
Bebê que recebeu a terapia na quarta-feira, 14 de maio, no Hospital da Criança José Alencar, em Brasília (DF) - Foto: Igor Evangelista/MS
SUS realiza primeiras aplicações do zolgensma, medicamento de R$ 7 milhões para crianças com AME
O Governo Federal viabilizou, na rede pública de saúde, as primeiras
aplicações do zolgensma, medicamento de altíssimo custo utilizado no
tratamento de crianças com Atrofia Muscular Espinhal (AME). Essa é a
primeira terapia gênica incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Duas bebês, com menos de seis meses de vida, receberam a terapia
simultaneamente na quarta-feira, 14 de maio, no Hospital da Criança José
Alencar, em Brasília (DF), e no Hospital Maria Lucinda, em Recife (PE).
ALTO CUSTO
O
zolgensma é considerado um dos medicamentos mais caros do mundo, com
custo médio de R$ 7 milhões por dose única. O fornecimento gratuito no
SUS foi possível graças a um modelo inovador de Acordo de
Compartilhamento de Risco, firmado entre o Governo Federal e a
fabricante.
O Brasil se tornou o sexto país no
mundo a ofertar o medicamento em sistemas públicos de saúde, após
Espanha, Inglaterra, Argentina, França e Alemanha. O acordo realizado
estabelece que o pagamento só será feito se o tratamento for eficaz, o
que garantiu ao Brasil o menor preço lista do mundo.
HISTÓRICO
Durante
visita ao Hospital da Criança em Brasília, o ministro da Saúde,
Alexandre Padilha, celebrou o momento como um marco para a saúde pública
no país. “Seria impossível para as famílias arcarem com um custo tão
alto. É uma terapia gênica muito importante e inovadora, por isso
garantir esse atendimento e poder acolher essas famílias é um momento de
muita emoção”, disse o ministro.
INDICAÇÃO
O
medicamento é indicado exclusivamente a crianças com AME tipo 1, com até
seis meses de idade, que não dependem de ventilação mecânica invasiva
por mais de 16 horas por dia. As duas bebês atendidas foram priorizadas
por estarem próximas do limite de idade para receber a infusão e por
cumprirem todos os critérios clínicos previstos no Protocolo Clínico e
Diretrizes Terapêuticas da Atrofia Muscular Espinhal (AME) 5q tipos 1 e
2.
"É emocionante, porque a
gente nunca perde a esperança como mãe. Ver minha filha, daqui pra
frente, poder andar, correr, falar e me chamar de mãe vai ser excelente.
Posso viver a maternidade de uma forma diferente"
Milena Brito
Mãe de bebê que recebeu a infusão de zolgensma em Brasília
EMOÇÃO
Millena
Brito, mãe da bebê que recebeu a infusão em Brasília (DF), descobriu o
diagnóstico de AME aos 13 dias de vida da filha. Para ela, o tratamento
oferecido pelo SUS foi o melhor presente que poderia receber. "É
emocionante, porque a gente nunca perde a esperança como mãe. Ver minha
filha, daqui pra frente, poder andar, correr, falar e me chamar de mãe
vai ser excelente. Posso viver a maternidade de uma forma diferente",
afirmou Millena, emocionada.
Com a garantia do acesso ao
medicamento, as crianças poderão ter ganhos motores significativos, como
a capacidade de engolir e mastigar, sustentar o tronco e sentar-se sem
apoio. A expectativa do Governo Federal é atender 137 pacientes nos
primeiros dois anos, impactando diretamente na qualidade de vida.
Atualmente, um total de 15 pedidos foram protocolados para acesso ao
medicamento no SUS e estão sendo encaminhados, começando por estes dois
atendimentos.
INTERVENÇÕES
Embora
a AME não tenha cura, as terapias disponíveis ajudam a estabilizar sua
progressão. Além do zolgensma, de dose única, o SUS oferece nusinersena e
risdiplam, de uso contínuo, que atuam para evitar a progressão da
doença. Sem essas intervenções, essas crianças enfrentam alto risco de
morte antes dos dois anos de idade. Quem recebe o zolgensma não precisa
receber outra terapia para AME.
COMO TER ACESSO
As
famílias devem procurar um dos 36 serviços especializados em doenças
raras do SUS. Um médico realizará a avaliação clínica da criança e, caso
os critérios de elegibilidade sejam atendidos, o processo de
solicitação da terapia será iniciado.
Dos 36 serviços, 31 já estão aptos a
realizar a infusão da terapia gênica — sendo 22 já habilitados e nove em
fase de capacitação. Os serviços estão disponíveis em Alagoas, Ceará,
Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro,
Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e no
Distrito Federal.
Nos estados que ainda não contam com
serviços habilitados para a infusão, o acordo garante, além do
medicamento, o custeio de passagens e hospedagem para o paciente e um
familiar responsável.
ACOMPANHAMENTO
As
crianças que recebem o zolgensma serão acompanhadas clinicamente até os
cinco anos de idade pelo serviço de referência responsável pela infusão.
Esse processo está alinhado com o Protocolo Clínico e com o Acordo de
Compartilhamento de Risco. Após a infusão, o paciente deve permanecer
internado por no mínimo 24 horas, sob observação clínica contínua.
AVANÇOS
Incorporações como a do zolgensma mostram a capacidade do SUS em
absorver terapias que envolvem alta complexidade. A adoção do modelo de
compartilhamento de risco é uma alternativa para aquisição de
medicamentos de altíssimo custo e cujos resultados requerem mais
evidências científicas.
Como vai funcionar o pagamento pelo governo:
- 40% do preço total, no ato da infusão da terapia;
- 20%, após 24 meses da infusão, se o paciente atingir controle da nuca; 20%, após 36 meses da infusão, se o paciente alcançar controle de tronco (sentar-se por, no mínimo, 10 segundos sem apoio);
- 20%, após 48 meses da infusão, se houver manutenção dos ganhos motores alcançados;
- Haverá cancelamento das parcelas se houver óbito ou progressão da doença para ventilação mecânica permanente.
Onde encontrar os serviços de referência
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Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República