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Foto: Divulgação
Especialista alerta para riscos dos gramados sintéticos após críticas de Neymar e Lucas Moura
Neymar (Santos), Lucas Moura (São Paulo), Memphis Depay (Corinthians) e Gerson (Flamengo) estão entre os jogadores que, nesta segunda-feira (18), divulgaram um comunicado conjunto posicionando-se contra o uso de gramados sintéticos no futebol brasileiro. A manifestação ressalta preocupações com a qualidade do jogo e, principalmente, com a saúde dos atletas. Dados do Campeonato Brasileiro de 2023 indicam que, a cada 10 partidas, ocorrem 1,62 lesões de grau 2 ou 3 em gramados artificiais, enquanto em campos de grama natural esse número é de 0,40 lesões.
Clubes que adotaram gramado sintético e os riscos para os jogadores
Clubes como Palmeiras, Botafogo, Athletico Paranaense e, mais recentemente, Atlético Mineiro, adotaram gramados sintéticos em seus estádios. O Athletico-PR foi pioneiro, implementando o piso artificial na Ligga Arena em 2016. O Palmeiras seguiu o exemplo, instalando grama sintética no Allianz Parque, e o Botafogo adotou a superfície no Estádio Nilton Santos. Em dezembro de 2024, o Atlético Mineiro anunciou a transição em seu estádio.
A principal preocupação dos atletas reside na biomecânica das superfícies artificiais. Diferentemente da grama natural, que oferece amortecimento e menor atrito, os gramados sintéticos são mais rígidos e aumentam o atrito com as chuteiras, elevando o risco de lesões.
Para o Dr. Brasil Sales, ortopedista e especialista em medicina intervencionista da dor que atende em diversas cidades do Mato Grosso, a diferença é evidente. “Nos gramados sintéticos, o pé tende a travar no solo, dificultando movimentos naturais e aumentando a incidência de entorses e lesões ligamentares, especialmente no ligamento cruzado anterior (LCA), que podem afastar os jogadores por longos períodos”, revela.
Impacto das lesões e como minimizar os riscos
Além das lesões ligamentares, há um aumento na ocorrência de fraturas por estresse e tendinites em campos artificiais. “A rigidez do piso contribui para uma maior sobrecarga nas articulações e músculos, resultando em dores crônicas e potencial redução da longevidade na carreira dos atletas. O impacto repetitivo pode levar a microlesões que, acumuladas, evoluem para quadros mais graves”, alerta.
Para mitigar esses riscos, é fundamental que os jogadores adotem medidas preventivas. O uso de calçados adequados para gramados sintéticos pode ajudar a reduzir o atrito e melhorar a distribuição da pressão nos pés. Além disso, programas de fortalecimento muscular focados em tornozelos e joelhos são essenciais para proporcionar maior estabilidade articular. “Exercícios de propriocepção e equilíbrio devem ser incorporados na rotina de treinamento para preparar o corpo para as especificidades do jogo em superfícies artificiais”, recomenda o especialista.
O futuro dos gramados sintéticos no futebol brasileiro
Nas principais ligas da Europa, como Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha, França, Portugal e Holanda, o uso de gramados sintéticos é proibido nas divisões principais. Além disso, a Comissão Europeia anunciou planos para eliminar gradualmente os campos artificiais em todas as instalações esportivas até 2031, visando reduzir a emissão de microplásticos no meio ambiente.
No Brasil, a discussão sobre a segurança dos gramados sintéticos no futebol brasileiro está em evidência, especialmente após a manifestação de alguns dos principais jogadores do país. Enquanto alguns clubes defendem a utilização dessas superfícies, citando certificações e estudos que apontam para a segurança do piso, os atletas destacam a necessidade de priorizar a saúde e o bem-estar dos profissionais.
“É fundamental que haja um diálogo aberto entre jogadores, clubes e entidades responsáveis para avaliar os reais impactos dos gramados sintéticos e buscar soluções que garantam a integridade física dos atletas”, conclui Dr. Brasil Sales.
Sobre o Dr. Brasil Sales
Dr. Brasil Sales é ortopedista, acupunturista e especialista em medicina intervencionista da dor, com formação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Realizou residência em Ortopedia e Traumatologia no Núcleo Hospitalar Universitário (UFMS) e especialização em Cirurgia de Joelho na Clínica Ortopédica Cidade Jardim, em São Paulo. É membro de diversas sociedades médicas, incluindo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e o Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA).
Atua em várias cidades do Mato Grosso, oferecendo tratamentos como viscosuplementação, infiltração de pontos-gatilho, mesoterapia, acupuntura, eletroestimulação e terapia por ondas de choque. Seu compromisso é proporcionar cuidados de saúde especializados e acessíveis, visando o alívio da dor e a melhoria da qualidade de vida de seus pacientes.
Por Carolina Lara