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De Catu à França e aos Estados Unidos: Ed Ribeiro celebra duas décadas no panteão das Belas Artes, após iniciar carreira aos 52 anos de idade
No panteão consagrado das ‘Belas Artes’, nomes como o norte-americano Jackson Pollock, o hispânico Pablo Picasso e o brasileiro Ed Ribeiro, tido como o “Pintor dos Orixás”, destacam-se pela trajetória singular e o reconhecimento internacional nas fine-arts.
No entanto, enquanto Picasso chamava à atenção internacional aos oito anos de idade, com a obra ‘O Picador’, Ed só teve seu primeiro contato com o universo da pintura aos 52 anos – quatro décadas após jovens talentos, como Picasso. A idade, porém, não foi impeditivo para Ed, que encontrou na arte um ‘sentido’ para viver.
Apesar do sucesso tardio, a trajetória do brasileiro inspirou uma geração de artistas novos e experientes. Natural da zona rural de Catu (BA) e vindo de uma família humilde do Recôncavo Baiano, Ed Ribeiro teve sua vida transformada após largar o empreendedorismo em 2005 e dedicar-se completamente à pintura.
O gênio dentro de si aflorou aos 52 anos, enquanto refinava a técnica mundialmente famosa: Derramamento de Tinta. Sem recorrer a pincéis ou espátulas, Ed Ribeiro ficou conhecido por aplicar a tinta diretamente sobre a tela, técnica que lhe rendeu à posição ao lado de grandes nomes e abriu portas para exposições internacionais.
Hoje aos 73 anos de idade, Ed celebra duas décadas de prestígio mundial, desde que expôs seu primeiro quadro no ‘Point do Acarajé’. Transformando a maturidade em potência criativa, o artista se reinventou à ponto de ter suas obras expostas em galerias internacionais, nos territórios da França e Estados Unidos.
“Eu sou a prova viva de que não há idade para correr atrás dos nossos sonhos. Sou grato a Deus e me sinto abençoado pelos Orixás, por terem estado sempre presente nessa trajetória. Ser reconhecido como o ‘Pintor dos Orixás’ não era algo que eu esperava, em 2005, logo quando tudo começou. Hoje em dia, olhando para trás, percebo que essas mesmas obras me permitiram assinar um legado na história da arte internacional e contemporânea, e o único sentimento que fica é o de ‘gratidão’”, explica.
Em poucos anos de carreira, suas peças alcançaram prestígio mundial. Ed Ribeiro recebeu a medalha de ouro da Sociedade Brasileira de Belas Artes e distinções da Académie des Arts, Sciences et Lettres de Paris, além de expor trabalhos no Museu do Louvre em 2010; um feito raro para artistas brasileiros. A conexão com a França se expandiu, à ponto do então presidente Emmanuel Macron ter a obra ‘São Jorge’, assinada por Ed, em sua galeria pessoal.
Inserido há duas décadas no universo da arte, a ancestralidade de suas pinturas já inspirou enredos de escolas de samba, sendo tema em desfiles em São Paulo e Belo Horizonte. Em 2025, o ‘Pintor dos Orixás’ recebeu homenagens de Catu à Portugal, acumulando o Título Honoris Causa e o último Prêmio Lusofonia.
Segundo Ed, iniciar a carreira aos 52 anos foi um verdadeiro ‘turbilhão de emoções’, algo que ainda não tinha presenciado em outros ofícios. Vindo de origem humilde, o pintor explica que foi a arte que lhe abriu às portas para conhecer novos lugares e pessoas.
De comerciante à artista internacional, Ed traz a paixão, disciplina e dedicação como instrumentos para recalcular a rota, em caminhos pessoais e profissionais. “O tempo, que acontece agora, que chamamos de ‘presente’; esse está sempre de portas abertas para nós. Cada passo me trouxe experiências, descobertas e conexões que jamais imaginei. A arte me mostrou que não existe idade para se reinventar, para criar, para tocar outras vidas e deixar o nosso legado”, conclui.
Por Antônio Anselmo
