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Lula Oliveira celebra 30 anos de carreira com estreia de seu primeiro longa-metragem nas Salas de Cinema
Com quase três décadas de dedicação ao cinema brasileiro, o cineasta baiano Lula Oliveira comemora uma trajetória marcada por amor à linguagem audiovisual, engajamento político e uma profunda conexão com as histórias de sua terra. Em maio, ele lança seu primeiro longa-metragem dentro do circuito comercial de distribuição, coroando uma jornada que teve início em 1995 com uma câmera VHS e uma exibição improvisada no Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador.
"São 30 anos de cinema com os filmes feitos no peito, na raça e na paixão", reflete Lula. A fala vem com o peso e a leveza de quem atravessou três décadas entregando-se ao cinema em suas múltiplas frentes: da política cultural à educação, da direção de atores à criação de narrativas urgentes e sensíveis.
Sua obra inaugural em película, "Na Terra do Sol", retratou a saga dos últimos sobreviventes da Guerra de Canudos e marcou sua entrada no circuito profissional. Mas antes disso, foram muitos os filmes feitos em contextos marginais, sem financiamento, como o filme “Morrão!”, documentário-ficção exibido em 1995, no Pelourinho, que falava sobre violência policial. “Transformar trauma em filme foi meu primeiro grande ato político como realizador”, afirma.
Desde então, Lula construiu uma filmografia que mistura ficção, documentário, videoinstalação e experimentalismo. Obras como "Fronteira do Invisível", "Perto do Fogo" e "Horizonte Vertical" ajudaram a sedimentar o audiovisual baiano como campo fértil de invenção, resistência e memória.
Mais que fazer filmes, Lula sempre enxergou o cinema como um modo de estar no mundo. Em sua carreira houve um momento em que também trabalhou na Secretaria do Audiovisual, durante o 2º mandato do governo Dilma Rousseff, e este momento foi essencial para ampliar o seu olhar para os muitos Brasis, que ainda precisam ser vistos e colocados em telas e essa era uma de suas ações. "Quando você faz cinema, esses filmes te acompanham para o resto da vida. Te perseguem quando você dá aula, quando milita, quando luta por políticas públicas", comenta o cineasta.
E essa sua vivência política ampliou a visão sobre o papel social do cinema. “O audiovisual não é só produção, é educação, distribuição, acessibilidade, exibição. É devolver à sociedade aquilo que ela financiou. O filme é um bem público.”
Aos 52 anos, Lula ainda se diz “uma criança no cinema”, porque apesar de uma trajetória consolidada, sua inquietação segue a mesma: contar histórias da Bahia para o mundo, revelar camadas invisíveis da vida urbana, dos territórios, do sincretismo religioso, das violências disfarçadas de amor, da potência coletiva que constrói o cinema brasileiro todos os dias, mesmo sem garantias.
“Viver do e para o cinema é uma escolha de fé. E, 30 anos depois, sigo com fome de criar, aprender e partilhar.” E é com essa energia que o diretor, Lula Oliveira, celebra a estreia de seu primeiro longa-metragem ficcional, “A Matriarca”, nas salas de cinema da capital baiana, a partir do dia 29 de maio.
Por Natália Carneiro