
Foto: GettyImages
Março Azul Marinho: O que a sua alimentação tem a ver com o risco de câncer colorretal?
O mês de março é marcado pela campanha Março Azul Marinho, dedicada à conscientização e prevenção do câncer colorretal, o terceiro tipo de tumor mais comum entre homens e mulheres no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Em Salvador, entre os triênios de 2020-2022 e 2023-2025, os casos da doença caíram de 1.020 para 690 registros, uma redução de 32%. No entanto, o cenário no estado da Bahia preocupa, já que o número de diagnósticos subiu para 1.940, um aumento de 31%, indicando crescimento expressivo nas cidades do interior. Além da relação com fatores genéticos ou ao avanço da idade, estudos mostram que hábitos alimentares inadequados e o estilo de vida têm relação direta com o aumento dos casos.
A Oncoclínicas,
maior grupo dedicado ao tratamento do câncer na América Latina, reforça
a importância da prevenção e da adoção de hábitos que reduzem o risco
da doença. De acordo com o Inquérito Nacional de Alimentação, o consumo
de carne vermelha e carne processada no Brasil é maior do que o
recomendado pelo World Cancer Research Fund, com mais de 80% da amostra
estudada ingerindo esses alimentos em quantidade superior à indicada. A
recomendação é de 43 gramas por dia de carne vermelha e consumo mínimo
de carne processada.
“Estudos
demonstram que uma alimentação pobre em fibras e rica em
ultraprocessados, aliada ao consumo excessivo de carnes vermelhas, está
diretamente associada ao aumento do risco de câncer colorretal. Por
outro lado, dietas ricas em frutas, verduras e fibras ajudam a reduzir
essa probabilidade”, explica a oncologista Mirela Souto, da Oncoclínicas na Bahia.
Nos
últimos anos, especialistas também têm observado um crescimento
preocupante dos casos de tumores que afetam o cólon e reto em pacientes
com menos de 50 anos. O estudo realizado pela American Cancer Society
(ACS) analisou a incidência da doença em todas as faixas etárias de 1995
até 2020 na população dos Estados Unidos. Os dados apontam que 13% dos
pacientes diagnosticados com câncer colorretal têm menos de 50 anos, um
percentual que cresceu 9% em comparação a períodos anteriores.
Além
da alimentação, a médica destaca a influência do estilo de vida na
prevenção da doença. “Obesidade, sedentarismo, tabagismo e consumo de
álcool são fatores de risco não apenas para o câncer colorretal, mas
para diversas outras doenças. Adotar um estilo de vida equilibrado, com
atividade física regular e alimentação saudável, é essencial para
reduzir esse risco”, enfatiza.
Como se prevenir
O
desenvolvimento do tumor colorretal ocorre no intestino grosso,
especificamente no cólon ou no reto. Para diagnosticá-lo, é feito o
rastreamento pelo exame de colonoscopia. Segundo a especialista, é
recomendável iniciar o rastreio do câncer de cólon e reto na população
adulta de risco baixo a partir de 45 anos, mas pessoas com histórico
familiar ou sintomas devem buscar avaliação antecipada.
Os
sintomas mais comuns incluem sangue nas fezes, diarreia ou constipação
persistente, dor abdominal frequente, perda de peso inexplicada, cansaço
e fraqueza constantes. No entanto, em alguns casos, a doença pode ser
silenciosa nos estágios iniciais, o que reforça a importância da
prevenção e do rastreamento regular.
Apesar de ser uma das neoplasias mais comuns e letais, sendo o terceiro mais incidente no Brasil, com 45.630 novos casos da doença previstos no país em 2025, a oncologista Mirela Souto reforça que o diagnóstico precoce é a chave para aumentar a chance de cura. “Além da adoção de hábitos saudáveis, uma das estratégias mais eficazes para prevenir a doença é a realização da colonoscopia a partir dos 45 anos para pessoas sem fatores de risco. Esse exame pode detectar pólipos, que, se não removidos, podem evoluir para câncer. Com o diagnóstico precoce, as chances de cura são altíssimas com cirurgia, muitas vezes evitando a necessidade de tratamentos complementares, como quimioterapia”, finaliza.
Por Karina Lan’Arc.