Bullying é um termo muito difundido atualmente para conceitualizar atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um ou mais indivíduos contra outro vulnerável, indefeso, fragilizado e, muitas vezes, sem condições de se defender.

Como a maioria dessas práticas violentas acontece entre crianças e adolescentes, o ambiente mais propício para surgir essas práticas violentas é a escola. Todavia, faz-se necessário frisar que, apesar da recente disseminação do termo, o Bullying é uma prática covarde que sempre existiu em vários espaços e épocas, presente em todas as nações.

A pressão exercida sobre a vítima é tão forte que ela tem altas chances de desenvolverem transtornos de humor, transtornos alimentares, distúrbios de sono e/ou transtornos de ansiedade em algum momento da vida, e que podem minar todas suas bases de confiabilidade, bem como prejudicar relacionamentos posteriores com outras pessoas.

De fato, os pais e educadores precisam estar atentos a possíveis indícios de que a criança ou adolescente estejam sendo vitimizados, pois grande parte destes não reage ou fala sobre a agressão sofrida, dificultando ainda mais a intervenção precoce. Daí a importância dos pais criarem desde cedo um laço de afetividade com os filhos, possibilitando uma confiança mútua e necessária para o desenvolvimento sadio dos mesmos.

Da mesma forma, é necessário identificar desde cedo os possíveis agressores, com o intuito de impedir danos maiores no futuro. Geralmente, o que move esses atos de Bullying é a intolerância, seja ela racial, religiosa, comportamental ou da esfera sexual. E se, pais, responsáveis, educadores, não estiverem atentos poderão estar contribuindo – consciente ou inconscientemente – para a criação de um novo Hitler, líder alemão que via sua “raça” e seu povo como puros e perfeitos, e que defendia a exterminação de todos os que não fizessem parte desse clã.

Ninguém nasce mau geneticamente. O ser humano é um ser social e, por isso, é influenciado e sofre influências da sociedade. Assim, pais que não limitam seus filhos nos seus desejos e gostos, acabam lhes dando muito poder. E poder significa capacidade de ter possibilidades, ou seja, confere a criança ou adolescente desde cedo uma potência capaz de se sentirem imbatíveis e invulneráveis, sem nenhuma conduta moral que os regulem.

Mais uma vez percebe-se a verdadeira eficiência que pode ter a ferramenta educacional. É como se fosse uma agulha invisível que costurasse todas as ideias de respeito, benevolência e tolerância no desenvolvimento psíquico do indivíduo em formação. E o Bullying é uma confirmação de que essas raízes não foram construídas e/ou solidificadas. Portanto, combater esse mal é uma obrigação de todos, principalmente daqueles que se preocupam com a não extinção da humanidade.

Vladimir de Souza Nascimento

Psicólogo, mestre em Psicologia (UFBA), autor do livro DIFERENÇAS e Palestrante.

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