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Cordelista une tecnologia e cordéis para conquistar leitores por meio da leitura imersiva
No mundo digital, a informação está ao alcance de um clique e os formatos e conteúdos se diversificam quase que diariamente. A pesquisa "Using TikTok as a Search Engine", realizada pela Adobe e divulgada em 2024, revelou que 64% dos nativos digitais já utilizaram a plataforma TikTok para tentar encontrar alguma informação, refletindo precisamente as mudanças que o acesso ao conhecimento tem experienciado nos últimos anos. Nesse contexto a literatura científica enfrenta um desafio único: como capturar a atenção de leitores em um mercado literário em constante evolução? A resposta pode estar na inovação das leituras imersivas digitais, como demonstrado nos projetos da cordelista Cíntia Moreira Lima.
“A Vida Escondida na Floresta do Rio Negro em Cordel” é uma obra escrita pela autora que contém ilustrações em xilogravura digital, feitas pelo designer Pedro Henrique. Durante a construção do cordel, Cíntia e sua equipe puderam observar uma necessidade de atrair um público maior de leitores, principalmente aqueles que costumam ter mais afinidade com a tecnologia que está significativamente presente em suas vidas, possibilitando a estes uma leitura que possua interação e movimento. Para isso, encontraram uma oportunidade: a inclusão de fotos e vídeos da floresta amazônica, capturadas por cientistas e fotógrafos, dentro do próprio cordel, disponíveis em QRcodes.
A cordelista foi responsável pela curadoria de imagens e vídeos que são apresentados ao longo do texto. Os materiais audiovisuais foram disponibilizados pelo professor Bill Magnusson, cientista e professor do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), que junto sua equipe, durante suas pesquisas, registrou a fauna e flora da Floresta Amazônica de forma abundante e em diferentes ângulos. Essas mídias foram inseridas no cordel por meio de QRcodes, elaborados pelo designer Filipe Guaraná.
"Essa proposta interdisciplinar entre tecnologia, literatura popular e fotografia, que se iniciou no segundo cordel, busca evoluir cada vez mais em meus trabalhos junto da equipe fantástica de ilustradores, designers e pesquisadores que me acompanha. Os livros físicos, ao combinarem texto com interação digital e audiovisual, despertam uma curiosidade a mais nos potenciais leitores que estão tão imersos na tecnologia e no digital. Além disso, esse formato híbrido possibilita parcerias entre autores e fotógrafos, incentivando a reflexão que, ao invés de separar o digital do físico na literatura, é possível unir os dois e obter resultados muito positivos", afirma Cíntia Moreira Lima.
Sobre Cíntia Moreira Lima
Formada em Licenciatura em Ciências Biológicas pelo IFPB, Cíntia Moreira Lima é autora de cordéis ilustrados com temática ambiental e professora da Prefeitura de João Pessoa/PB, onde nasceu e mora até hoje. Com o passar dos anos, a profissional uniu a paixão pela literatura popular ao conhecimento científico, adaptando pesquisas sobre a Amazônia em formato de cordéis como "Brilhos na Floresta" e "A Vida Escondida na Floresta". Inspirada pela natureza para produzir obras, a missão da escritora é aproximar a literatura de cordel da cultura brasileira, como uma ferramenta lúdica e interativa de educação ambiental e visibilidade do Nordeste.
Por Pedro Assis