O show propõe um reencontro com a trajetória de mais de cinco décadas de Odair José e também um olhar sobre sua produção mais recente. “Nesse show, o público vai ter um encontro com o passado e o presente musical, entre histórias e pensamentos construídos em 56 anos de estrada”, antecipa o cantor.

A relação de Odair José com Salvador é antiga e carregada de afeto. “Minha primeira excursão fora do Rio de Janeiro foi para Salvador, em 1970… Voltar à cidade é uma oportunidade de comemorar um momento especial”, relembra. Agora, mais de meio século depois, o reencontro com o público baiano promete ser repleto de emoção e memórias.

Compositor de melodias simples e letras diretas, Odair construiu uma carreira sólida ao cantar o cotidiano das pessoas comuns — o amor, o desejo, os conflitos existenciais. “Alguns dizem que sou um cronista musical, e até gosto dessa definição… Minha forma de compor vem das observações do dia a dia, das emoções, dos conflitos. Procuro nas minhas músicas abrir um debate sobre o que fica escondido na alma ou mesmo num sistema de preconceitos e hipocrisias. E isso é atemporal.”

O artista também celebra a diversidade do público que o acompanha ao longo dos anos. “Tenho certeza de que meu repertório conquistou, com o tempo, um carinho respeitoso por parte das pessoas, não importando a idade — o que é muito gratificante. Procuro agradar a todos, mas sempre tem alguém dizendo que foi legal, mas faltou aquela música… É que são muitas!”

Quem viveu os anos 70 certamente se lembra do impacto causado por sua chegada ao cenário nacional. Odair José foi chamado de “cantor da pílula” e “Bob Dylan da Central do Brasil”, entre outras definições criadas pela imprensa para tentar traduzir sua ousadia e originalidade. Mas ele próprio se apresenta de forma mais precisa: “Um cantor, compositor e músico, mas, acima de tudo, um artista totalmente identificado com a cultura popular brasileira”.

Com milhões de discos vendidos, Odair foi um dos artistas que mais popularizou temas até então evitados pela música de grande alcance. Falou de prostitutas, empregadas domésticas, excluídos sociais, amores proibidos e identidades marginalizadas. Com isso, estabeleceu uma empatia poderosa com o público e ajudou a provocar mudanças importantes no comportamento da sociedade brasileira.

“É um enorme prazer estar de volta ao Teatro Sesc Casa do Comércio. Tenho uma canção que diz que ‘a felicidade não existe, o que existe na vida são momentos felizes’. Espero conseguir, junto ao público, viver nessa noite um momento para lembrar — e não para esquecer.”

Aos 75 anos, o artista continua em plena atividade e traz, com o show “Clássicos”, uma celebração do passado, do presente e de tudo que ainda há por vir. O projeto reafirma a força de sua obra e convida o público a redescobrir — ou descobrir pela primeira vez — o poder das canções que marcaram época e seguem atuais.

Serviço
ODAIR JOSÉ - CLÁSSICOS
DATA:  30 de maio (sexta-feira)
HORÁRIO: 20h
LOCAL: Teatro Sesc Casa do Comércio
VENDAS: Sympla

Por Caroline Coutinho