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Segundo SBGG, pessoas idosas devem se manter ativas profissionalmente
Nas últimas semanas, o nome do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi um dos mais comentados em toda a imprensa mundial. O assunto em questão é se por conta da idade, ele teria condições de concorrer à corrida presidencial. Após muitas especulações, no último dia 21, ele desistiu oficialmente de concorrer à reeleição.
Todavia,
a grande pergunta que fica é: será que existe uma idade certa para a
pessoa idosa parar de trabalhar? Dados do Censo Demográfico de 2022
mostram que a população idosa brasileira, de 60 anos ou mais, teve um
aumento de 56% em relação ao de
2010. São cerca de 32.113.490 pessoas que estão nesta faixa-etária, que
representam 15,6% da população do Brasil, que gira em torno de
203.080.756 habitantes.
Para a geriatra e diretora da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Dra. Alessandra Tieppo, antes de verificar se a pessoa está apta ou não a exercer determinada atividade, é importante ressaltar que a questão do etarismo, nome que se dá ao preconceito contra pessoas com base na sua idade, é algo latente no mundo, sendo uma prática bastante comum contra pessoas idosas, principalmente no mercado de trabalho. “O etarismo, além de prejudicar a saúde física, afeta também a dignidade da pessoa, impactando na habilidade de cada indivíduo alcançar seu pleno potencial”, observa a geriatra.
Momento de parar?
A
Dra. Alessandra afirma que a idade não tem a ver com a incapacidade
funcional ou cognitiva de qualquer pessoa. Ela explica que existem
outros fatores que contribuem com esta questão. “A funcionalidade de uma
pessoa envolve a sua autonomia, que é o
poder de decisão, de pensar por si mesmo e poder executar qualquer
tarefa. E esse comprometimento não tem nada a ver com a idade”, afirma,
ao comentar que, obviamente, a idade mais avançada pode trazer algumas
doenças crônicas e suas
manifestações podem ser mais evidentes. “No entanto, a perda de
funcionalidade não é sinônimo de envelhecimento; ao contrário. É
importante lembrar que a experiência de vida contribui muito para uma
sociedade saudável, inclusive no mercado de
trabalho.”
Segundo
a geriatra, profissionais nesta faixa-etária com ensino superior
costumam permanecer mais tempo no mercado de trabalho em relação às
pessoas que desenvolvem serviços mais braçais. Ela explica que ter uma
atividade laboral faz bem não
apenas para o organismo, mas também para a mente, desde que seja
respeitada as limitações da pessoa. “É fundamental para a saúde da
pessoa idosa que ela tenha uma atividade laboral, mesmo que seja
parcialmente, até mesmo uma segunda profissão,
por exemplo. Também é importante que a pessoa planeje sua aposentadoria
para ter um envelhecimento bem-sucedido, sabendo o que ela fará no dia
seguinte quando oficialmente se ‘aposentar’, revela, ao comentar que
tendo definida qual a atividade ela
começará a se dedicar a partir daquele momento, o processo de
envelhecimento ficará muito melhor. “As empresas deveriam investir neste
processo visando a aposentadoria das pessoas. Muitas, sem saber o que
fazer, podem desenvolver um quadro depressivo
e até mesmo de dependência alcoólica ou química, por não se sentirem
mais úteis. Então, neste processo, é importante a participação da
família, para evitar que isso aconteça.”
De
acordo com a Dra. Alessandra, também é papel da família perceber quando
a pessoa idosa está perdendo a funcionalidade, entendendo se o que ele
está fazendo ou deixando de fazer faz parte do envelhecimento realmente
para poder intervir, se
necessário. “Familiares, pessoas idosas e geriatria devem estar
alinhados nesta fase e, juntos, diminuindo as atividades. A família só
aposentará o idoso realmente quando ele perder sua capacidade de pensar e
tomar decisões, que é a sua autonomia.
No entanto, isso não pode ser forçado, é uma decisão compartilhada com a
pessoa idosa”, afirma
Sobre a SBGG
A
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), fundada em 16
de maio de 1961, é uma associação civil sem fins lucrativos que tem como
principal objetivo congregar médicos e outros profissionais de nível
superior que se interessem pela
Geriatria e Gerontologia, estimulando e apoiando o desenvolvimento e a
divulgação do conhecimento científico na área do envelhecimento. Além
disso, visa promover o aprimoramento e a capacitação permanente dos seus
associados.
Por Helena Geraldes