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IMORTAIS 2025: Mostra do centenário de Mãe Stella de Oxóssi segue aberta ao público até 31 de maio
Aberto ao público até 31 de maio, o M.E Ateliê da Fotografia - localizado no Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador, continua a exposição gratuita ‘Maria Stella de Azevedo Santos - Meu Tempo é Agora’, em homenagem ao centenário de nascimento da ialorixá Mãe Stella de Oxóssi, enfermeira e escritora eleita por unanimidade para a Academia de Letras da Bahia. Integrando o projeto IMORTAIS - Reverberando histórias, culturas e saberes, a mostra está disponível para visitação até 31 de maio, sempre das 16h às 19h, reunindo obras de 30 artistas convidados, além de livros e fotografias que retratam a trajetória de Mãe Stella. A programação especial, conta também com exibição de documentários, oficinas e rodas de conversa sobre o papel fundamental da ialorixá na preservação e difusão do candomblé e da cultura afro-brasileira no Brasil e no mundo. De acordo com fotógrafo, artista plástico e curador da exposição, Mário Edson,
é de extrema relevância ter Mãe Stella como homenageada no projeto
IMORTAIS, em 2025. Projeto esse que desde 2019 reverência figuras
emblemáticas da arte e cultura, e que ao longo dos anos já homenageou
personalidades como Frida
Kahlo, Clarice Lispector, Ariano Suassuna, José Saramago, Milton
Nascimento e o cinema, com tributos a Marlon Brando e Marcello
Mastroianni. “Ela
teve um impacto significativo na sociedade brasileira, sendo
reconhecida também fora do país. Essa exposição é um tributo e um
reconhecimento pelo legado que Mãe Stella deixou para a humanidade e,
principalmente, para o povo de candomblé. Ela é um divisor de águas. O
candomblé era uma coisa antes e se transformou depois dela", explica o fotógrafo. Religião
de matriz africana, o candomblé exerce uma influência profunda na
cultura e no cotidiano da sociedade brasileira, sendo praticado por
milhões de pessoas. Segundo dados do IBGE, a população que se declara
adepta de religiões afro-brasileiras cresceu nos últimos censos,
refletindo uma maior valorização da identidade e da cultura negra no
país. Além disso, estudos apontam que terreiros de candomblé desempenham
um papel essencial na economia das comunidades onde estão inseridos,
movimentando mercados locais, gerando empregos e promovendo ações
sociais. Mãe Stella de Oxóssi: fé, sabedoria e resistência na cultura afro-brasileira Maria Stella de Azevedo Santos, conhecida como Mãe Stella de Oxóssi, foi a quinta ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá, um dos terreiros de candomblé mais importantes da Bahia. Iniciada aos 14 anos para Oxóssi, a ialorixá viveu 80 anos dentro do Candomblé e liderou a casa por mais de quatro décadas.
Sacerdotisa e profunda conhecedora dos cultos e tradições religiosas
africanas, também se destacou como intelectual, escritora e defensora da
cultura afro-brasileira. Sua atuação transcende os limites do terreiro, alcançando a literatura, a educação e a saúde pública. Quando jovem, formou-se em enfermagem e exerceu a profissão por cerca de 30 anos, sempre mantendo o compromisso com o cuidado e o conhecimento. Reconhecida
por sua sabedoria, dedicação e compromisso com a difusão das crenças e
tradições do candomblé, a ialorixá recebeu diversos títulos honoríficos
ao longo de sua trajetória. Em 2025, foi agraciada com o título de doutora honoris causa pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), honraria também concedida pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb) em 2009. Além disso, recebeu distinções como a Comenda Maria Quitéria, a Ordem do Cavaleiro e a Ordem do Mérito, concedidas pela Prefeitura de Salvador, pelo Governo da Bahia e pelo Ministério da Cultura, respectivamente. Em 2013, foi eleita por unanimidade para a Academia de Letras da Bahia, ocupando a cadeira de número 33, cujo patrono é o poeta Castro Alves. Ao longo da vida, publicou nove livros, entre eles “Meu tempo é agora” e “Òsósi – O Caçador de Alegrias”, consolidando-se como uma das grandes vozes da literatura afro-brasileira. Sua dedicação à memória e ao conhecimento também se refletiu na criação do primeiro museu aberto em uma casa de candomblé na Bahia,
localizada no Ilê Axé Opô Afonjá. O espaço preserva vestimentas e
objetos das mães de santo da casa e dos orixás, oferecendo aos
visitantes um mergulho na história e na tradição do candomblé. Mãe
Stella faleceu em dezembro de 2018, aos 93 anos, deixando um legado inestimável para a cultura brasileira. Sua trajetória é um reflexo do protagonismo feminino e negro,
desafiando barreiras e reafirmando o poder da mulher preta na
preservação e promoção de suas raízes culturais. Mãe Stella foi uma
líder que não apenas preservou tradições ancestrais, mas também colocou a mulher negra no centro do debate sobre cultura, religiosidade e identidade. Sua força e influência continuam reverberando como um exemplo de resistência e empoderamento. A
exposição realizada pelo M.E. Ateliê da Fotografia, sediado no
histórico bairro do Santo Antônio Além do Carmo, reforça a importância
de sua história. O espaço tem se consolidado como um pólo de resistência
e celebração da arte e da memória cultural, e a homenagem à ialorixá
reafirma seu compromisso em valorizar legados que marcaram a história. "As
homenagens são releituras e inspirações baseadas na vivência dela, seu
universo e sua literatura. Celebrar o seu centenário por meio da arte é
uma forma de reafirmar a sua importância e garantir que sua história
continue reverberando. Essa mostra é um convite para que novas gerações
conheçam e se inspirem na trajetória de Mãe Stella de Oxóssi”, conclui Mário Edson. Artistas que participam da mostra: Artistas convidados(as): André
Moreno (Escultura), César Romero (Acrílica s/tela), Gustavo Moreno
(Escultura) , Hilda Salomão (Escultura) e Viga Gordilho (Instalação). Artistas plásticos(as): Alysson
Costa (Pintura digital), André Araújo (Cardboard com estilete),
Bernardo Tochilovsky (Acrílica s/papel), Clarissa Mustafá (Aquarela),
Henrique Barreto, Illa Atahides (Escultura, Colagem – mista), Izabel
Andion (Aquarela), Jacy Gordinho (Aquarela), Júlia Comarella (Óleo
s/tela), Lú Peixoto (Escultura), Lucas Rodrigues (Desenho), Luiz Cláudio
Campos, Marly Ramo (Giz Pastel Seco), Miag (Aquarela), Nando França
(Desenho a nanquim s/papel), Olga Nunes (Escultura), Pablo Araújo
(Lápis de cor s/tela), Rodrigo Nery (Acrílica s/tela) e Vanderlei
Oliveira (Acrílica s/tela). Data: até 31 de maio de 2025 Horário: das 16h às 19h Entrada: gratuita Local: M.E. Ateliê da Fotografia, Ladeira do Boqueirão, 6 – Santo Antônio Além do Carmo Por Julio Cesar
IMORTAIS 2025: Mostra celebra o centenário de Mãe Stella de Oxóssi e seu legado cultural [Exposição]