Psicólogo e Mestre em Psiocologia, Vladimir Nascimento / Foto: Arquivo O Candeeiro
ARTIGO - Nós, as redes sociais e os outros – Por Vladimir Nascimento
Nossa vida está inebriada e cercada de estímulos tecnológicos, e as redes sociais, por consequência, inundaram nossa vida, às vezes de forma incontrolável. Obviamente que ninguém pode negar os benefícios e facilidades advindos dessa forma de comunicação: a rapidez no acesso a informação, por exemplo, tornou possível um maior estreitamento nas relações sociais com amigos e familiares, independente da distância física que separe os envolvidos.
Porém, além do bônus, existe o ônus. Todo benefício sempre trás na bagagem aspectos negativos. Sobre o tempo de uso, por exemplo, pesquisas recentes revelam que no ranking mundial, o Brasil está em segundo lugar, com uma média atual de 10 horas e 8 minutos por dia; ou seja, cerca de 100 dias por ano conectado à internet. Em relação às redes sociais, os brasileiros consomem quase 2 horas e 30 minutos do seu dia.
Sabemos o quão nocivo esse uso desregulado e ilimitado nas redes sociais pode ser. Entretanto, o prejuízo pode ser ainda maior quando se usa as redes sociais para manipular, distorcer, ludibriar a própria vida.
Todos os seres humanos têm suas máscaras e nas redes sociais isso fica bem evidente, até porque ninguém quer revelar seu lado mais indecifrável e obscuro. É raro um usuário postar uma foto quando está desarrumado, ou na cotidianidade das tarefas simples do dia a dia, ou na degustação de sua refeição caseira. Porém, quando frequenta um renomado restaurante, por exemplo, faz questão de registrar e publicar o banquete, sem esquecer de destacar a famosa logomarca do local.
Não há nenhum problema em poder frequentar bons ambientes, saborear uma prazerosa comida, visitar lugares turísticos e aconchegantes, ou comprar determinados bens. Porém o prejuízo para a saúde psíquica é quando a pessoa, às vezes endividada financeiramente, se sacrifica para mostrar aquilo que não é. O que está registrado é o lindo prato e a pose para a foto. Mas, na realidade enquanto a pessoa aguarda ansiosamente a quantidade de visualizações e Likes daquela publicação, a comida já esfriou, a companhia já se irritou, o tempo que poderia ser aproveitado nesse local passou, e o arrependimento por ter gastado sem poder, chegou.
As redes sociais são ferramentas bastante úteis nos nossos dias atuais, mas não podemos deixar que elas controlem nossas vidas. Faça um pequeno teste: quando você conhecer um lugar novo, veja se consegue não postar, e então você vai perceber o nível da saúde psíquica da sua relação consigo mesmo e com os outros. Momentos prazerosos existem para ser curtidos, aproveitados e vivenciados plenamente; e não para serem postados com intenção de provocar inveja nos outros, que às vezes nem lembra que a gente existe.
Vladimir de Souza Nascimento
Psicólogo, mestre em Psicologia (UFBA), autor do livro DIFERENÇAS e Palestrante.
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