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Foto: Divulgação
IR 2025: Por que sua aposentadoria depende do entendimento das alíquotas = Por Vinicius Resende
A previdência complementar fechada, também conhecida como fundos de
pensão, é uma importante ferramenta para planejamento financeiro de
longo prazo. Além de possibilitar a formação de uma reserva para
aposentadoria, ela oferece benefícios fiscais que podem ser aproveitados
por seus participantes, especialmente neste momento do ano, hora em que
mais de 42 milhões de brasileiros declaram o Imposto de Renda (IR).
Contudo, compreender as regras de tributação, escolher o regime
adequado e declarar corretamente as informações no IR são passos
fundamentais para aproveitar ao máximo esses benefícios. Mas, antes de
entrarmos na seara fiscal, cabe destacar as características da
previdência complementar fechada, que difere dos planos previdenciários –
PGBL e VGBL – ofertados pelas instituições financeiras, ou previdência
complementar aberta, como é chamada no mercado.
A previdência fechada se caracteriza pela oferta de planos a grupos
específicos, como funcionários de uma empresa ou membros de uma
associação, denominados patrocinadoras e instituidores, que fazem
contribuições regulares ao plano. Recursos que são investidos para gerar
retorno ao longo do tempo.
Um dos grandes atrativos para quem faz aportes na previdência
complementar, seja ela aberta ou fechada, pode ser observado no
preenchimento anual do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF). A Receita
Federal permite deduzir essas contribuições até o limite de 12% da
renda bruta tributável anual.
Para exemplificar, se um participante tem uma renda tributável de R$
100.000 por ano, pode deduzir até R$ 12.000 dos aportes realizados no
plano. Essa dedução incide diretamente na base de cálculo do imposto de
renda, que cai para R$ 88.000 no exemplo, diminuindo o valor de IR a ser
pago ou aumentando a restituição.
Por isso, é importante, antes de definir o valor das contribuições
anuais, calcular sua renda bruta tributável e verificar qual seria o
montante máximo de contribuição dentro do limite de 12% para evitar
desperdício de oportunidades fiscais. Realizar contribuições extras
mensais ao longo do ano facilita o controle financeiro e garante que o
limite máximo seja aproveitado sem sobrecarga no orçamento.
É importante ressaltar que essa dedução não se aplica ao regime
simplificado de declaração do IR, que oferece um desconto padrão de 20%
sobre a renda tributável. Ou seja, para usufruir do benefício é preciso
declarar o IR pelo modelo completo.
Além das deduções permitidas durante a fase de acumulação, há mais
estratégias que podem ser adotadas para reduzir o impacto tributário na
fase de resgate ou recebimento dos benefícios. Trata-se da escolha dos
regimes de tributação aplicáveis à previdência complementar, que são a
tabela regressiva e a tabela progressiva. A escolha entre essas opções
impacta diretamente o valor dos impostos a serem pagos.
A tabela progressiva segue o mesmo modelo do IRPF. Nesse regime, os
valores recebidos como benefício ou resgate são sujeitos às alíquotas
progressivas do IR. Quanto maior o valor recebido, maior será a alíquota
aplicada, que pode variar de 0% (isento) até 27,5%. Ele é mais indicado
para quem planeja receber valores menores ao longo da aposentadoria ou
que tenha outras fontes de renda que já se enquadram em faixas mais
altas de tributação.
Já a tabela regressiva, por outro lado, é baseada no tempo em que o
dinheiro permanece investido no plano. Quanto maior o período de
acumulação, menor será a alíquota aplicada no momento do resgate ou
recebimento dos benefícios. As alíquotas variam de 35%, para prazos
inferiores a dois anos, até 10%, para prazos superiores a dez anos.
Em resumo, o regime progressivo é mais vantajoso para quem tem um
horizonte de longo prazo e pretende acumular recursos por muitos anos
antes de realizar resgates ou começar a receber os benefícios. A tabela
regressiva incentiva o planejamento financeiro de longo prazo, reduzindo
significativamente o impacto tributário.
Outra dica valiosa para aproveitar ao máximo os benefícios fiscais
previstos para participantes de planos previdenciários: evite resgatar
grandes volumes em um único ano, especialmente se estiver sob a tabela
progressiva. Isso pode elevar sua base tributável e aumentar
significativamente os impostos pagos.
Importante lembrar ainda que os planos previdenciários têm como
objetivos principais a realização de sonhos de longo prazo ou
complementar a renda na fase da aposentadoria, para garantir menor
dependência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que limita os
pagamentos aos aposentados a um teto – de R$ 8.157,41, em 2025. O
segredo está em começar cedo, contribuir regularmente e evitar resgates
antecipados.
A previdência complementar fechada é uma ferramenta poderosa tanto
para planejamento financeiro quanto para otimização fiscal. Entender
como funciona a tributação e adotar estratégias adequadas pode gerar
economia significativa ao longo dos anos e garantir maior tranquilidade
na aposentadoria.
Aproveitar as deduções permitidas até o limite de 12% da renda
tributável e escolher entre as tabelas progressiva e regressiva com base
em seus objetivos financeiros são passos fundamentais para maximizar os
benefícios desse tipo de plano. Com um planejamento cuidadoso e uma
visão de longo prazo, o cidadão estará mais preparado para enfrentar os
desafios financeiros futuros enquanto minimiza os impactos fiscais.
*Vinicius Resende é Diretor de Clientes da BB Previdência,
empresa de previdência complementar fechada vinculada ao Banco do Brasil