
Prêmios do Festival Visões Periféricas vão p/ BA, GO, MG, PE e RJ / Foto: Divulgação
Conheça os filmes vencedores do da 18a. edição do festival de cinema voltado para produções das periferias brasileiras.
A cerimônia de premiação do 18º Festival Visões Periféricas aconteceu domingo, dia 16 de março, no Estação Net Botafogo, no Rio de Janeiro. Foram entregues troféus, certificados e valores em dinheiro para as melhores produções das três mostras competitivas. Na Mostra Panorâmica, o vencedor foi o longa-metragem pernambucano Tijolo por Tijolo, de Victória Álvares e Quentin Delaroche. Já o filme baiano Quem é essa mulher?, de Mariana Jaspe, levou a menção honrosa. Na Mostra Fronteiras Imaginárias, o premiado foi o mineiro O Lado de Fora Fica Aqui Dentro, com uma ficção que se passa em Contagem, dirigido por Larissa Barbosa. A ficção também levou o grande prêmio da Mostra do Itaú Cultural Play. A menção honrosa da categoria foi para o filme indígena Juvana De Xakriabá, de Goiás. Na Mostra Cinema da Gema, de produções cariocas, o vencedor foi Nossa Querida Jabebiracica, de Elder Gomes Barbosa, que conta uma história que se passa na Tijuca. A menção honrosa foi para o romance LGTB+ O Menino e as Borboletas Zumbis, de Pê Moreira e Thomas Argos, que levou também o prêmio do júri popular.
Após a entrega dos troféus, o público assistiu à estreia no Rio de “Justiça e estado de exceção”, novo filme de Silvio Tendler, que estava presente no evento. O festival continua. Os filmes das mostras Fronteiras Imaginárias, Cinema da Gema, Panorâmica e Visorama serão exibidos de forma online durante os dias 17 e 18 de março no site do festival. Qualquer pessoa pode acessar e compartilhar: www.visoesperifericas.com.br
O Festival Visões Periféricas 2025 acontece de 13 a 18 de março no Rio de Janeiro. Realizado anualmente, o evento é uma plataforma de difusão de projetos audiovisuais produzidos nas periferias do Brasil. Ao todo participam 51 de produções, entre curtas, médias e longas-metragens, divididas em três mostras competitivas e uma não-competitiva, incluindo filmes com audiodescrição e legendas descritivas. De 17 a 18 de março, os filmes podem ser assistidos de forma online, no site do festival. O festival conta com patrocínio do Banco Itaú, sendo todas as atividades gratuitas, incluindo duas oficinas, uma sobre distribuição de curtas-metragens e outra sobre acessibilidade no audiovisual.
Além das mostras competitivas e não-competitiva, a curadoria do festival selecionou 10 filmes de curta-metragem que serão exibidos exclusivamente na plataforma de streaming gratuita Itaú Cultural Play até 31 de março. Além disso, a equipe da Itaú Cultural Play escolheu o filme O Lado de Fora Fica Aqui Dentro, de Larissa Barbosa, da Mostra Fronteiras Imaginárias para receber o Prêmio IC Play. O filme recebeu o valor de 15 mil reais e será licenciado para exibição na plataforma. No dia 28 de março, o curta-metragem Engole o choro (2023), dirigido por Fabio Rodrigo, vencedor da última edição do Prêmio IC Play no Festival Visões Periféricas, em 2024, entrará no catálogo da plataforma. Produzido pela Supimpa, a 18ª edição do Festival Visões Periféricas tem como curadores Lukas Nascimento, Quézia Lopes, Olinda Tupinambá e Wilq Vicente. Todos os filmes em exibição foram produzidos a partir de setembro de 2024.
FILMES PREMIADOS
MOSTRA PANORÂMICA
Filmes com duração
mínima de 40 minutos (médias e longas-metragens). Curadoria de Quézia
Lopes. O melhor filme escolhido por júri técnico (Fernando Souza e Kélia
Borges) ganha um troféu do Festival Visões Periféricas e mais 15 mil
reais em locação de equipamento da CIARIO (Prêmio Edina Fuji). Número de
filmes concorrendo: 5.
VENCEDOR: Tijolo por Tijolo
Doc | 103' | Pernambuco | 2024 | Livre
Direção: Victória Álvares e Quentin Delaroche
SINOPSE: No Ibura, periferia do Recife, Cris tem a impressão de que tudo está por um fio. Ela e o marido perderam os empregos no início da pandemia de Covid e também a casa em que moravam com 3 crianças pequenas, por risco de desabamento. Grávida do quarto filho e em busca de uma laqueadura, ela trabalha como micro influenciadora digital, enquanto tenta reconstruir a casa e reestruturar a vida.
JUSTIFICATIVA DO JÚRI: Num momento em que estão estabelecidas os padrões e expectativas comportamentais de como a vida das pessoas precisa ser e estar, este filme mostra com uma narrativa sensível, a rotina de uma família verdadeiramente brasileira, que luta diariamente contra as literais intempéries de ser, estar e permanecer nesse planeta. Pela construção das personagens, aos quais nos apegamos; pela abordagem dessas pessoas fortes, verdadeiras e persistentes e pelo trabalho de construção humana dessa narrativa gerada através de múltiplos formatos.
ASPAS DO PRODUTOR: “Que honra, que alegria estar aqui hoje! A gente veio de Pernambuco. Fizemos esse filme sem recurso. Muita gente acha que nosso filme é uma ficção, mas na verdade passamos dois anos acompanhando a vida de Cris, uma mulher comum e ao mesmo tempo extra-ordinária, como tantas mulheres brasileiras. Acompanhamos a Cris durante um período muito difícil da vida dela como de todos os brasileiros, na pandemia. Nesse tempo ela descobriu uma gravidez não planejada e sua casa estava em risco de desabamento. E aconteceu o que sempre acontece nas periferias brasileiras: as pessoas arregaçaram as mangas. Cris se juntou com outras mulheres para tentar ajudar aquelas famílias que estavam passando por mais necessidades do que a dela, ainda que ela estivesse tentando reestruturar a própria vida. Tijolo por Tijolo é um filme de amor na verdade, sobre a história de uma mulher que está aqui hoje, no Rio de Janeiro, vendo sua luta sendo contada e aplaudida aqui (a personagem estava na premiação).” Vitória Alvez
MENÇÃO HONROSA: Quem é essa mulher?
Doc | 70' | Bahia | 2024 | Livre
Direção: Mariana Jaspe
SINOPSE: Separadas por um século, duas mulheres negras se encontram neste road movie pelas estradas da Bahia. Oriunda da periferia de Salvador, Mayara rememora os caminhos, surpreendentes a cada nova descoberta, que a levaram a desvendar Maria Odília Teixeira, neta de uma ex-escravizada que se tornou a primeira médica negra do Brasil.
JUSTIFICATIVA DO JÚRI: Pelo belo trabalho de montagem, pelo cuidado na construção narrativa da jornada desses personagens e também por fazer um resgate, a investigação e a documentação de fatos históricos sobre a cultura afro-brasileira, o Júri concede a Menção Honrosa ao filme "Quem é essa Mulher?". Além disso, o Júri não pode deixar de destacar a presença de uma única ficção nessa Mostra, que também cumpre seu papel fundamental de registrar histórias negras de forma sensível e precisa, de forma humanizada e muito bem-produzida.
MOSTRA FRONTEIRAS IMAGINÁRIAS
Filmes
de até 30 minutos (curtas e médias-metragens) produzidos por
realizadores independentes de todo o Brasil. Curadoria de Wilq Vicente e
Olinda Tupinambá. O melhor filme escolhido por júri técnico ganha um
troféu do Festival Visões Periféricas e mais oito mil reais em locação
de equipamento da CIARIO (Prêmio Edina Fuji).
VENCEDOR: O Lado de Fora Fica Aqui Dentro
Fic | 25’ | Minas Gerais | 2024 | 12 anos
Direção: Larissa Barbosa
SINOPSE: Marina, uma jovem que está grávida, experimenta a vida a partir dos metais da cidade periférica e industrial onde cresceu. Aos poucos, com a ajuda de sua irmã Núbia, ela descobre um passado onde os trabalhadores negros que ergueram a capital foram bestializados e excluídos. Quando se encontra com Maria, uma senhora que dizem assombrar um dos primeiros edifícios da capital, algo sobrenatural acontece. Agora, essas mulheres querem de volta o que lhes foi tomado.
JUSTIFICATIVA DO JÚRI: Pela narrativa forte e histórica de uma região brasileira, trazendo uma reflexão sobre o espaço urbano, com uma composição cinematográfica que envolve com suas imagens e sons. Pelo resgate de memórias e vozes silenciadas, que ecoam através do tempo em um cinema de resistência. E pela forma sensível e potente com que revisita a história de trabalhadores negros, seus apagamentos e permanências, entre o real e o sobrenatural.
DEPOIMENTO DO PRODUTOR: “O filme conta uma história real, de destruição ambiental, política, de povos. Esse filme fala sobre resgatar o que é nosso, o que nos foi tirado em termos de direito.” Larissa Barbosa
MENÇÃO HONROSA: JUVANA DE XAKRIABÁ
Doc | 25’ | Goiás | 2024 | Livre
Direção: Silvana Beline
SINOPSE: Com "Juvana de Xakriabá", mergulhamos no Acampamento Terra Livre de 2019, onde Juvana, uma jovem estudante indígena, entrevista mulheres guerreiras de diferentes etnias, revelando histórias de luta, resistência e esperança. As narrativas destacam a importância da preservação das tradições ancestrais e a força das mulheres indígenas na defesa de seus territórios e na promoção da justiça ambiental. O curta celebra a resiliência das comunidades indígenas e destaca o papel fundamental das mulheres nessa luta.
JUSTIFICATIVA DO JÚRI: Pela força do olhar sobre a resistência indígena e a luta das mulheres na defesa de seus territórios, trazendo uma reflexão urgente sobre memória, identidade e justiça ambiental. Pela construção sensível e potente de narrativas que ecoam vozes ancestrais e reafirmam a resiliência dos povos originários. E por sua importância na preservação e difusão dessas histórias de luta.
MOSTRA CINEMA DA GEMA
Filmes de até 30
minutos (curtas e médias-metragens) produzidos no estado do Rio de
Janeiro. Curadoria de Lukas Nascimento. O melhor filme escolhido por
júri técnico ganha um troféu do Festival Visões Periféricas e mais oito
mil reais em locação de equipamento da CIARIO (Prêmio Edina Fuji). O
melhor filme escolhido por júri popular também recebe um troféu e mais
oito mil reais em locação de equipamento da CIARIO (Prêmio Edina Fuji),
sendo a votação feita presencialmente nas sessões. Número de filmes
competindo: 8.
VENCEDOR: Nossa Querida Jabebiracica
Docfic | 24' | Rio de Janeiro | 2024 | Livre
Direção: Elder Gomes Barbosa
SINOPSE: Há muito tempo a Grande Chuva assola o bairro da Tijuca. Sozinha em um dos poucos prédios que restaram, uma filha tenta contato com seu pai enquanto escuta mensagens vindas de frequências misteriosas.
JUSTIFICATIVA DO JÚRI: Pela envolvente construção narrativa que revela fatos históricos, traçando um paralelo entre memórias emotivas ancestrais e realidade contemporânea de uma região, com uma composição de arquivos e desenho de som que traz uma imersão cinematográfica completa.
MENÇÃO HONROSA: O Menino e as Borboletas Zumbis
Fic | 17' | Rio de Janeiro | 2024 | 12 anos
Direção: Pê Moreira e Thomas Argos
(Um romance LGBT+)
SINOPSE: Nessa comédia romântica transviada, João costumava achar que as borboletas do seu estômago estavam mortas. Quando se apaixona por Lucas, seu melhor amigo, alguma coisa estranha ganha vida na sua barriga. Talvez suas borboletas sejam zumbis.
JUSTIFICATIVA DO JÚRI: Pelo roteiro que traz de forma sensível e poética o amor na sua diversidade, trazendo uma reflexão sobre a relevância da convivência, as relações em todos os espaços e o sentimento de pertencimento social. Pelo frescor dos recortes de cenas bem estruturadas, com destaque para o elenco.
ASPAS DOS PRODUTORES: “Estou muito feliz com o prêmio do júri popular. Esse é um filme LGBT com protagonismo preto, racializado, uma comédia romântica rasurada. Nasceu da nossa experiência. Escrevemos o filme juntos e ele se fez a partir de um desejo muito grande de produzir outras imagens dos nossos corpos. É um filme onde a galera está feliz, celebrando os encontros, em vivências positivas. A gente passa por diversas experiências de violência e sofrimento, mas nossa vida depende das experiências positivas e alegres. Para nós, gays, utilizando uma terminologia popular, o prêmio do público mostra que queremos assistir a mais filmes assim. Estamos famintos por nos ver representados na tela de outra forma.” Pê Moreira.
“O filme é uma tentativa de rasurar a forma como temos sido representados, a imagem dos nossos corpos, sempre vinculados a violência. É muito bom vermos as pessoas celebrando isso com a gente, que nossos corpos podem estar aqui felizes e falando com famílias e amigos sobre festa, sobre beleza. Fico feliz com esse prêmio.” Thomas Argos.
MOSTRA ITAÚ CULTURAL
A equipe da Itaú Cultural Play premiou um filme da mostra com o valor de 15 mil reais, sendo este licenciado para exibição na plataforma. O prêmio foi entregue por Rafael Carvalho, do Itaú Cultural Play.
VENCEDOR: O Lado de Fora Fica Aqui Dentro
Fic | 25’ | MG | 2024 | 12 anos
Direção: Larissa Barbosa
Marina, uma jovem que está grávida, experimenta a vida a partir dos metais da cidade periférica e industrial onde cresceu. Aos poucos, com a ajuda de sua irmã Núbia, ela descobre um passado onde os trabalhadores negros que ergueram a capital foram bestializados e excluídos. Quando se encontra com Maria, uma senhora que dizem assombrar um dos primeiros edifícios da capital, algo sobrenatural acontece. Agora, essas mulheres querem de volta o que lhes foi tomado.
ASPAS DE RAFAEL CARVALHO, da ITAÚ CULTURAL PLAY: “Esse é o segundo prêmio Itaú Cultural Play no festival Visões Periféricas, no ano passado entregamos o primeiro. A ideia do prêmio é celebrar os novos realizadores e sobretudo os curtas-metragens. Entendemos esse formato como porta de entrada no mercado de cinema e a gente acha importante valorizá-los. Esse é um estímulo para que os novos realizadores sigam suas trajetórias artísticas.”
ASPAS PRODUTOR: “Muito feliz com esse prêmio. É um presentão que vocês deram para a gente essa noite. Obrigada Icatu Cultural. Obrigada, Márcio Blanco, diretor do festival. Esse filme existe desde 2020. Ele foi gravado nas cidades de Belo Horizonte e Contagem. O filme já passou por alguns festivais e é bom saber que ele ainda está ressoando. É bom sentir que a gente está no caminho certo, de alguma forma, e continuar contando nossas histórias.” Larissa Barbosa
MOSTRA CINEMA DA GEMA
Voto Popular
VENCEDOR: O Menino e as Borboletas Zumbis
Fic | 17' | RJ | 2024 | 12 anos
Direção: Pê Moreira e Thomas Argos
SINOPSE: Nessa comédia romântica transviada, João costumava achar que as borboletas do seu estômago estavam mortas. Quando se apaixona por Lucas, seu melhor amigo, alguma coisa estranha ganha vida na sua barriga. Talvez suas borboletas sejam zumbis.
JUSTIFICATIVA DO JÚRI: Pelo roteiro que traz de forma sensível e poética o amor na sua diversidade, trazendo uma reflexão sobre a relevância da convivência, as relações em todos os espaços e o sentimento de pertencimento social. Pelo frescor dos recortes de cenas bem estruturadas, com destaque para o elenco.
DEPOIMENTO DO PRODUTOR: “Estou muito feliz com o prêmio do júri popular. Esse é um filme LGBT com protagonismo preto, racializado, uma comédia romântica rasurada. Nasceu da nossa experiência. Escrevemos o filme juntos e ele se fez a partir de um desejo muito grande de produzir outras imagens dos nossos corpos. É um filme onde a galera está feliz, celebrando os encontros, em vivências positivas. A gente passa por diversas experiências de violência e sofrimento, mas nossa vida depende das experiências positivas e alegres. Para nós, gays, utilizando uma terminologia popular, o prêmio do público mostra que queremos assistir a mais filmes assim. Estamos famintos por nos ver representados na tela de outra forma.” Pê Moreira.