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Estreia do documentário “Minha Cuba, Minha Máxima Cuba”, de Júlio Góes, celebra a trajetória de Wilson Mello, o mais irreverente dos atores baianos
No dia 20 de novembro, o Cinema do Museu (Corredor da Vitória, Salvador) será palco de uma homenagem emocionante a um dos maiores nomes do teatro baiano. O longa-metragem “Minha Cuba, Minha Máxima Cuba”, dirigido por Júlio Góes, tem estreia marcada com duas sessões especiais, às 19h e 20h45, ambas com a presença do diretor e de integrantes da equipe.
O documentário mergulha na vida e obra de Wilson Mello (1933–2010) — ator e ícone da cena cultural baiana — revelando seu talento multifacetado, sua irreverência e o amor visceral pela arte e pela cidade de Salvador. Através de imagens raras, trechos de filmes e espetáculos, além de depoimentos de grandes nomes da cultura, a obra reconstrói a trajetória de quase cinco décadas do artista que marcou gerações com seu humor afiado, sua presença cênica inesquecível e seu carisma contagiante.
Um brinde à memória do teatro baiano
O título “Minha Cuba, Minha Máxima Cuba” nasceu de uma expressão célebre de Mello, usada para pedir seu drink predileto — a tradicional Cuba Libre — sempre acompanhada de irreverência e teatralidade. A brincadeira com a frase católica mea culpa, mea maxima culpa sintetiza bem o espírito do ator: sarcástico, debochado, livre, e profundamente humano.
No filme, Júlio Góes transforma essa anedota em metáfora para revisitar o legado do artista, que soube unir o prazer e o pensamento, o sagrado e o profano, a arte e a vida cotidiana.
Quase cinco décadas em cena
Com uma carreira que atravessou mais de 100 montagens teatrais, Wilson Mello foi um dos pilares do teatro moderno baiano. Sua estreia profissional aconteceu em 1964, na inauguração do Teatro Vila Velha, no histórico espetáculo Eles não usam Black Tie, de Gianfrancesco Guarnieri, dirigido por João Augusto Azevedo. A montagem marcou época e inaugurou uma nova era para o teatro na Bahia.
Mello brilhou em produções memoráveis como Quincas Berro d’Água (em duas versões, de 1972 e 1996), Lábios que Beijei (ao lado de Nilda Spencer), Horário de Visitas, A Vida de Eduardo II, Ensina-me a Viver e O Terceiro Sinal, seu último espetáculo, em 2008.
Além do teatro, o ator construiu uma filmografia notável, com participações em clássicos do cinema nacional, como “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (Bruno Barreto, 1975), “Tenda dos Milagres” (Nelson Pereira dos Santos, 1977), “A Guerra dos Pelados” (Guga de Oliveira, 1977), “Jubiabá” (Nelson Pereira dos Santos, 1987), “Tieta do Agreste” (Cacá Diegues, 1996), “Cascalho” (Tuna Espinheira, 2004), “Eu Me Lembro” (Edgar Navarro, 2005) e “Jardim das Folhas Sagradas” (Pola Ribeiro, 2009).
Uma figura mítica da cultura baiana
Carinhosamente apelidado de Melão, Wilson Mello tornou-se um personagem vivo da própria Salvador. Sua presença era tão marcante quanto suas interpretações — um artista que transitava entre o popular e o sofisticado, entre o trágico e o cômico, mantendo sempre um elo afetivo com o público.
O documentário apresenta depoimentos de personalidades como o cineasta José Walter Lima, o diretor Paulo Dourado, a professora e dramaturga Cleise Mendes, entre outros, além de cenas de arquivo que resgatam a energia e a verve do ator, reconhecido nas ruas, nos palcos e nos corações de quem o conheceu.
Júlio Góes: cinco anos de pesquisa e memória
Com formação e trajetória nas artes cênicas, Júlio Góes é diretor, roteirista e escritor. Depois de décadas dedicadas ao teatro, ele se voltou ao cinema com o mesmo rigor poético. Em Minha Cuba, Minha Máxima Cuba, o diretor dedicou cinco anos de pesquisa para reunir imagens, depoimentos e memórias que retratam a importância histórica e afetiva de Mello para a arte brasileira.
Inspirado em referências como A Entrevista, de Federico Fellini, e nas composições de Shostakovich e Rachmaninoff, Góes constrói um documentário que mescla lirismo e realismo, memória e invenção — uma ode à Bahia, ao teatro e ao poder da presença cênica.
“Wilson Mello surgiu como uma figura de destaque na vida artística baiana nos anos 60, num paraíso urbano repleto de memórias e sensações. Com sua simpatia tonitruante, seduzia com afeto e gentileza. Resgatar sua história é preservar a memória antropológica, estética e cultural do nosso povo”, afirma o diretor.
Uma produção baiana de alcance nacional
“Minha Cuba, Minha Máxima Cuba” é uma realização da VPC CinemaVídeo, em coprodução com Abará Filmes e Og CineLab. O longa integra a Série Longas Bahia, da Abará Filmes, composta ainda por 1798 – Revolta dos Búzios, de Antonio Olavo; Revoada, de José Umberto Dias; Brazyl, uma Ópera Tragicrônica, de José Walter Lima; e Aprender a Sonhar, de Vítor Rocha.
A distribuição conta com financiamento da Lei Paulo Gustavo – Bahia, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) e do Ministério da Cultura (MinC), com apoio da Ancine/BRDE/FSA e do Governo Federal.
SERVIÇO
Estreia
do documentário “Minha Cuba, Minha Máxima Cuba”
Direção: Júlio Góes
Data: 20 de novembro de 2025
Sessões: 19h e 20h45 (com presença do diretor e equipe)
Local: Cinema do Museu – Corredor da Vitória, Salvador
Gênero: Documentário | Longa-metragem | Brasil, 2025
Produção: VPC CinemaVídeo
Coprodução: Abará Filmes e Og CineLab
Distribuição: Abará Filmes
Por Doris Pinheiro -
