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ARTIGO - Uso de IA no cinema: como aproveitar a tecnologia de forma ética, inclusiva e sustentável? = Por Gleyber Rodrigues
A evolução da inteligência artificial (IA) está revolucionando a produção cinematográfica e a computação gráfica. Com possibilidades que vão desde recriar personagens icônicos a automatizar dublagens, a IA não apenas reduz custos, mas também expande as possibilidades criativas. Um exemplo prático do seu uso no cinema está no filme Star Wars: Rogue One, que usou IA para recriar Peter Cushing como Grand Moff Tarkin décadas após o falecimento do ator. A tecnologia permitiu uma representação fiel e dinâmica, abrindo portas para o uso de personagens históricos em novas narrativas. No campo das dublagens, plataformas como a Synthesia já conseguem replicar vozes de atores em múltiplos idiomas, reduzindo o tempo e os custos de produção.
No entanto, essa transformação também traz à tona questões éticas e legais que ainda estão longe de serem resolvidas. Segundo a Grand View Research, o mercado global de IA para o setor de entretenimento está projetado para crescer 26,9% ao ano, atingindo US$ 48 bilhões até 2030. Esse crescimento reflete o interesse crescente de estúdios e produtores em incorporar IA em suas operações. Apesar das vantagens, o uso de IA também levanta debates sobre direitos autorais e privacidade. No Brasil, por exemplo, o Marco Regulatório da IA, em discussão, ainda não cobre explicitamente o uso de vozes e imagens de pessoas falecidas ou vivas, deixando brechas para conflitos jurídicos. Outro ponto crítico é a ética no uso da tecnologia: até que ponto é aceitável recriar digitalmente alguém sem consentimento explícito?
A inteligência artificial oferece um horizonte ilimitado para o setor audiovisual, permitindo produções mais ousadas e acessíveis. No entanto, as empresas precisam equilibrar inovação com conformidade legal e ética, especialmente em um cenário onde a regulamentação ainda está se formando.
Enquanto o uso da IA redefine a criatividade, o setor audiovisual enfrenta a responsabilidade de moldar práticas justas e transparentes. Essa discussão será central nos próximos anos e definirá o futuro da indústria. Para empresas, criadores e consumidores, é o momento de colaborar para garantir que a tecnologia seja uma aliada na construção de um setor audiovisual mais inclusivo e sustentável.
A pergunta que fica é: como a tecnologia pode ser usada para contar histórias, sem apagar as vozes e os direitos de quem as criou?
Gleyber Rodrigues, especialista em marketing e tecnologia, reconhecido por unir estratégias inovadoras e ferramentas tecnológicas, auxiliando marcas e profissionais no Brasil e nos Estados Unidos