Foto: Divulgação
As Januárias renovam as Matrizes do Forró e lançam primeiro álbum audiovisual
Em algum momento do dia, você provavelmente rolou a tela do celular e encontrou três mulheres nordestinas cantando forró com uma força que atravessou fronteiras e ganhou repercussão mundial. O vídeo apareceu seguido de comentários em português, inglês e espanhol. A harmonia das vozes e a energia do trio chamaram atenção de pessoas que jamais tinham escutado forró. Essa cena apresentou As Januárias. O trio pernambucano formado por Mayra Barbosa, Mayara Barbosa e Sidcléa Cavalcanti lança neste sábado, 15 de novembro, o primeiro álbum audiovisual da carreira e confirma o alcance global de um gênero que nasceu no Nordeste.
O trio acumula mais de 15 milhões de visualizações em vídeos que circulam em plataformas digitais de diferentes países. O Instagram reúne 108 mil seguidores. Seguido pelo TikTok com 42,8 mil. E os números não param por aí. O Facebook registra 8,5 mil internautas. Já o YouTube contabiliza 5 mil inscritos. O Spotify mantém média de 3,4 mil ouvintes mensais. A presença digital ultrapassou divisas e aproximou o forró de públicos que antes não tinham acesso à tradição. As redes funcionam como palco global para o trio que tem consolidado, diariamente, a identidade das artistas como uma das principais expressões do forró feminino.
A trajetória das Januárias dialoga, por exemplo, com o legado que vai além de Luiz Gonzaga. O Rei do Baião levou o forró do Nordeste para o Brasil com sanfona, poesia e estrada. O trio segue as conexões digitais da internet para levar ao mundo a musicalidade do território nordestino. A formação artística das integrantes é profundamente influenciada por mulheres que pavimentaram caminhos no forró e na cultura popular. Entre as referências estão Marinês, Nádia Maia, Anastácia, Cristina Amaral, Lia de Itamaracá, entre outras vozes do gênero musical que é Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. As Januárias afirmam que seguiram passos de artistas que romperam barreiras, enfrentaram resistências e abriram espaço para novas gerações. O trio carrega a missão, enquanto nova geração, de seguir o próprio trabalho como continuidade de uma linhagem feminina que marcou a história da música nordestina.
O primeiro álbum do grupo, gravado em áudio e vídeo, reúne 15 músicas, sendo 13 releituras de faixas marcantes da história do trio. Entre as canções estão “Ela no Forró”, “A Zabumbeira é Quem Manda”, “Romance Olindense”, “Pimenta e Amor”, “Véu de Noiva” e “Laçou Meu Coração”. O projeto traz ainda duas faixas inéditas. As músicas “Forró no Interior” e “Cangaceira” aprofundam a estética do grupo e reafirmam elementos regionais.
O trabalho se apoia nas Matrizes Tradicionais do Forró. O gênero combina música, dança e instrumentos característicos. A tradição reúne práticas sociais construídas em bailes, festas e encontros populares desde o início do século XX. A palavra forró passou a indicar música para ouvir e dançar. O termo ganhou também o sentido de evento com repertório que inclui baião, xote, xaxado, rojão, xamego, balanço, miudinho, forró-samba e arrastapé. O universo do forró se moldou nesses ambientes de convívio e consolidou expressões que atravessam gerações.
A identidade das Januárias nasceu em Nazaré da Mata e se desenvolveu em Olinda. As artistas cresceram entre ritmos do território do canavial e as manifestações culturais da Região Metropolitana do Recife. A Escola Técnica de Criatividade Musical aproximou o trio e fortaleceu a decisão de seguir o forró como projeto artístico. As vivências em engenhos, terreiros e festas populares, inclusive, moldaram a estética que está presente no álbum.
A gravação das faixas músicas em formato audiovisual reafirma o compromisso do trio com a preservação da memória cultural, ampliando o alcance e documentando a presença feminina no forró. O projeto inclui, também, legendas e busca garantir acessibilidade para pessoas com deficiência.
O lançamento acontece no mês do aniversário de Marinês. A homenagem reconhece a importância da Rainha do Xaxado e reforça o vínculo do trio com as pioneiras que transformaram o forró. As três artistas afirmam que Marinês abriu caminhos históricos e influenciou diretamente o trabalho realizado hoje por mulheres no palco.
O projeto, incentivado pela Prefeitura de Olinda, por meio dos recursos da PNAB, conta com uma produção que reúne profissionais. O trio assina a produção executiva. O Studio SevenLife realizou gravação e mixagem. George Lucas comandou captação de vídeo e edição. Danielle Andrade colaborou na assistência de produção. A assessoria de imprensa é conduzida por Salatiel Cícero. A banda conta com Waleska Andrielle na bateria, Raphael César no baixo, Habner Adriano na guitarra e Karol Maciel na sanfona.
Serviço:
O quê: As Januárias renovam as Matrizes do Forró e lançam primeiro álbum audiovisual
Quando: sábado, 15 de novembro
Por Salatiel Cícero
