Scheidt se prepara para treino na raia de Enoshima (Divulgação)
Scheidt inicia jornada em busca da sexta medalha olímpica na madrugada deste domingo (25)
Por Rafael De Marco e Doro Jr.
Robert Scheidt começa a escrever mais um capítulo da história olímpica
do Brasil. O velejador se torna recordista nacional de participações em
Olimpíadas na madrugada desse domingo (25). Será a sétima vez na maior
competição do planeta do homem que já conquistou cinco medalhas, sendo
duas de ouro. Aos 48 anos, mostra disposição de estreante para lutar por
mais um pódio na classe Laser, cuja primeira regata será disputada na
raia de Enoshima, a partir das 2h30 (horário de Brasília).
“Mesmo
sendo a sétima Olimpíada, sempre dá um frio na barriga. E essa
ansiedade é normal. Passa quando a disputa começa e acredito estar bem
preparado e na briga por uma medalha. Acredito que minha experiência
pode ajudar, principalmente por conta de ser um evento diferente no
sentido que ninguém conseguiu treinar como antes, velejando na raia, por
exemplo. Estou confiante de ter feito a melhor preparação possível.
Agora é competir, jogar o jogo, que é o que a gente mais gosta”, diz o
bicampeão olímpico, que é patrocinado pelo Banco do Brasil e Rolex e que
conta com o apoio do COB e CBVela.
Scheidt aproveitou ao máximo
os 12 dias de aclimatação em Enoshima para a reta final de preparação
para lutar pela quarta medalha na classe Laser (as outras duas foram
conquistadas na Star). A partir deste domingo (25), serão 11 regatas,
dez na fase de classificação e a medal race, programada para dia 1 de
agosto, quando Robert espera estar entre os dez finalistas e na lutar
pela sexta medalha olímpica.
Veterano com coração de novato
Aos 48 anos, Scheidt vive um desafio diferente no Japão. “Com a idade, é
preciso atenção especial com o tempo de recuperação e o maior risco de
lesão. Se antes, com 20-30 anos, minha filosofia era fazer mais que os
outros para que o resultado viesse como consequência, hoje em dia, meu
volume de trabalho é bem menor, mas com qualidade e intensidade maior.
Tem também as coisas simples, que muita gente negligencia, como
alimentação regrada e sono. E por ter feito tudo isso sempre, ainda
tenho chance de seguir usando meu corpo em alta performance. Ele me
permite esse abuso, que são essas velejadas de Laser, que é um barco que
exige muito da parte física”, conta.
O velejador explica porque
segue em frente mesmo tendo uma carreira consagrada no esporte mundial,
com cinco medalhes olímpicas e 14 títulos mundiais em duas classes, a
Laser e a Star. “O que me motiva é a paixão pelo esporte. Não só
velejar, mas competir, testar meus limites. O que estou fazendo na
Laser, ninguém nunca fez e isso mostra para a juventude que os veteranos
também têm muita lenha para queimar, que se cuidando e querendo muito,
dá para velejar por muito tempo. No meu caso, é isso, a chama, a paixão,
a vontade de tentar de novo e lutar”, garante.
No Japão, Scheidt
enfrentará atletas até duas décadas mais jovens. Entre seus principais
adversários estão o alemão Philipp Buhl, atual campeão, Matt Wearn, da
Austrália e Sam Meech, na Nova Zelândia, e o francês
Jean Baptist Bernaz, companheiro de treino de Robert nesse ciclo
olímpico. “Acho que teremos dez a 12 atletas lutando pelas três medalhas
e acredito que estou entre eles. A Laser é muito forte, com uma grande
representatividade no mundo e é a classe na qual o velejador faz a
diferença. Todo o material vai ser fornecido pela organização - vela,
mastro e barco - então, o que conta é a maneira como se veleja, as
escolhas táticas”, explica o bicampeão olímpico.
Scheidt está
envolvido com o movimento olímpico há 25 anos. Na estreia, em 1996, nos
Jogos de Atlanta, ganhou a medalha de ouro, feito repetido oito anos
depois, em Atenas/2004. Na Laser ainda tem uma prata (Sydney/2000), além
de mais uma prata e um bronze na classe Star (Pequim/2008 e
Londres/2012). No Rio de Janeiro, em 2016, ganhou a regata da medalha,
mas terminou a competição na quarta colocação.
Suporte familiar
Além
da confiança, Robert leva na bagagem para Tóquio o apoio e a torcida da
mulher, a medalhista de prata na Laser Radial Gintare, e dos filhos,
Erik e Lukas, que permanecerão em Torbole, na Itália, onde residem.
“Esse companheirismo e essa torcida dentro de casa são ótimos.
A Gintare sempre me apoia. É uma grande velejadora, viveu três Jogos
Olímpicos e está do meu lado para o que der e vier. Os meus filhos
também torcem muito”, conta Scheidt. Erik, inclusive, já veleja e ficou
em top 20 no Campeonato Mundial de Optimist, no início de julho, na
Itália.
Maior atleta olímpico brasileiro - Em
março de 2020, foi eleito o maior atleta olímpico do Brasil, em votação
coordenada pela Rede Globo com os maiores medalhistas olímpicos do País.
Na comemoração dos 100 anos de história do Brasil nos Jogos Olímpicos,
no início de agosto deste ano, ficou em segundo lugar em votação de 100
jornalistas, atrás apenas de Adhemar Ferreira da Silva e à frente de
Joaquim Cruz, seus ídolos que muito o inspiram.
Fonte: ZDL Sports