Foto: Elza Fiúza / Agência Brasil/Arquivo
Preços do etanol de cana ainda serão referência até 2029
Apesar da crescente oferta do etanol produzido a partir do milho no Brasil, o tradicional biocombustível de cana-de-açúcar ainda será a base para precificação pelo menos até 2029. A análise feita pelos especialistas da SCA Brasil foi apresentada pelo CEO da empresa, Martinho Ono, em encontro com executivos do UBS Investment Bank nesta terça-feira (16/04) em São Paulo.
“Pelo menos nos próximos cinco anos, o etanol de cana ainda será a referência de preço. Isso porque o maior mercado do produto é São Paulo e o índice é medido pela Esalq/USP, com base nos preços praticados pelas usinas paulistas”, ressaltou Ono.
Questionado sobre os motivos para o biocombustível feito do milho crescer mais do que o da cana, o executivo da SCA Brasil explicou que o renovável originário dos canaviais tem encontrado dificuldades de crescimento em razão da falta de previsibilidade e insegurança jurídica. “Estes fatores também decorrem das constantes mudanças tributárias, falta de clareza na política de preços da Petrobras, transição energética e ausência de instrumentos de hedge”, esclareceu.
Para Ono, o crescimento do milho frente à cana deve-se a vários fatores. Primeiramente porque o custo de produção e a compra do milho de produtores locais são mais baratos no interior do País. O custo da exportação do produto também tem impacto, devido ao elevado preço de frete. Outra razão é o uso cada vez maior da terra para a agricultura e confinamento do gado, que se alimenta de um subproduto do milho, o DDG. Isto vem aumentando a receita dos produtores, que numa mesma área conseguem, paralelamente, manter o gado confinado e produzir grãos. Soma-se a isso o advento das usinas de cana que se tornaram flex, passando a produzir etanol de cana e milho ao mesmo tempo.
Importação e exportação
Dados
da SCA Brasil indicam que em 2024 a exportação de etanol será menor em
comparação aos anos anteriores, principalmente diante dos preços
depreciados do biocombustível fabricado nos Estados Unidos (EUA). “Nossa
previsão é de que o Brasil exportará 1,8 milhão de litros contra 2,6
milhões de litros das ultimas safras”, avaliou Ono. O executivo
acrescentou que é preciso considerar uma provável importação de etanol
de milho pelo Nordeste durante a entressafra de milho nos EUA.
Ciclo Otto e safra 2024-2025
Sobre
o crescimento na venda de veículos do Ciclo Otto no Brasil, o CEO da
SCA projeta um aumento de 3,5% em 2024 se comparado a 2023.
Em relação às estimativas de produção canavieira no período 2024-2025, que teve início em abril no Centro-Sul do País, Ono mostrou-se otimista: “As últimas chuvas foram bem-vindas para a recuperação dos canaviais. Prevemos que a moagem fique entre 610 e 620 milhões de toneladas”. Sobre a precificação do açúcar e do etanol para este ano, o CEO da SCA Brasil projeta que as usinas terão remuneração 20% superior a 2023.
SOBRE A SCA BRASIL
A SCA Brasil é uma das mais tradicionais empresas brasileiras com especialização no mercado físico de biocombustíveis, prestando serviços de comercialização de etanol e biodiesel, consultoria em inteligência de mercado e aquisição de insumos e serviços logísticos para empresas do agronegócio. Empresa de capital privado e brasileiro, fundada em 2000, a SCA Brasil atende mais de 100 unidades ligadas a diversos grupos empresariais do setor sucroenergético nacional, presentes em 11 estados brasileiros. Com escritórios em São Paulo (SP) e Goiânia (GO), a empresa garante o fornecimento de produtos de qualidade certificada, em condições operacionais e logísticas ideais e customizadas para as necessidades de indústrias e distribuidoras de combustíveis. Desde 2005, a SCA Brasil atende também às demandas de biocombustíveis do mercado externo.
Por Flávio Falcão