instalado, o dano causado pelo
glaucoma não pode ser revertido — o que torna o acompanhamento regular
ainda mais necessário.
“Neste Maio Verde, a mensagem é clara: cuidar da saúde dos olhos é essencial para preservar a visão no futuro. Exames regulares e o acompanhamento médico adequado são os principais aliados na luta contra o glaucoma”, finaliza o Dr. Michel Bittencourt.
Por Gabriel Santos Silva