Um estilo marcante nas obras do artista plástico Rafael Brancatelli é o fascínio pela natureza e pelos animais, representado em pinturas e esculturas, algumas quase colossais. Um exemplo é o touro com cerca de quatro metros de comprimento encomendado pelo empresário Bruno Grubisich. Esse não é o famoso “touro de ouro” que fez o nome do artista ecoar pelo mundo, mas a proposta, neste caso, é homenagear a força, a resiliência e a bravura dos pecuaristas brasileiros.

A pecuária é um mercado pujante. Só no ano passado, por exemplo, foram captados 24 bilhões de litros de leite e exportadas mais de 2,5 milhões de toneladas de carne bovina, uma grande colaboração à segurança alimentar mundial, isso apenas com o excedente produzido. Brancatelli conhece pouco do setor e teve o cuidado de não remeter a escultura a uma raça específica, valorizando a importância de todas elas.

A imponência do touro dá as boas-vindas aos visitantes de uma das empresas de Grubisich no agronegócio, a Seleon Biotecnologia, que processa 20% do sêmen que chega às fazendas através das centrais de inseminação artificial. Conhecido por entregar altas taxas de prenhez do material genético utilizado na reprodução, o negócio atende a empresas e criadores.

Grubisich revela um detalhe interessante sobre o trabalho: o verde mais intenso escolhido pelo artista faz referência à sustentabilidade nos sistemas de produção. Grande parte das áreas de preservação está dentro das propriedades rurais, onde gado é criado a pasto, em sua maioria, além do protagonismo brasileiro em tecnologias capazes de mitigar metano e carbono. “Nem em meus sonhos, imaginaria algo tão imponente e que representasse tão bem o nosso setor. Será também um marco para nossa primeira década de operações”, celebra Grubisich, ressaltando que foi uma troca de experiências interessante, na qual Brancatelli pôde interagir com os animais que deram notoriedade ao seu trabalho artístico.

Nas instalações da Seleon, hoje, entre as principais centrais de coleta e processamento de sêmen na América Latina, sendo decisiva aos avanços da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) no Brasil, estão 450 dos melhores touros destacados pelos programas de avaliação, selecionadores ou aqueles confiados pelas centrais de inseminação.

“Touro de Ouro” teve repercussão global
Rafael Brancatelli é o criador do icônico “touro de ouro” da Bolsa de Valores Brasileira, a B3, inaugurado em 16 de novembro de 2021, diante do cenário de pandemia e grande polarização política, além de uma dose de polêmicas. Essa combinação estampou seu nome em manchetes pelo mundo todo, dando ampla visibilidade ao seu trabalho.

Poucas horas após o lançamento da escultura dourada, que simboliza a força do povo brasileiro, ela se tornou alvo de vandalismo. A finalidade da obra de arte era criar um novo marco turístico no Centro Histórico de São Paulo, considerado belíssimo por Brancatelli, mas pouco explorado.

“Muitos foram contra - a maioria a favor -, mas, por medida de precaução, a obra teve de ser realocada ao acervo de artes da B3, onde permanece até o momento. As pessoas vinham de caravana para tocar ou fazer selfies perto do touro, uma movimentação também comemorada pelos comerciantes, massacrados pela pandemia”, relembra Brancatelli.

O artista relata ter dedicado vários meses em pesquisa e desenvolvimento para eliminar riscos de repetições ou cópias de outros touros existentes. “Não só em Nova York, mas em outras capitais existem touros representando o mercado financeiro”, conta o artista.

Em meio a tantas divergências, além da ampla repercussão, surgiram uma enxurrada de encomendas no Brasil e no exterior, como um touro egípcio para uma empresa dinamarquesa, em comemoração ao primeiro centenário dela. “Só de touros, foram mais de quinze modelos diferentes”, complementou o artista plástico.

Sobre o “Touro Seleon”, disse que se sentiu honrado com a proposta do empresário Bruno Grubisich. “A musculosidade e a expressão mais acentuadas transmitem a ideia de força, bravura e coragem, estando em posição para enfrentar qualquer embate”, conclui Brancatelli.

Por Robson Rodrigues