Vladimir Nascimento, Mestre em Psicologia / Foto: Arquivo O Candeeiro
ARTIGO - ESTUDAR PARA SE EMANCIPAR – Por Vladimir Nascimento
Um dos mais abomináveis males que existe é a submissão. A origem dessa palavra vem do Latim submissio, que significa “ato de abaixar, de afundar, de ceder”. Infelizmente, esse tipo de comportamento não é raro em nosso país, principalmente pelo fato do Estado não disponibilizar democraticamente as ferramentas educacionais necessárias – principais antídotos contra as condutas submissas.
Já que o Estado não oferece tais oportunidades, cabe ao indivíduo se esforçar e lutar para adquirir conhecimento, se quiser se desvencilhar dos grilhões da escravidão da ignorância. Mas apesar de árdua, toda essa luta é válida. Todo sacrifício terá recompensas, mesmo que seja em longo prazo. E, se a recompensa for uma independência intelectual e cultural, vale muito à pena lutar por isso.
Então, avante! Vamos à luta. Vamos nos qualificar, estudar, questionar; buscar outras verdades; criar outras possibilidades de compreender a vida; sair da zona de conforto, fugir do “mais do mesmo”; conhecer, entender e defender nossos direitos… Enfim, não ficar dependente das opiniões alheias, nem permanecer subserviente ao sistema.
Precisamos parar de brigar por coisas fúteis e inúteis, e focar nossa atenção para o que realmente é relevante para nossa vida. Por exemplo, enquanto alguns torcedores medíocres brigam e matam por seu time de futebol, os dirigentes e presidentes dos respectivos clubes são amigos, jantam juntos depois da partida, e pouco se importam com o placar final. A mesma coisa na esfera política: enquanto o país fica dividido em dois blocos – cada parte defendendo aquele ou outro partido, desfazendo-se até amizades – os respectivos governantes estão em conluio nos bastidores, conspirando em favor do próprio bolso, fingindo ser rivais publicamente, rindo da nossa cara, e os tolos ignorantes brigando a favor de A ou B. Por que não unificar essas forças antagônicas em manifestações a favor de uma reforma política geral, em prol de um bem estar coletivo? Por que não lutar por uma melhor distribuição de renda e de terras? Por que não exigir que nossos impostos pagos sejam realmente destinados a melhores condições na saúde, educação, segurança? Por que não lutar para que o código penal seja cumprido indistintamente, e não apenas para quem tem condições de pagar um bom advogado? Enfim, devemos canalizar nossa força para planejar e reestruturar nossas vidas em prol de um futuro melhor para todos, e não ficar discutindo banalidades. Eleanor Roosevelt, uma grande defensora dos direitos humanos, já afirmava: “Mentes pequenas discutem pessoas; mentes medianas discutem eventos; grandes mentes discutem ideias”.
Precisamos deixar de discutir pessoas e passar a discutir ideias, mas para isso é necessário estudarmos. Pois, enquanto não nos emanciparmos educacionalmente continuaremos a viver sob as rédeas de uma minoria que está no poder, muitas vezes com instrução educacional bem menor que a nossa… E, no final das contas, eles nem se importam com isso porque tem certeza que, depois de quatro anos, utilizarão os mesmos artifícios e engodos para continuar no poder. E como sabem disso? É fácil descobrir, porque nossa ignorância é tão avassaladora e evidente que fomos capazes de eleger um palhaço, semianalfabeto, como o segundo deputado federal mais votado do país, na penúltima eleição.
Vladimir de Souza Nascimento
Psicólogo, mestre em Psicologia (UFBA), autor do livro DIFERENÇAS e Palestrante. CRP-03/4531 / WhatsApp: 71 98809-3157