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Primeira Formação Política da Aldeia Tukun une escuta ativa e debate sobre proteção e garantia de direitos para Território Indígena Tupinambá de Olivença
Diálogos sobre o bem viver. Assim ficou definida a primeira formação
política da Aldeia Tukun, realizada de 28 a 31 de agosto, no Território
Indígena Tupinambá de Olivença, no sul da Bahia. Ao longo dos quatro
dias, o encontro reuniu diversas atividades como rodas de conversa com
alunos e professores indígenas sobre o fazer político dentro das
comunidades. Também foram organizados grupos de trabalho sobre educação,
preservação ambiental, proteção e defesa dos direitos humanos.
Estas e outras demandas dos territórios foram trazidas por lideranças
Tupinambá de Olivença e de outras etnias como os Kariri Sapuyá de
Jequié, do Médio Rio de Contas. Organizada por lideranças locais, a ação
contou com o apoio da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH),
através da Coordenação dos Programas de Proteção executados pela pasta
na Bahia.
Ao longo dos dias, a formação foi dando espaço para escutas e trocas
em diferentes perspectivas. Saudando a ancestralidade, os encantados e a
história dos Tupinambá de Olivença, a abertura na quinta (28), contou
com um ritual em roda, com os indígenas de diversas comunidades do
Território como Serra Negra, Curutinga, Olivença, Jairi, Parque de
Olivença e outras. O rito foi repetido até o fim da formação, sempre
antes das atividades. Na quinta, foram apresentadas as dinâmicas da
atividade, os temas a serem abordados, o propósito da ação e a
importância do encaminhamento das demandas para instâncias como os
órgãos de governo e do sistema de justiça.
“Estamos fomentando a Primeira Formação Política da Aldeia Tukun para
a juventude, educadores, mulheres, homens, anciões, crianças, pois
acreditamos que precisamos reunir pessoas para dialogar sobre nossa
política de vida nas comunidades. Mas, também, trazer gente que esteja
em simbiose sobre o bem viver para todos, de modo a garantir nossa
autossustentabilidade, autoproteção, nossa própria educação e formas de
trazer conhecimentos. Isso nos traz condições de obter uma boa
comunicação, e de construir projetos de vida para as comunidades
envolvidas no Território Indígena Tupinambá de Olivença. Estamos nessa
missão de poder pensar qual estrutura queremos e que alianças podemos
formar”, destacou o Cacique Ramon Tupinambá.
“A SJDH tem um papel fundamental no combate a qualquer tipo de
violação de direitos humanos, sobretudo aos povos indígenas, comunidades
quilombolas, povos de terreiros e comunidades tradicionais em geral,
que são as mais atingidas. Estamos nesta formação, abertos a uma escuta
qualificada, junto ao cacicado e lideranças, para compreender a
complexidade dessas violações e articular, no Governo da Bahia, a melhor
forma de encaminhar soluções para as demandas apresentadas”, afirmou o
assessor técnico da Coordenação de Gestão e Monitoramento dos Programas
de Proteção da SJDH, Maurício Reis. Atualmente, 144 defensores e
defensoras de direitos humanos são atendidos por Programas de Proteção
executados pela SJDH. Destes, 51% são indígenas.
Estudantes
O segundo dia foi dedicado ao acolhimento de cerca de 150 estudantes e
professores das escolas indígenas, como o Colégio Estadual Indígena
Tupinambá de Olivença e não indígenas do Território. A professora e
cacique, Jesuína Tupinambá, destacou a importância da formação para a
promoção de direitos dos alunos e da comunidade. “Trouxemos nossos
alunos e jovens para fortalecer tudo aquilo que a gente já trabalha nas
nossas unidades escolares. Esse momento traz a convicção de como
funciona a política para que, através desse conhecimento, a gente
consiga garantir nossos direitos”, afirmou a mestra.
No terceiro dia, foi retomada a troca entre lideranças das
comunidades de diferentes Territórios, representantes de organizações
como a Teia dos Povos e Universidade dos Povos, e o Governo do Estado,
representado pela SJDH. Os grupos de trabalho foram direcionados a
temáticas como ‘educação e território’, ‘formação política’,
‘preservação da mata atlântica’ e ‘juventude’. Cada grupo evidenciou
questões relacionadas à melhora no acesso à água, energia, saneamento,
infraestrutura das casas, manutenção da garantia de direitos. Também
trouxeram à tona ações que já vêm sendo realizadas ao longo do tempo,
como o plantio, em 2020, de 20 mil mudas de árvores nativas da Mata
Atlântica. Em novembro, será realizada uma Assembleia da Juventude na
Aldeia Tukun.