Psicólogo e Mestre em Psicologia Vladimir Nascimento/Foto: Arquivo O Candeeiro
ARTIGO – Esperançar = Por Vladimir Nascimento
O patrono da educação brasileira, Paulo Freire, sabiamente defendia que deveríamos ter esperança em futuro melhor, porém não “esperança” no sentido de esperar, mas do verbo “esperançar”, cuja intenção é ir atrás, não desistir.
E não desistir significa também não se deixar levar pelas armadilhas da mídia televisiva que constantemente nos forçam a ingerir conteúdos nocivos, aterrorizantes, sensacionalistas, cujo objetivo é lucrar cada vez mais com as audiências, e manipular a grande massa com seus mais nocivos interesses, fazendo-nos crer que o mundo é um lugar inóspito e arriscado.
Inegavelmente existem mais pessoas boas que ruins no mundo, porém somos influenciados para acreditar o contrário. Mas, vamos às estatísticas: nos séculos passados a população mundial era dizimada frequentemente através de fome, pestes e guerra. Atualmente esses infortúnios acontecem, porém a média de mortes por obesidade, por exemplo, é infinitamente maior do que a soma de óbitos por inanição, doenças e violência. Isso significa que morrem mais pessoas por falta de cuidado com a saúde do que por outros motivos.
A pandemia, que não foi a primeira nem será a última, infelizmente dizimou milhões de pessoas no planeta… No entanto, nunca a ciência conseguiu em tão pouco tempo produzir um antídoto para um vírus, contribuindo para que o número de recuperados fosse imensamente maior que o de mortos; ou para que esse flagelo não se tornasse uma tragédia humanitária como foi a gripe espanhola ou a peste negra, que em meado do século XIV matou mais da metade da população europeia.
A linha do gráfico da nossa vida não é retilínea, mas irregular, inconstante, variável e volátil. Fracassos, insatisfações, impotências fazem parte da vida de qualquer pessoa. Mas não é por isso que devemos ludibriar nossa imaginação, fazendo-nos crer que a vida só é feita dessas adversidades. Somos muito mais que isso.
É claro que fracassamos, mas também dispomos de potencial; vivenciamos constantes insatisfações, mas conseguimos nos revigorar através do sorriso de uma criança; sentimo-nos impotente, mas salvamos vidas com um simples abraço. Isso é humanidade, isso é ser humano, isso é vida. E não podemos deixar que ninguém apague essa forma de “esperançar” em nós.
Vladimir de Souza Nascimento
Psicólogo, mestre em Psicologia (UFBA), autor do livro DIFERENÇAS e Palestrante.
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