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ADM e Parque Vida Cerrado identificam 120 espécies em Guia de Flora para apoiar restauração do Cerrado e fortalecer comunidades no Oeste da Bahia
O oeste da Bahia abriga uma vasta área do Cerrado, além de comunidades tradicionais e importantes nascentes que alimentam o Rio São Francisco. Para fortalecer o trabalho dos coletores de sementes na identificação e coleta de espécies nativas destinadas a projetos de restauração ambiental, a ADM, líder global em comercialização de grãos, insumos e nutrição humana e animal, e o Parque Vida Cerrado, referência em conservação da biodiversidade, pesquisa e educação socioambiental do bioma, estão desenvolvendo o Guia de Flora do Cerrado, que já identificou 120 espécies nativas com potencial para restauração da vegetação e geração de renda para coletores de sementes.
A pesquisa busca, por meio de visitas de campo, verificar como o arcabouço científico e teórico se traduz na prática, checando a presença das espécies e realizando os registros fotográficos, além de promover a interação com a comunidade e os coletores, nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério, no interior da Bahia. A pesquisa, que teve início em dezembro de 2024, deve ser finalizada com a publicação do Guia de Flora no início de 2026. Até o momento, foram identificadas e catalogadas 120 espécies com potencial de plantio, que podem ajudar a restaurar áreas do oeste do estado, gerar valor e desenvolvimento para as comunidades e servir como foco para geração de renda dos coletores.
O Guia de Flora será uma ferramenta prática e acessível para orientar coletores de sementes a organizar seu trabalho com foco em diferentes espécies nativas, de acordo com as necessidades dos projetos de restauração. Com isso, eles podem vender as sementes para instituições e empresas, gerando renda para as comunidades, ao mesmo tempo que apoiam a recuperação de áreas degradadas. O material também busca unir o conhecimento científico ao registro e conhecimento ancestral da cultura local sobre a natureza.
Riqueza de espécies e preservação do saber ancestral
Durante o desenvolvimento do Guia de Flora, o pesquisador Paolo Sartorelli, engenheiro florestal e especialista em restauração ecológica, tem visitado comunidades locais para entender a relação cultural com as espécies nativas. Algumas delas são conhecidas por diferentes nomes, a depender da localidade. “O guia tem uma linguagem acessível, sem o uso excessivo de termos técnicos, para ajudar a direcionar o trabalho dos coletores de sementes. O material contará com informações sobre onde coletar, época de colheita, forma de vida, polinizadores, tipo de fruto e classificação quanto à conservação. Além disso, estamos fazendo um registro do conhecimento popular a respeito das espécies nativas”, explica.
O trabalho em campo tem rendido conhecimento sobre a diversidade de espécies de mesmos grupos vegetais e os nomes populares mais comuns que existem para cada uma delas. Durante as visitas, já foram identificadas onze espécies diferentes de Copaíba e seis tipos de Jatobá. Além da coleta de dados, a ADM e o Parque Vida Cerrado atuam junto às fazendas e comunidades para entender a percepção da população local sobre o cuidado com a fauna e a flora.
“As comunidades são fundamentais para a preservação do Cerrado, e o conhecimento é algo valioso para que a agricultura possa atuar em sinergia com a sustentabilidade. Nossa parceria com o Parque Vida Cerrado tem sido muito produtiva em disseminar informações para todos que desejam contribuir ativamente para a recuperação e conservação do bioma no oeste da Bahia. Os benefícios dessa conscientização geram valor para toda a cadeia, trazendo impacto positivo para as pessoas e para o planeta”, explica Caroline Hoth, Especialista de Sustentabilidade da ADM para a América Latina.
"Nosso trabalho em campo com as comunidades mostrou o potencial de transformação que o Guia de Flora representa. Acreditamos que a valorização dos coletores de sementes com consequente geração de renda e a recuperação do Cerrado são fundamentais para uma verdadeira sustentabilidade. A parceria com a ADM nos permite dar esse passo, oferecendo uma ferramenta que empodera as pessoas, fortalece a economia local e, ao mesmo tempo, contribui para a restauração ecológica do bioma", afirma Gabrielle Rosa, gerente do Parque Vida Cerrado, mantido pelo Instituto Lina Galvani.
Um olhar para a biodiversidade
A parceria entre a ADM e o Parque Vida Cerrado resultou anteriormente na primeira edição do Guia da Fauna, realizado com dados coletados entre 2020 e 2023, que identificou 35 mamíferos em mais de 200 mil horas de monitoramento, com 11.643 registros de imagens captadas por 25 câmeras equipadas com sensores de movimento e infravermelho instaladas em cinco propriedades rurais de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães. As informações coletadas servem para estudar a diversidade e riqueza de mamíferos e sua relação com a agricultura, contribuindo para ações de sensibilização ambiental e redução de riscos.
“Com o Guia de Flora damos mais um importante passo na nossa estratégia de responsabilidade social e ambiental, em um dos principais biomas do país, que além de abrigar grande biodiversidade desempenha um papel relevante para a cadeia agrícola. Esperamos que a publicação do material ajude, junto ao Guia de Fauna, a ampliar a compreensão a respeito da conservação do Cerrado”, defende Hoth.
Por Laura Moscatelli