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Cerca de 12 milhões de empregos serão ressignificados por I.A’s até 2030, aponta pesquisa. Confira quais profissões irão crescer
Já imaginou questionar o futuro da Inteligência Artificial a uma I.A? No que tange à mão de obra humana, a resposta do ChatGPT – OpenAI, é direta, “sim, a IA vai substituir algumas funções humanas, mas também vai criar outras”. A resposta da própria I.A generativa é um alerta ao mercado de trabalho. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 12 milhões de mudanças ocupacionais estão previstas até 2030 por influência das computações cognitivas, segundo estudo recente da McKinsey. Ser
substituído por uma máquina parece tão distópico quanto real,
entretanto, não é como a peça teatral “R.U.R: Os Robôs Universais de
Rossum” – do escritor tcheco Karel ?apek, tragicamente previa. Apesar da
transfiguração do cenário laboral, as mudanças não têm recuado os
brasileiros. Pelo contrário, o interesse do país pelo uso de I.A’s cresceu 54% no último ano – acima da média global de 48%, de acordo com o Google, em parceria com a Ipsos. Líderes em mudanças disruptivas, a GenZ puxa o carro dos chatbots. Cerca de 93% dos nascidos entre 1995 e 2010 (Geração Z) já utilizam duas ou mais ferramentas de I.A’s semanalmente no trabalho, aponta pesquisa do Google Workspace. Para o especialista em transição de carreira e diretor da Transite, Vinicius Walsh,
é importante que as novas gerações já se familiarizem com as
ferramentas e sejam orientadas, desde as formações acadêmicas, a
respeito das profissões que envolvem I.A’s. “Na
minha época, pensar em Inteligência Artificial era coisa de filme. Se
alguém falasse em computação cognitiva, era como se estivéssemos falando
da ficção científica ‘A.I - Inteligência Artificial’, do Steven
Spielberg. Observe como o mundo evoluiu em menos de 20 anos. Foi em 2022
que o ChatGPT chegou e diferente da IA tradicional, voltada à automação
de tarefas repetitivas, já estamos em uma era com IA generativa, que
lida com criação de conteúdo — como textos, imagens, códigos e músicas,
em um nível de sofisticação inédito. Portanto, é uma tendência sim que
as profissões e as vidas sejam ressignificadas, não só nos EUA, e sim em escala global”, alerta. Os estreantes e veteranos do mercado de trabalho devem lidar juntos, portanto, com a geração de 170 milhões de empregos e a destituição de outros 92 milhões até 2030. A amostragem é do “Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2025”, da World Economic Forum. Segundo os insights da
pesquisa, carreiras e habilidades mais requisitadas por empregadores
convergem em um novo fenômeno: expertises com Inteligência Artificial. Ainda segundo o relatório, 86% dos empregadores esperam que a inteligência artificial (IA) e as tecnologias de processamento de informação transformem seus negócios até 2030. Para Walsh,
essa transição emergente precisa ser entendida para quem deseja
permanecer no mercado de trabalho – e já vem sendo difundida na educação
do país. De acordo com uma pesquisa entre docentes proposta pelo
Instituto Semesp, 74% dos entrevistados já concordam com o uso da inteligência artificial no ensino, seja parcial ou totalmente. “Não
me admira que daqui alguns anos, inteligências artificiais sejam
difundidas até como matérias da educação base. O mercado de trabalho
está se transformando com o avanço das ferramentas generativas, como
ChatGPT e Midjourney. Habilidades como design de prompts, programação e
análise de dados gerados por IA’s vem se tornando cada vez mais
essenciais para os graduandos. A versatilidade para mudar de carreira,
portanto, será acompanhada também do conhecimento prévio e manuseio
dessas ferramentas”, explica. Especialista em transição de carreira, Vinicius Walsh explica que a adaptação laboral daqui há alguns anos será além dos modelos de trabalho, como as recentes tendências do workation, escalas 4/3, modelos híbridos e home offices. A próxima grande mudança, segundo o diretor da Transite, está no surgimento de profissões voltadas exclusivamente à manutenção, curadoria, engenharia e ética de Inteligências Artificiais. O profissional aposta na alta de pelo menos 4 profissões: engenharia de prompt; especialista em ética e direito em I.A's; UX designers e de chatbots (ou personalidades virtuais) e tradutores culturais para machine learning. Entre as profissões destituídas ou ressignificadas, Vinicius elenca a automatização emergente em call centers, caixas de supermercado, despachantes de transporte e inventários logísticos nas operações de varejo. Conjecturando os próximos anos da I.A generativa, o especialista aponta a automação de tarefas operacionais e a criação de novos cargos híbridos, como “analistas de IA aplicada ao RH” até o fim de 2025 – no curto prazo. Entre os anos de 2026 a 2028 (médio prazo), Walsh afirma
que as profissões relacionadas à IA se consolidarão, com ênfase em
regulação e governança, além da expansão nas formações profissionais.
Após 2030 (longo prazo), as I.A’s devem ocupar totalmente as rotinas de
trabalho, com foco em criatividade, empatia e liderança estratégica. “A
curto prazo, em até três anos, veremos a constante integralização das
Inteligências Artificiais com nossa vida em geral. Seja em assistentes
de smartphones, sistemas inteligentes de home care ou até mesmo na
criação de novas profissões. A médio prazo, entretanto, uma mudança real
na regulação global de I.A’s deve acontecer. Será mais do que trends
com fotos usando o molde do Studio Ghibli, teremos automação para todos
os lados. Se em fast foods já não vemos mais tantos atendentes, e nem
estamos falando ainda de inteligências artificiais de fato, imagine
quando acontecer essa integração. Agora expanda para o mercado em geral.
Será uma transformação e tanta”, conclui. Questionado sobre quais seriam as profissões no “longo prazo” das I.A’s, Vinicius exemplifica carreiras voltadas à desenvolvimento de interfaces neurais e devs de agentes autônomos, entretanto, seria uma configuração para além de 10 anos, em um futuro ainda incerto. Por Júlio César