A Galatea Salvador tem o prazer de apresentar, a partir do dia 13 de novembro de 2025, duas exposições individuais simultâneas: A Invenção da Maré, primeira individual da artista Poli Pieratti na capital baiana, e Chuva de Prata, instalação inédita de Estela Sokol que marca a ativação inaugural do cofre da galeria. As mostras, com abordagens distintas, convergem em uma investigação sensível sobre espaço, percepção, materialidade e sensorialidade.

Poli Pieratti | A Invenção da Maré – Salão Principal da Galatea

Nascida em Brasília (1987), Poli Pieratti apresenta uma série de 11 obras inéditas que exploram a força simbólica e emocional do mar, evocando tanto paisagens sensoriais quanto a mitologia feminina. A mostra conta com texto crítico da escritora e curadora Veronica Stigger.

Inspirada pelo mito da ninfa Galatea, uma das nereidas da mitologia grega, Pieratti cria uma pintura em que as imagens surgem em estado latente, como matéria ainda em formação, oscilando entre a abstração e a figuração. Suas telas, marcadas por uma visualidade iridescente e gestualidade expressiva, aludem a rochedos, ondas, falésias, corais e à própria figura de Galatea, num jogo poético entre forma e fluidez.

Com forte caráter site-specific, a artista concebeu a exposição a partir das dimensões e do modernismo arquitetônico da sede baiana da Galatea. As pinturas, em escalas diversas — do grande ao mínimo formato —, funcionam como encaixes da própria arquitetura, propondo um diálogo direto com o espaço físico da galeria.

“Em A Invenção da Maré, crio uma série de pinturas onde sigo a investigação sobre as poéticas da imagem material — aquela que precede a imagem formal e que surge a partir dos elementos da natureza. O mito da ninfa Galatea norteia os processos. Penso o mar como ambiente vivíssimo, onde o feminino ecoa nas águas mais brandas e nas mais ferozes. Apresento, a partir de paisagens sensoriais, a costa, a superfície, os reflexos, as ondulações e as profundezas do oceano.” — Poli Pieratti

Esta é a primeira individual da artista em Salvador, reafirmando sua pesquisa sobre memória, mito, território e corpo, já presente em mostras anteriores como Submersas e Terra do Mar.

Estela Sokol | Chuva de Prata – Cofre da Galatea

No interior do Cofre da Galatea — espaço expositivo localizado no primeiro edifício modernista da Rua Chile, e que abrigava um banco antes de sediar a galeria —, Estela Sokol apresenta a instalação Chuva de Prata, composta por 300 módulos fotoluminescentes que absorvem luz artificial à noite e irradiam luminosidade no escuro durante o dia. A obra propõe uma experiência imersiva e sensorial, em que luz, tempo e presença do público tornam-se elementos ativadores da percepção.

Conhecida por transitar entre pintura, escultura, instalação e intervenções no espaço público, Sokol combina materiais industriais e naturais como resina, concreto, mármore, metais, tecidos e pigmentos fotoluminescentes, criando composições que exploram cor, luz e espaço de forma original e poética. Em Chuva de Prata, pigmentos azuis e amarelos são aplicados sobre estruturas de talagarça em formas que dialogam com a arquitetura modernista e com padrões da natureza. A instalação inclui ainda esculturas de parede e de chão, além de um letreiro de neon na fachada da galeria, expandindo a experiência para o espaço urbano.

A artista desloca os limites entre pintura e escultura por meio da sobreposição de materiais translúcidos e opacos, produzindo variações cromáticas mesmo sem o uso da tinta. Suas obras se caracterizam pelo rigor formal aliado à liberdade experimental, evocando silêncio, delicadeza e uma economia de gestos.

Estela Sokol (1979, São Paulo) participou de residências artísticas em Paris, Linz, Portugal e recebeu prêmios como o Prix Piza (2019) e o Concurso Itamaraty de Arte Contemporânea (2011). Expôs individualmente em instituições como Orlando (SP), Galeria Karla Osorio (DF) e Casa de Cultura do Parque (SP), além de coletivas como a 13ª Bienal do Mercosul (2023), GASTRÄUME Public Art (Zurique, 2020) e no MAC USP (SP). Suas obras integram acervos públicos como a Pinacoteca do Estado, MAC USP, Itamaraty e coleções internacionais como a Mallin Collection (EUA).

O título Chuva de Prata convoca uma imagem sensorial e coletiva — algo que nunca se viu, mas todos reconhecem —, evocando uma memória poética que transforma o espaço em pura experiência.

Dois espaços, dois gestos curatoriais, uma nova fase

As exposições de Poli Pieratti e Estela Sokol inauguram uma nova etapa da atuação da Galatea em Salvador, com a ocupação simultânea de seus dois espaços expositivos — o salão principal e o cofre. Essa expansão abre caminho para novas possibilidades de curadoria, ativação espacial e diálogo com o público.

Sobre a Galatea

Sob o comando dos sócios Antonia Bergamin, Conrado Mesquita e Tomás Toledo, a Galatea conta com dois espaços vizinhos na cidade de São Paulo: a unidade localizada na Rua Oscar Freire, 379 e a nova unidade localizada na Rua Padre João Manoel, 808. A galeria também tem uma sede em Salvador, na Rua Chile, 22, no centro histórico da capital baiana.

A Galatea surge a partir das diferentes e complementares trajetórias e vivências de seus sócios-fundadores: Antonia Bergamin, que foi sócia-diretora de uma galeria de grande porte em São Paulo; Conrado Mesquita, marchand e colecionador especializado em descobrir grandes obras em lugares improváveis; e Tomás Toledo, curador que contribuiu para a histórica renovação institucional do MASP, saindo em 2022 como curador-chefe.

Com foco na arte brasileira moderna e contemporânea, trabalha e comercializa tanto nomes consagrados do cenário artístico nacional quanto novos talentos da arte contemporânea, além de promover o resgate de artistas históricos. Idealizada com o propósito de valorizar as relações que dão vida à arte, a galeria surge no mercado para reinventar e aprofundar as conexões entre artistas, galeristas e colecionadores.

Serviço:

Poli Pieratti – A Invenção da Maré

Estela Sokol – Chuva de Prata

Local: Galatea Salvador

Endereço: R. Chile, 22 - Centro, Salvador - BA

Abertura: 13 de novembro | 18h às 21h

Período expositivo: 13 de novembro a 17 de janeiro

Horários: Terça a quinta das 10 às 19h | Sexta das 10h às 18h | Sábado das 11h às 15h 

Por Otávio Garcia