
Foto: Divulgação
Estudo revela benefícios das artes manuais para a saúde mental
Atualmente, as artes manuais têm se destacado como uma poderosa ferramenta para
o equilíbrio mental. Um estudo recente, publicado pela Frontiers in Public Health,
mostrou que as artes manuais exercem uma influência considerável na saúde mental,
proporcionando vantagens como diminuição do estresse, melhora do humor e aumento
da autoestima. Esta descoberta reforça a importância de atividades como pintura e
desenho, não só como meio de expressão criativa, mas também como um ótimo
instrumento terapêutico.
Segundo o Professor Laqua, ilustrador de livros infantis e professor de desenho, a
prática artística é uma forma única de conexão consigo mesmo e com o mundo. “O
desenho é uma das formas de expressão mais antigas da humanidade”, explica Laqua.
“Durante nosso crescimento, o desenho vem antes da escrita e todas as crianças
fazem isso naturalmente. E o mais interessante é que as crianças se divertem e
contam as histórias que habitam sua imaginação por meio de personagens expressivos
e traço espontâneo.”
De acordo com ele, essa espontaneidade infantil não desaparece com o passar do
tempo. Pelo contrário, quando os adultos retomam o contato com as artes manuais,
experimentam uma combinação de nostalgia, memórias afetivas e, principalmente, um
sentimento de descoberta.
As artes manuais, além de oferecerem um momento de reflexão, podem ser
extremamente terapêuticas, auxiliando indivíduos a vencer obstáculos emocionais.
Para provar isso, Laqua compartilha a trajetória de Jussara Siqueira, uma estudante
que, aos 67 anos, decidiu retomar seu sonho de infância: estudar arte. “Jussara havia
sido aprovada na Belas Artes aos 18 anos, mas logo ficou grávida e teve que
abandonar a faculdade. Após décadas trabalhando em outras áreas, ela voltou a
desenhar e, com dedicação e orientação, não apenas ilustrou dois livros, como também
voltou à faculdade e se graduou em Pintura aos 73 anos. Foi um resgate de um sonho
e uma vitória pessoal impressionante”, conta ele.
É importante destacar que o processo de aprendizagem não precisa ser intimidador;
Laqua acredita que qualquer pessoa pode aprender a desenhar e tirar proveito dessa
habilidade. “O desenho é uma atividade social e introspectiva ao mesmo tempo. Com
um bom professor e método, qualquer um pode encontrar sua voz artística. O
importante é encarar o início sem medo. Em poucas semanas ou meses, os alunos
começam a ver resultados que os encorajam a continuar.”
Além disso, é perfeitamente possível conciliar a prática artística com rotinas agitadas.
Para isso, o ilustrador sugere que as pessoas reservem pelo menos 45 minutos, três
vezes por semana, para a prática de desenho ou pintura. “Sem pressão, sem
compromisso com grandes feitos. Apenas um momento de autocuidado. Participar de
uma comunidade artística, seja presencial ou online, também é fundamental para
manter a motivação e sentir-se acolhido.”
Segundo Laqua, as artes manuais não são apenas uma forma de expressão, mas
também uma maneira de resistir ao excesso de estímulos digitais que dominam o dia a
dia contemporâneo. “Na era da inteligência artificial e das telas, as artes tradicionais
oferecem um respiro. Elas resgatam nossa essência e nos conectam a algo mais
humano. Essa sensibilidade criativa nunca será substituída por algoritmos.”
Portanto, as artes manuais se apresentam não somente como uma terapia, mas
também como um estímulo ao autoconhecimento e à reinvenção. Seja para vencer
obstáculos pessoais ou simplesmente para encontrar momentos de tranquilidade em
meio à agitação, o ato de criar pode ser transformador, uma prática que, nas palavras
de Laqua, “nos reconecta à nossa essência e nos faz enxergar o mundo e a nós
mesmos com novos olhos”