Fabiana Guia, 36, jornalista pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), repórter especial do Portal Correio Nagô, o mais antigo veículo de mídia negra e independente de Salvador / Foto Divulgação
Em qualquer ponto do Brasil tem mulher preta comunicando suas histórias com pertencimento
Formar e atuar no jornalismo é uma escolha desafiadora para mulheres negras e nordestinas. Em muitos casos, decidir pela profissão se baseia na paixão e, ousaria dizer, que a vontade de causar transformações sociais por onde passamos tem bastante relevância.
Foi o que me moveu, é o que me move, especialmente atuar em veículos independentes, de impacto social e plurais, como o Portal Correio Nagô. Vale salientar que são esses os que mais agonizam para sobreviver.
E a centralização de recursos em outras regiões do país exporta tantas profissionais para longe do seu território na busca de mais oportunidades e melhores salários.Se fosse diferente, a jornalista Gislene Ramos, 37, que vive há 6 anos em São Paulo, não teria necessidade de migrar para fazer especialização em jornalismo negro. “Não encontrei algo que contemplasse o tema na Bahia, achei a pós-graduação em Relações Étnico-raciais na USP. Me inscrevi sem perspectiva de passar, fui aprovada e tive que migrar”, lembrou a jornalista criadora da revista Aonde?! e gestora do site Fala Preta, mídia preta e periférica.Como muitas de nós, Gislene se incomodava com as mesmas perspectivas das pautas que produzia nos veículos convencionais. “Já tinha passado por grandes jornais e as histórias não me incitavam. A cada novo ano, o viés era igual”,