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Com o objetivo de valorizar novos artistas negros(as) e indígenas, primeira edição da AFRO-ART chega a Salvador
Fazer
arte vai muito além da estética e da beleza de pinturas e esculturas.
Fazer arte é expressar vivências, mostrar valores, reforçar elementos
culturais e, sobretudo, destacar identidades. Ela pode ser uma defesa de
pautas sociais relevantes, da ancestralidade que corre pelas veias de
um povo. A arte assim ganha um sentido social enquanto uma forma de externalizar anseios que há muito foram negligenciados. A nova geração de artistas negros(as) e indígenas brasileiros
tem isso em mente, com obras que valorizam identidades e raízes
culturais, além de trazer luz a relevantes temas como racismo,
ambientalismo e luta por direitos territoriais. Contudo, apesar da
importância, esse movimento ainda encontra barreiras: o mercado das
artes, em especial nos meios tradicionais, apresenta um saliente racismo
institucional, resultando em menos oportunidades a esses artistas em
galerias, fator que mantém a discrepância na representatividade desses
espaços. Assim,
pensar em alternativas que tornem possível criar novos espaços de
exposição e aumentem a visibilidade desses artistas ganha cada vez mais
relevância, principalmente como um resgate cultural e o olhar anti
colonial. Esse é, por exemplo, o objetivo da AFRO-ART - Feira de Arte Afro-Indígena:
reconhecer e valorizar o trabalho desenvolvido por artistas negros(as) e
indigenas, promovendo um novo espaço expositivo que democratize tanto o
acesso as artes, como a própria arte em si. Realizada pela AfrontArt - Quilombo Digital de Arte,
a primeira edição do evento acontece entre os dias 13 e 26 de janeiro,
das 10h às 19h, na Cardume Artes Visuais - Rua do Bispo, 35,
Pelourinho. Com entrada gratuita, a feira estimula o público a conhecer
artistas contemporâneos da nova geração,
a exemplo de Rafaela Kennedy, Emerson Rocha e Bernardo Conceição, que
têm se destacado no cenário nacional e terão obras expostas e
comercializadas no local. Contribuindo
para a comunidade tanto sob uma perspectiva sócio cultural quanto
econômica, a AFRO-ART tem idealização e curadoria de Luana Kayodê, CEO da empresa, e Raína Biriba, co-fundadora e diretora executiva. “Quando
tratamos de grandes galerias, menos de 4% dos artistas com obras
expostas são negros; se falarmos de indígenas, os números são menores
ainda. Nos meios tradicionais, há um racismo institucional muito
presente. Então, nosso objetivo é oferecer um espaço para que esses
artistas, jovens potências brasileiras, possam mostrar seu trabalho,
agregando valor simbólico e comercial às suas obras. Queremos criar um
espaço que democratize a arte, que exponha o trabalho de artistas com
muito potencial e que tragam um novo olhar para as artes”, explica Luana Kayodê. A AFRO-ART oportuniza artistas que em sua grande maioria não são representados por galerias.
Será a chance de muitos que ainda não puderam mostrar seu trabalho
estarem em um espaço de visibilidade, aberto ao público, dialogando
sobre suas vivências, trocando experiências e, além disso, podendo
agregar valor comercial e vender suas obras nesse novo circuito
econômico das artes de Salvador. Assim, a feira reúne cerca de 40 artistas de diversos segmentos, como fotografia, ilustração, escultura e pintura,
com obras avaliadas entre R$ 3 mil e R$ 70 mil reais. Ao todo, o
projeto visa movimentar um montante de 500 mil reais em venda de obras
de arte, promovendo articulação, equidade, geração de renda e
protagonismo aos artistas e profissionais envolvidos. A expectativa é
que cerca de 3 mil pessoas visitem a Cardume Artes Visuais ao longo dos
dias, conhecendo mais o trabalho de novos artistas brasileiros. Além da
exposição e venda de obras de arte, o evento também traz rodas de conversa abertas ao público, permitindo um maior diálogo acerca das artes negras e indígenas, bem como a importância de sua representatividade. O
projeto tem patrocínio da Stella Artois e do Governo do Estado, através
do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda,
contemplada através do edital Fundo Bora Cultura Preta, em que a AMBEV,
em parceria com a PretaHub, inaugura sua política afirmativa voltada ao
empreendedorismo cultural e à economia criativa negra. A realização é da
AfrontArt - Quilombo Digital de Arte. Sobre a AfrontArt SERVIÇO [AFRO-ART - Feira de Arte Afro-Indígena] Data: 13 a 26 de janeiro Horário: aberto ao público das 10h às 19h Local: Cardume Artes Visuais, Rua do Bispo, 35, Salvador Programação: exposição e venda de obras de arte e rodas de conversa abertas ao público Entrada gratuita Por Glaucia Pinheiro
A
AfrontArt é uma empresa baiana de impacto social e inovação voltada ao
fomento às artes visuais preta e brasileira, que desde 2020 vem
construindo um espaço de referência para os artistas e profissionais
afrodescendentes e originários, no que tange a circulação e venda de
obras, criação, curadoria, qualificação profissional e fortalecimento da
comunidade. Ela tem como objetivo articular e fomentar a cadeia
produtiva das artes visuais negra e indígena brasileiras a partir de
ações estratégicas para a gestão da criação, produção e monetização.
Realizou projetos em parceria com a Prefeitura de Salvador como o "Festival Salvador Capital Afro”, Metrô de São Paulo com as exposições "Qual o Pente que te Penteia” de Juh Almeida e "Zamba” de Bruno Zambelli, e com o Centro Cultural Banco do Brasil com a exposição “Indomináveis Presenças”.