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Filme brasileiro "Miúcha, a Voz da Bossa Nova" será exibido em festival de cinema na Sorbonne
O documentário "Miúcha, a Voz da Bossa Nova" participará do prestigiado festival "Música nas Américas", organizado pela Universidade Sorbonne em Paris. Único representante do Brasil no evento, o filme dirigido por Liliane Mutti e Daniel Zarvos mostra a vida e a carreira de Miúcha, um ícone da Bossa Nova. A exibição está marcada para amanhã (09/11), às 20h30, no Cinema L'Écran de Saint-Denis, prometendo oferecer ao público uma visão única da artista e dos aspectos femininos na música brasileira.
A narrativa traz uma coletânea rica de cartas, diários, filmes em Super 8, fitas cassete, aquarelas pintadas por Miúcha, além de fotos e vídeos inéditos que revelam uma história íntima e singular da cantora. Muitas vezes apagada por sua ligação com figuras como Vinicius de Moraes, Tom Jobim e João Gilberto, a trajetória de Miúcha e o papel do feminino na Bossa Nova ganham destaque nesta obra.
Para a diretora Liliane Mutti, “exibir Miúcha na Sorbonne é uma celebração da memória e obra de uma artista que redefiniu o papel da mulher na música brasileira. Além disso, destaca que a nossa música é uma atração poderosa para o cinema brasileiro, mostrando a força e a transversalidade da cultura do país no cenário mundial. É uma alegria ver Miúcha sendo apreciada em mais de 40 países, por onde o filme já circulou". Ela também comentou que Miúcha estudou na Sorbonne, tornando a sessão ainda mais especial.
O ator Paulo Betti, ao assistir ao documentário, expressou sua admiração nas redes sociais: “estou absolutamente trespassado pela delicadeza e contundência do filme. As músicas inundam nosso coração, nos fazem chorar a ponto de não conseguirmos ver as fotos do impressionante arquivo e pesquisa! Parabéns a todos os envolvidos! O filme mais lindo que vi nos últimos tempos! Viva o cinema brasileiro!”
O curador do Festival das Américas, Alberto da Silva, destacou a relevância do filme: "Além de homenagear a grande cantora brasileira Miúcha, o documentário de Liliane Mutti e Daniel Zarvos revela a perversidade das relações desiguais de gênero, não apenas no Brasil, mas no mundo da produção musical internacional nas décadas de 1950 e 1960."
Sendo a primeira cinebiografia de Miúcha, o documentário revisita sua vida entrelaçada com grandes nomes da cultura e apresenta as mulheres que marcaram sua trajetória. Momentos com a poeta chilena Violeta Parra, que apresentou Miúcha a João Gilberto, e um encontro com Simone de Beauvoir na casa dos Buarque de Hollanda no Rio de Janeiro enriquecem o filme, que também explora a libertação artística e emocional da cantora ao lado de Vinicius de Moraes, Stan Getz e Pablo Milanés.
O filme entrelaça a voz de Miúcha com leituras de suas cartas e diários interpretadas por sua sobrinha, a atriz Sílvia Buarque, em uma homenagem que cruza gerações. Com uma trajetória internacional de sucesso, o documentário já conquistou prêmios como Melhor Longa de Música no Festival Internacional de Cinema Indie Lisboa e Melhor Filme no In-Edit México.