Com a finalização das obras da Nova Orla de Pituaçu, em Salvador, a cidade ganha beleza, valorização, uma grande esplanada dedicada ao pedestre e ciclistas frente do mar, além de sustentabilidade. É que as obras contaram com quase 4 mil peças do concreto fotocatalítico durante revitalização. O material, desenvolvido no Laboratório de Ensaios em Durabilidade dos Materiais da UFBA (LEDMa), coordenado pelo professor doutor Daniel Véras Ribeiro, é produzido pela Civil Pré-Fabricados, em parceria com uma indústria de pigmentos, sendo uma alternativa sustentável ao concreto convencional, pois utiliza nanomateriais para remover gases de efeito estufa do ambiente. 

O trecho, que agora possui cerca de 5.800 metros lineares de concreto fotocatalítico, é capaz de auxiliar na remoção de gases poluentes da atmosfera, como compostos orgânicos à base de carbono e óxidos de nitrogênio (NOx) emitidos pelos veículos. O arquiteto e urbanista Adriano Mascarenhas, da Sotero Arquitetos, responsável pelo projeto da Nova Orla de Pituaçu, explica que isso é possível por causa das propriedades de purificação do ar contidas em sua composição. 

“Quando o dióxido de titânio presente no material é exposto à luz solar, desencadeia uma reação química conhecida como fotocatálise que possibilita a absorção do poluente dióxido de nitrogênio, transformando-o em íons de nitrato. Essa conversão resulta em substâncias menos nocivas à saúde e que contribuem para um ar mais limpo”, afirma. 

De acordo com o professor Daniel Véras (UFBA), além de neutralizar poluentes, outra característica importante é a de ser autolimpante. “Após o processo de fotocatálise, as partículas de nitrato e compostos à base de carbono formados sobre a superfície das peças podem ser “lavadas” pela chuva, atuando, inclusive, como um fertilizante do solo. Esse processo é cíclico e o efeito fotocatalítico perdura ao longo do tempo”, afirma. 

O concreto fotocatalítico foi utilizado para compor a arquibancada de contenção da borda da praia, bancos e abrigos de ônibus da Nova Orla de Pituaçu. “A aplicação do concreto na Nova Orla de Pituaçu é parte de uma ação conjunta entre a Prefeitura e a Civil para o controle dos impactos da urbanização na qualidade do ar. Seu uso também vai além da criação de uma cidade com menos poluição atmosférica e mais sustentabilidade, pois suas propriedades funcionais a longo prazo evitam a necessidade de manutenção, reduzindo custos”, destaca Victor Passos, gerente industrial da Civil Pré-Fabricados. 

Sobre o projeto 

O projeto para a Praia de Pituaçu, em Salvador, que transforma a paisagem através do deslocamento da avenida beira-mar para área interna do bairro, libera a frente do mar para uma grande esplanada dedicada ao pedestre e ciclistas. São agregados a ela diversos equipamentos, como ciclovia, quiosques de alimentação, coco e baiana de acarajé, quadras esportivas, parques infantis, academias a céu aberto, bancos, pérgolas, incremento da área verde, rede subterrânea de telecomunicações e energia elétrica, nova iluminação pública, áreas de estacionamento para veículos e bicicletas, rampas de acessibilidade à praia e novas escadas, dentre outros itens de infraestrutura urbana. 

Sobre o professor Daniel Véras Ribeiro 

Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Bahia (2004), mestrado em Engenharia dos Materiais pela Universidade Federal de São Carlos (2006) e doutorado (2010) e pós-doutorado (2011) em Ciência e Engenharia de Materiais pela Universidade Federal de São Carlos.?Atualmente é Professor Associado III da Universidade Federal da Bahia, Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PPEC/UFBA) e do Centro Interdisciplinar de Energia e Meio Ambiente (CIEnAm/UFBA). 

Por Daniela Passos