O termo “prevenção”, em latim, significa preparar com antecipação o necessário para determinado fim. Isso prova com clareza que nada acontece por acaso, nem por mágica. Se quisermos um futuro melhor, inevitavelmente temos que “preparar com antecipação” os caminhos para alcançar tal objetivo. Essa fórmula é tão simples e evidente como nas vezes em que reconhecemos que passamos numa prova não por sorte ou destino, mas pelos frutos dos nossos esforços.

Da mesma forma, esse raciocínio deve ser aplicado a outras esferas, como por exemplo, as mazelas sociais: impossível reduzir a incidência de violência, consumo de drogas e pobreza sem políticas públicas eficazes, sem investimentos nas áreas esportivas, culturais, educacionais; sem proteção integral ao público infanto-juvenil.

Quantos jovens deixariam de matar e/ou serem mortos nas batalhas diárias dos crimes, se tivesse, ao menos, uma oportunidade de realizar determinada prática esportiva? Quantos excelentes profissionais, quantos cidadãos benevolentes poderiam ser formados a partir do incentivo à atividade prazerosa da leitura? Quão drasticamente iriam despencar os índices de violência e intolerância às diferenças, se porventura as crianças pudessem ser levadas aos museus com o intuito de conhecer suas histórias, respeitar as demais, e projetar seu futuro a partir de tais conhecimentos?

Mas, infelizmente, essa ainda não é a realidade do nosso país. A educação é gritantemente desvalorizada; as proteções e garantias dos direitos das crianças e adolescentes não são concretizadas; a importância da prevenção não é reconhecida, porque muitos não pensam nas repercussões de suas ações em longo prazo; e o futuro não é planejado, apesar daqueles que acreditam que, como por mágica ou acaso, a situação vai melhorar.

Não é difícil enxergarmos nossos erros: por que investimos mais em presídios que escolas? Por que as drogas são mais atrativas que o esporte? Por que as bibliotecas, museus e teatros estão cada vez mais depreciados, desvalorizados e desocupados? Talvez porque esses são os mais importantes pilares da prevenção, proteção e educação que podem dignificar, engrandecer e enriquecer uma nação. Não é à toa que vários países desenvolvidos já seguiram com êxito essa receita. Aqui no Brasil infelizmente é diferente. Talvez porque nós, pobres ignorantes, ainda não sabemos o poder que temos em mãos. É como se tivéssemos um carro de luxo, esplendorosamente repleto de acessórios e utilidades, registrado e habilitado para dirigir, mas não soubéssemos dar a chave da partida. De nada adianta.

Vladimir de Souza Nascimento

Psicólogo, mestre em Psicologia (UFBA), autor do livro DIFERENÇAS e Palestrante.

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