
Vladimir Nascimento, Mestre em Psicologia / Foto: Arquivo O Candeeiro
ARTIGO - NÃO MENOSPREZE AS EMOÇÕES DOS SEUS FILHOS – Por Vladimir Nascimento
A única certeza que temos sobre a vida, além da sua finitude é sua perene inconstância. Ela nunca será vivida em linha reta, e isso independe de estrato social e/ou condição econômica. Diante dessa verdade inquestionável não adianta ignorar as emoções que a vida sempre nos proporcionará.
Infelizmente, as crianças também não estão imunes a essas nuances da vida, porém tendemos a ignorar, ou pior, menosprezar as emoções que elas externalizam. Em um cenário familiar, cujas crianças são impedidas de colocar “para fora” suas angústias, raivas e choros, certamente terão dificuldade nos relacionamentos com seus pares e não serão emocionalmente saudáveis quando adultas.
São comuns mães e pais que não suportam o barulho do choro da criança e fazem de tudo para ele seja “engolido”, através da censura ou de distrações com a televisão – para disfarçar e camuflar o que ocasionou aquela emoção. Lidar com os filhos nos momentos bons, saudáveis e tranquilos qualquer pai/mãe “regular” consegue, mas são nos momentos difíceis, de birras e choros que se distinguem os que exercem verdadeiramente a função materna/paterna, dos “faz de contas” (dos pais/mães apenas de poses nas redes sociais).
Ajudar os filhos a nomear suas emoções, acolher suas dores, enxergar nas entrelinhas daquela birra um pedido de atenção ou ajuda, é mais do que obrigação dos pais. Além disso, podem evitar que eles futuramente busquem refúgio nas bebidas ou drogas para enganar (temporariamente!) suas emoções, por não saber como lidar com elas.
Filhos não pediram pra nascer. Planejados ou não, cuidar deles é uma obrigação insubstituível dos pais. Quando o cidadão, a sociedade ou o Estado cobra esse empenho dos pais não é um pedido, mas uma exigência do cumprimento de uma responsabilidade inerente a paternidade/maternidade. Os que acham que podem não dar conta desse cuidado completo que um filho exige é melhor nem pensar em tê-los.
E cuidar não é só prover o sustento financeiro, educacional e nutritivo, mas (principalmente!) estar presente nos momentos mais difíceis que as crianças inevitavelmente enfrentarão, porque quando se tem uma criação emocionalmente madura, acolhida, fortalecida, todos os problemas são enfrentados com mais suavidade. E isso é o mais importante, porque é o que fica marcado. Criança não quer apenas brinquedo, mas pais que brinquem com elas; filhos não querem viver o sonho dos pais outrora frustrado, mas quer ter a liberdade de escolher seu futuro; crianças não querem presentes, e sim presença.
Obviamente, educar emocionalmente filhos é muito difícil, principalmente quando envolve conciliar trabalho, carreira, tarefas domésticas. Mas… se não for você (pai/mãe), quem será?
Vladimir de Souza Nascimento
Psicólogo, mestre em Psicologia (UFBA), autor do livro DIFERENÇAS e Palestrante. CRP-03/4531 / WhatsApp: 71 98809-3157