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Foto: Divulgação
PACTO DA VIOLA entra em cartaz no CINEMAM, em Salvador
Premiado nos Festivais de Brasília e no Cordillera De Los Andes International Film Festival, longa marca a estreia de Guilherme Bacalhao na direção de longas
São Paulo (Espaço Petrobras de Cinema), Rio de Janeiro (Cine Santa Teresa e Estação Net Botafogo), Porto Alegre (Cinemateca Capitólio), Belo Horizonte (UNA Cine Belas Artes), Brasília (Cine Brasília), Campinas (Kinoplex Dom Pedro) também exibem o filme.
A tradição e a modernidade são questões centrais no premiado PACTO DA VIOLA, de Guilherme Bacalhao que chega aos cinemas de todo o país em 7 de agosto. Produzido pela 400 Filmes, o longa rendeu ao protagonista, Wellington Abreu, prêmio de Melhor Ator no Festival de Brasília de 2024, e, no Cordillera De Los Andes International Film Festival (Equador), recebeu o prêmio de Melhor Filme, além de, também, ter sido exibido em festivais em países como Inglaterra, Chile, Rússia, México, Bélgica e Uruguai.
O personagem principal é Alex (Wellington Abreu), um cantor que sem sucesso no mundo sertanejo, acaba voltando para sua cidade natal, uma pequena comunidade no interior do Brasil onde a agricultura industrial destrói o meio ambiente e ameaça suas tradições culturais.
Seu pai, Lázaro (Sérgio Vianna), é Capitão da Folia de Reis e um músico habilidoso, mas, hoje é um homem adoentado que tenta se curar com promessas e rituais da Folia de Reis. As histórias sobre ele, na região, no entanto, contam outra coisa: ele tem uma dívida de um pacto com o diabo, e, para salvar a si mesmo e ao próprio pai, Alex precisa mergulhar nas práticas e crenças locais.
“A ideia do filme nasceu do fascínio pela dualidade da viola. Ela é um instrumento que pode conectar os músicos tanto ao sagrado quanto ao profano. Isso abre espaço para uma narrativa cheia de mistério e espiritualidade, mas que também está profundamente enraizada nas tradições do sertão”, conta Bacalhao em entrevista.
O roteiro é assinado pelo diretor, Roberto Robalinho e Aurélio Aragão, e as origens do filme estão em pesquisas acadêmicas sobre a viola e a folia de reis, como os trabalhos do antropólogo Luzimar Pereira. Para aprofundar nesse universo, o diretor também viajou para o Grande Sertão Veredas com o pesquisador musical Cacai Nunes e também conversou com violeiros, capitães de folia e moradores para conhecer melhor essas tradições. A trilha sonora é do músico e pesquisador Roberto Correa, que também prestou consultoria ao projeto.
O resultado é um filme de beleza estética ímpar, em particular graças à fotografia de André Carvalheira e a direção de arte de Nina Perez, que recria um mundo muito particular marcado por dualidades, que se materializam na cultura local de forma particularmente cinematográfica.
A viagem e a conversa com as pessoas também ajudaram na construção das personagens e da trama. “A gente ouviu histórias fascinantes que dialogam com a narrativa do filme, como relatos de pactos de violeiros e a resistência da folia de reis frente às mudanças sociais. Essas vivências foram incorporadas ao filme com a ajuda de uma equipe de roteiristas e consultores. É uma obra que nasceu do diálogo com as pessoas que vivem e mantêm essa cultura viva”.
PACTO DA VIOLA foi rodado em Brasília e em Urucuia, no interior de Minas Gerais, e participou, como um work in progress, nos Festivais de Tiradentes (MG), Santiago Festival Internacional de Cine e no Cine de Viña del Mar, ambos no Chile. E, desde sua estreia, recebeu uma excelente recepção da crítica.
“Achei interessante que, nesse limite entre o real e o sobrenatural, o filme tenha mantido uma ambiguidade sóbria, do tipo ‘no creo en las brujas, pero que las hay las hay’. PACTO DA VIOLA não deseja impor uma crença ou uma descrença ao público. Essa dualidade faz a força da obra.”, escreveu Luiz Zanin, no jornal O Estado de S. Paulo.
Já Robledo Milani diz, no Papo de Cinema, que “o diretor e roteirista Guilherme Bacalhao – novato no formato, mas longe de ser um estreante – demonstra uma curiosa segurança quanto ao que tem pela frente, tanto no que diz respeito ao desenrolar da história, quanto na elaboração e consolidação dos personagens envolvidos com os acontecimentos a serem presenciados.”
Por Carolina Moraes