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Os traumas e a esperança de uma mulher em busca da família
Renata Seldin narra, no livro As perdas no caminho: em busca de uma família, sua jornada na luta pela construção de uma família através da maternidade. Em um relato intimista sobre a mudança de seu olhar acerca do assunto, a autora passa pelas marcas emocionais de duas perdas gestacionais, procedimentos médicos e tentativas frustradas, com uma perspectiva sensível para as vulnerabilidades, os traumas e os desafios experienciados durante uma década, que afetaram desde suas relações pessoais até a maneira de compreender seu lugar no mundo e seu trabalho.
O enredo começa na juventude da escritora, em início de carreira, que ainda não sabia, na época, o que o futuro reservava. Enquanto planejava abrir uma empresa de consultoria em inovação, descobriu estar grávida de um homem com quem mantinha um namoro conturbado. Diante da gravidez inesperada, lidou com vários problemas de uma vez, como o enfrentamento de um aborto e a solidão de um relacionamento difícil.
Anos depois, solteira e treinando para uma meia-maratona, tendo alcançado o cargo de suas metas ao se tornar a primeira mulher diretora da unidade de consultoria de uma grande empresa, ela precisou ressignificar a jornada após descobrir que tinha poucos óvulos e teria que passar por uma série de procedimentos caso quisesse ter filhos. Entre os métodos de fertilização in vitro e congelamento de óvulos, conheceu um novo amor e engravidou naturalmente, mas sofreu um aborto. Após o fim desse relacionamento, Renata seguiu adiante, mesmo sozinha, em busca de sua família.
Culpo o mundo, os médicos, as escolas, as áreas de recursos humanos das empresas, a mídia, e tudo mais que eu puder culpar, por não levarem informação vital de forma clara para as mulheres sobre planejamento familiar. Hoje encaro isso como uma missão pessoal. Assim que conheço uma mulher em seus 30 anos e crio um mínimo de intimidade com ela, falo sobre congelamento de óvulos. (As perdas no caminho, p. 72)
Renata Seldin retrata, na publicação, que nada para enquanto uma mulher busca engravidar. Por isso, lidar com as frustrações dessas tentativas vem acompanhado de todas as emoções de continuar vivendo. Em paralelo a essa jornada, mudou de parceiros, perdeu os pais, reconstruiu sua rede de apoio, conquistou espaços inéditos para as profissionais, teve dificuldades financeiras e desiludiu-se com o próprio emprego.
Com um olhar otimista, a autora defende a importância de as mulheres serem ensinadas sobre planejamento familiar desde cedo. Em uma retrospectiva de sua trajetória, conscientiza as leitoras sobre como o conhecimento acerca das próprias escolhas podem transformar suas vidas pessoais e profissionais, além de promover uma discussão sobre a necessidade de direitos igualitários no mercado de trabalho, que acolhem mães — solo ou não — e tentantes. “O livro não é sobre maternidade, é sobre garantir que as mulheres preservem suas escolhas", afirma.
FICHA TÉCNICA
Título: As perdas no caminho
Subtítulo: Em busca de uma família
Autora: Renata Seldin
Editora: InVerso
ISBN: 978-85-5540-445-0
Páginas: 168
Preço: R$ 68
Onde comprar: Editora InVerso / Amazon
Sobre a autora: Renata Seldin é doutora em Gestão da Inovação, mestre em Engenharia de Produção e tem mais de 24 anos de experiência como executiva em consultoria de gestão. Ministra palestras sobre temas relacionados à igualdade de gênero no ambiente de trabalho, ao planejamento familiar e à superação de perdas. Atualmente, a escritora e influenciadora inspira mais de 30 mil seguidores com reflexões sobre autoestima, luto, resiliência e narrativas femininas. Seu livro As perdas no caminho: Em busca de uma família narra os desafios pessoais com a tentativa de engravidar. Também publicou “Pequenas crônicas sobre grandes coisas do dia a dia” (2024) e “O vazio” (2024).
Por Bárbara Fernandes Correa